Obras para conter erosão na barreira do Cabo Branco começam em abril

Paraíba

PA Prefeitura de João Pessoa vai começar em abril as obras que prometem acabar com a erosão da barreira de Cabo Branco, um dos problemas mais cobrados pelos moradores da Capital. A falésia vem desmoronando em ritmo acelerado, ameaçando um dos principais pontos turísticos da cidade – a Ponta do Seixas, ponto mais Oriental das Américas. A construção de um cinturão de gabiões dentro do mar, o alargamento da faixa de areia e o plantio de vegetação na parede, juntos à conclusão do sistema de drenagem das chuvas, vão garantir a integridade da falésia por um longo período de anos, de acordo com a Secretaria de Planejamento.

O maquete final da obra foi liberado com exclusividade para o CORREIO, mostrando que a extensão do conjunto de gabiões vai da praia do Seixas até o Cabo Branco. “O primeiro projeto previa a construção de gabiões apenas na região da falésia. Mas ficou comprovado que não surtiria o efeito esperado. Em 2014 a Prefeitura contratou uma consultoria para revisar o projeto e nos foi mostrado que os gabiões teriam que ser em toda a área do entorno”, explicou a secretária de Planejamento, Daniella Bandeira.

A outra intervenção será o alargamento da faixa de areia, entre a falésia e a praia. “Os estudos no local mostraram que o mar está muito perto da barreira e, em alguns pontos, as ondas já escavaram a base da falésia, deixando o topo mais avançado que a parte de baixo. Chegamos a medir uma escavação de 7 metros de profundidade. Primeiro vamos preencher essas escavações. Depois vamos retirar areia, de uma faixa de 300 metros dentro do mar e depositar na praia. Junto com a contenção dos gabiões, essa intervenção fará o mar recuar e aumentar a faixa de areia”, acrescentou a secretária.

Feitas essas duas etapas, a obra será concluída com o plantio de vegetação na parede da falésia. Isso porque o impacto do mar não é a única força que causa erosão. A vegetação de raízes profundas vão absorver o impacto dos ventos e da chuva, além de segurar a terra, com a fixação das raízes.

A obra terá um costo total de R$ 65 milhões de reais, que já foram liberados e empenhados pelo Governo Federal. Agora, a prefeitura corre com os trâmites legais obrigatórios, para dar início à obra. O primeiro deles é a criação de um convênio com a União, que deve ficar pronto ainda este mês. Firmado o convênio, será aberto o processo licitatório que, por lei, tem uma duração mínima de 90 dias. Ao final da licitação, a empresa vencedora dará início aos trabalhos. “Se todos esses prazos transcorrerem dentro da normalidade, creio que em abril daremos início à obra”, afirmou Daniela Bandeira.

Drenagem

Uma das intervenções para proteger a barreira do Cabo Branco está em fase final de execução. A construção de um sistema de drenagem, iniciada em fevereiro deste ano, tem a finalidade de canalizar e direcionar as águas da chuva, que hoje descem de forma desordenada sobre a falésia e provoca a maior parte dos deslizamentos, segundo Daniella Bandeira. “A água da chuva abriu fendas na parede da falésia e essas aberturas aceleram o desprendimento de partes da barreira, já que as placas de terra são cortadas pela água”, explicou a secretária.

A construção do sistema de drenagem teve um custo de R$ 5 milhões e a obra foi dividida em cinco etapas, com avaliações de impacto ambiental a cada fase concluída. A água captada da chuva será lançada nas redes pluviais dos bairros de Cabo Branco e Seixas, conectando as novas tubulações com os sistemas de drenagem já existentes nessas localidades. “Essa era uma intervenção mais urgente e de menor valor. Por isso decidimos fazê-la com recursos próprios e não esperar o empenho das verbas da União”, disse Daniella.

Críticas ao projeto

A erosão da barreira de Cabo Branco já acontece há muitos anos e a demora do poder público para agir contra o problema motivou protestos de moradores do bairro e de pessoas que frequentam o local. Após a apresentação do projeto da obra que será realizada pela prefeitura, surgiram várias críticas à proposta, uma delas era que a instalação de gabiões iria cria um banco de sedimentos, que ficariam depositados na praia.

No entanto, segundo Daniela Bandeira, desde a primeira versão do projeto havia ficado claro que os gabiões não seriam instalados em blocos, com uma separação entre eles, pode onde os sedimentos trazidos pelo movimento da água poderiam retornar para o mar. “Nesse tempo em que estamos discutindo o projeto apareceu muita gente apresentando achismos. Nós abrimos o debate e nos colocamos a disposição dos especialistas, inclusive da Universidade Federal da Paraíba, para que, caso discordassem do projeto, nos apresentasse os motivos, com argumentação técnica. Sempre estivemos dispostos a fazer modificações no projeto, desde que as críticas viesses acompanhadas das justificativas técnicas, mas isso nunca apareceu. Por isso seguimos com o que temos comprovado de que dará o resultado necessário”, finalizou a secretária.

Ainoã Geminiano – Foto: Rafael Passos – Jornal Correio da Paraíba

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