Aeroporto de João Pessoa é o 8º mais deficitário da Infraero

Paraíba

O Jornal Valor Econômico teve acesso aos números preliminares do balanço do primeiro semestre deste ano da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que aponta um prejuízo  de R$ 276 milhões. Esse valor deve dificultar a intenção da empresa de abrir capital, pela dificuldade de sanear as suas contas.
De acordo com os números, no ranking dos 10 aeroportos superavitários, o de Congonhas (SP) lidera, com o lucro de R$ 137,3 milhões. Nesse grupo, estão três aeroportos do Nordeste entre os setes mais lucrativos. São os de Salvador (BA), que está em segundo com um lucro de R$ 59,6 milhões; Recife (PE), em sexto, com R$ 47,2 milhões; e Fortaleza (CE), em sétimo, com R$ 36,9 milhões.
O Aeroporto Presidente Castro Pinto, na Região Metropolitana de João pessoa, está entre os 10 deficitários, com um prejuízo de R$ 9,2 milhões, ocupando o oitavo pior resultado no período. O aeroporto de Corumbá (MS) teve um prejuízo de R$ 2,8 milhões – o menor valor entre os deficitários – e o da Pampulha (MG) que registrou o maior prejuízo, de R$ 15,2 milhões.
Trata-se de um déficit consideravelmente menor do que os R$ 574 milhões verificados no mesmo período de 2016, mas distante das cifras desejadas pelo governo para 2017. Em audiência pública no Senado, na terça-feira, o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, disse que a Infraero fechará o ano com lucro em torno de R$ 400 milhões. Um valor bastante próximo foi prometido pelo presidente da empresa, Antônio Claret, em entrevista concedida ao Valor em fevereiro.
Em nota, a Infraero argumentou que a previsão de lucro perto de R$ 400 milhões se referia ao resultado operacional recorrente. “Ao final do primeiro semestre, esse número já atingiu R$ 160,2 milhões positivos”, sustentou. A estatal destacou ainda a “melhora significativa” no prejuízo líquido, que diminuiu 51%.
O objetivo do governo era torná-la financeiramente independente já em 2018, bancando inclusive seus próprios investimentos em obras e melhorias, que hoje são feitas com aportes do Tesouro Nacional. A realidade das operações mostrou-se diferente: da rede de 59 aeroportos administrados pela Infraero no primeiro semestre, só 23 foram lucrativos.

A lista dos terminais rentáveis é encabeçada por Congonhas (SP), com superávit de R$ 137 milhões no período de janeiro a junho, o que reforça a condição de “joia da coroa” entre seus ativos.
O impacto da última leva de concessões à iniciativa privada, no entanto, deverá ser sentido nos próximos meses. Em segundo e em terceiro lugar na lista estão, respectivamente, os aeroportos de Salvador e Porto Alegre. Fortaleza e Florianópolis também estão entre os dez mais lucrativos. Todos eles tiveram seus contratos de concessão assinados há duas semanas. O período de transição para as novas operadoras dura de sete a dez meses. Depois, os terminais são retirados do balanço financeiro da estatal.
Sobrará para a Infraero uma dor de cabeça: o que fazer com 1.148 empregados que hoje batem ponto nos quatro aeroportos. Naqueles já concedidos, menos de 10% foram absorvidos pelas novas operadoras privadas.
Sem contar com esses quatro aeroportos, o déficit teria quase dobrado e chegado a R$ 454 milhões no primeiro semestre. As contas podem se agravar mais ainda com a concessão de outros terminais na mira do governo – como Santos Dumont (RJ), Recife, Vitória e Cuiabá – que também fazem parte da lista dos rentáveis.
Fábio Cardoso, com Valor Econômico

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