Quadrilhas juninas investem R$ 7 milhões

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As apresentações das quadrilhas juninas de Campina Grande se transformaram em espetáculos cenográficos. As juninas deixaram de lado o tradicional para investir em grandes shows e, claro, o custo subiu, e muito. Hoje, segundo Lima Filho, presidente da Associação das Quadrilhas Juninas de Campina Grande, o investimento das quadrilhas supera os R$ 7 milhões. As maiores gastam cerca de R$ 1,3 milhão, só na cidade.
São cerca de 150 quadrilhas espalhadas pela Paraíba e a média de investimento gira em torno de R$ 40 mil, cada. Lima Filho disse que as juninas gastam basicamente nos figurinos dos dançantes, que são produzidos por costureiras e sapateiros da cidade mesmo.
“São gastos na confecção de figurinos, tecidos, aviamento, pedraria, calçados masculinos e femininos – cerca de 60 pares no mínimo por quadrilha com 30 casais), adereços de cabeça para mulheres, chapéus para homens. As mulheres ainda investem em aplicação de cabelos, maquiagens quase que diariamente, meias calças. Eles ainda investem em transportes tanto para se deslocarem nos meses de ensaios quanto para viagens para a concursos”, apontou Lima.
Ainda de acordo com o quadrilheiro, são inclusos gastos na cenografia, na contratação dos cenógrafos, e mão de obra de músicos, cabelereiros, pintores, costureiras, sapateiros, coreógrafos, atores estilistas, roteiristas, produtores culturais. “Eles também gastam com locação de estúdio para gravação da parte teatral da quadrilha, que tem banda de música que contrata cerca de nove músicos, serralheiros, marceneiros para cenografia. É uma média de vinte prestadores de serviços por quadrilha”.
A costureira Edileuza de Almeida amplia o faturamento da empresa durante o período junino. Apesar de reclamar de que muitas quadrilhas juninas estão inadimplentes, só aceitou produzir os figurinos de apenas uma quadrilha estilizada, a Arraial da Felicidade. “Quase todas me devem e preferi não costurar mais para nenhuma delas”, afirmou.
Mas ela não parou a produção. “Tô fazendo vestidos juninos para vender e três costureiras me ajudam. São vestidos, camisas e outros artigos juninos. Também estou revendendo as roupas da época”, pontuou Edleusa. Os produtos custam a partir de R$ 60, mas as roupas dos dançantes custam R$ 500, o par. Ela estava costurando para 20 casais.
Quadrilha investe R$ 750 mil
O São João da Capital pode até não ter o mesmo brilho do da Rainha da Borborema, mas mantém forte tradição em relação às apresentações de quadrilhas juninas. Neste ano, de acordo com o presidente da Liga das Quadrilhas Juninas de João Pessoa, Edson Pessoa, o investimento total no festival de quadrilhas, que será realizado de 13 a 15 de junho, será de pelo menos R$ 750 mil. O valor inclui montagem da estrutura, segurança, equipes de som e incentivos aos grupos que vão participar do evento, que formam um total de 26 quadrilhas.
“Uma quadrilha do grupo A, que é o principal, gasta entre R$ 80 mil e R$ 90 mil para participar do festival. Além do gasto com as roupas, tem o transporte, sonorização, banda, lanches, entre outros. Muitas ensaiam por mais de cinco meses e contratam até oito costureiras. Um vestido simples pode custar na faixa de R$ 800, mas o de um destaque, a exemplo da noiva, pode ficar na faixa de R$ 2 mil a R$ 3 mil. A expectativa é sempre boa porque as quadrilhas se superam a cada ano”, afirmou Pessoa.
A Quadrilha Lageiro Seco é tida como a mais antiga do país, contabilizando 71 anos de história. Com 120 componentes, dos mais diversos bairros e cidades da Grande João Pessoa, os ensaios começam entre setembro e outubro do ano anterior. “Ensaiamos aos sábados e, depois do Carnaval, só respiramos a quadrilha. São ensaios aos sábados, domingos e feriados. Também temos a ‘xaropada’, que é quando o ensaio começa às 10h e vai até as 22h”, afirmou Luciano Dantas, presidente da quadrilha.
Neste ano, a estimativa da Lageiro Seco é de um gasto na faixa dos R$ 88 mil. O incentivo da prefeitura de João Pessoa, que será de R$ 17 mil, é acrescido de diversas táticas de arrecadação financeira. “A gente faz rifas, apresentações com outras quadrilhas, apresentações em restaurantes e hotéis e cada componente tem um ‘card’, no qual ele paga R$ 100 por mês somente para os assessórios. O tecido cada um compra o seu, mas fazemos parcerias com duas lojas do centro da cidade”, afirmou.
Segundo Dantas, um componente gasta em média R$ 1.050 só para se apresentar no dia do festival. “Resumindo, é um gasto muito grande. Então, as rifas também são para ajudar as pessoas que não têm muitas condições. Em apresentações no bairro do Róger, contamos com o bar para arrecadar um bom dinheiro”, explicou o quadrilheiro.
Pelo menos quatro costureiros trabalham nas peças da quadrilha. Dentre eles, está Renan Wesley, que, além de costurar, também desenvolveu o modelo que vai ser usado por todos os integrantes da Lageiro Seco. “Oficialmente, costuro para duas quadrilhas completas e ainda faço roupas para destaque. Antes do carnaval já fiz o protótipo das roupas e agora é pôr em prática e reproduzir”, disse.
Em média, segundo ele, “vou costurar 250 roupas até o São João, com a ajuda de duas pessoas, e fico até de madrugada para dar conta”.
Fábio Cardoso e Celina Modesto – Foto: Rafael Passos