Assentamento pode ganhar restaurante rural na Paraíba

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Há dois anos, a reportagem do Turismo em Foco conheceu uma família que reside no assentamento Tambaba, na Costa do Conde, litoral sul da Paraíba, liderada pela matriarca Luiza e Nevinha, uma das cinco irmãs, que deixaram o comércio de doces e frutas na beira da estrada para se instalarem em uma casa de taipa, onde começaram a vender a pequena produção de doces caseiros, cachaça artesanal e algumas peças de artesanato.
Orientadas pelo Sebrae da Paraíba, a família de dona Luiza e Nevinha cresceu, assim como o pequeno empreendimento. De uma simples casa de taipa, foram construídas outras cinco, com a venda de produtos diferenciados, como os tradicionais doces, cachaça, bolos, sucos, tudo utilizando os produtos da região.
Cada irmã ficou com um tipo de produto. Todas deixaram de trabalhar em pousadas e restaurantes da região para viver com o seu próprio sustento. Cada uma tem a sua renda – cerca de um salário mínimo -, mas Nevinha disse que existe ajuda mútua, quando falta dinheiro para uma conta de uma, todas fazem uma cota e ajudam.
Nevinha, com os olhos marejados, conta que na época em que vendia seus produtos na beira da estrada, levava com ela a filha ainda quase de colo. Hoje, não só a filha, mas todas as crianças estão envolvidas de alguma forma ao projeto de expansão dos negócios.
O sonho de todos agora é a construção de um restaurante rural. Segundo Nevinha,  os turistas  chegam no assentamento e não querem ir mais embora. “Eles querem ficar, almoçar, ficar em uma rede e não temos um lugar para servir almoço. Estamos conversando com o pessoal do Sebrae e sabemos que eles não vão deixar a gente desamparado, porque tem umas ideias para a gente, acredito muito no trabalho deles”.
Essa seria, como os estudiosos afirmam, a essência do turismo de vivência e de economia criativa.
Nevinha fez uma relação do sonho do restaurante rural com o já existe e de muito sucesso em Areia, o restaurante de Vó Maria. Segundo ela, se foi possível em Areia, por que não no assentamento? O sonho do empreendimento é assunto diário da família, e incentivado pelos bugueiros que diariamente levam turistas para o local, conforme disse o bugueiro Lúcio, um dos mais antigos na região.
O nome do restaurante ainda está indefinido, mas existe uma campanha explícita para que seja Vó Luiza, a matriarca que continua firme e forte no trabalho para a realização do sonho. Luiza não fica nem sem jeito quando perguntada sobre o tema, claro, pensando que seria uma justa homenagem para todo o esforço de criar as filhas e agora muitos netos.
Por dia, conta Nevinha, eles atendem cerca de 25o turistas de todos os cantos do país. São levados pelos bugueiros e empresas de receptivo, como a Luck João Pessoa, que fez do assentamento uma parada obrigatória a pedido dos turistas, já que muitos já tomaram conhecimento da existência do local por meio do boca a boca.
As meninas também não têm como aceitar encomenda para fora, porque a produção que vende no local é muito grande. “Já recebi muitas propostas para vender para pousadas, restaurantes, mas, por enquanto, ainda não temos condições para isso. Vendemos alguma coisinha para as pousadas mais próximas para serem consumidas como sobremesa”.
O sonho foi das mulheres, que levavam o nome de ‘besta’ e de ‘doidas’, mas que não desanimou. Os homens, segundo Nevinha, sempre ficaram nos bastidores, fazendo o trabalho mais pesado, mas sempre ajudaram muito. “Eles, todos, são muito tímidos e preferem não aparecer muito, mas nos ajudam bastante”.

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=AN9tfyKE9AI[/embedyt] Fábio Cardoso – Fotos: Beth Espínola