UOL viaja pela Flybondi e revela como funciona uma companhia aérea ultra low cost

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O UOL embarcou no primeiro voo entre o Rio de Janeiro e a capital argentina operadora pela argentina Flybondi para descobrir como é, afinal, voar em uma companhia aérea ultra low cost. Outras companhias de baixo custo que já voam para o Brasil (Sky e Norwegian) são “apenas” low cost.

Em uma ultra low cost, há ainda mais restrições, como uma taxa para fazer o check-in presencial no aeroporto. As diferenças para as aéreas tradicionais vão desde o momento da compra da passagem até o desembarque em Buenos Aires. A Flybondi vende mais de 90% de suas passagens por meio do site próprio. Isso reduz custos ao eliminar o pagamento de comissões a intermediários, como agências de viagens. Assim, a empresa promete oferecer passagens entre 30% e 40% mais baratas que a concorrência.

No momento da compra do bilhete, o passageiro pode incluir diversos serviços extras, que variam da bagagem despachada até o café que será consumido a bordo. Segundo a empresa, é uma forma de o passageiro pagar por apenas aquilo que usa.

Cerca de 48 horas antes do voo, o passageiro recebe um email com o alerta para fazer o check-in online. Se ignorar o alerta e deixar para receber o cartão de embarque somente no balcão do aeroporto, precisa pagar uma taxa de cerca de R$ 20. Quanto mais pessoas fizerem o check-in online, menos funcionários a empresa precisa colocar no aeroporto, reduzindo os custos.

O UOL acompanhou o processo de check-in no aeroporto do Galeão por cerca de meia hora. A pequena fila que se formou era exclusivamente de passageiros com malas grandes para despachar. Apesar da novidade, não houve nenhum transtorno por conta da taxa para impressão do cartão de embarque.A cobrança de bagagem nem chega mais a ser uma diferença entre as companhias aéreas de baixo custo e as tradicionais, que também cobram pelo despacho de malas no porão do avião. No entanto, enquanto a maioria das empresas tem um valor fixo para malas de até 23 kg, a Flybondi adotou faixas de preço de acordo com o peso da bagagem. Para despachar uma mala de até 12 quilos, o valor é R$ 84,56 por trecho. Se a mala tiver até 20 quilos, o preço sobe para R$ 110,70. Se precisar de mais peso, o passageiro pode comprar mais cinco quilos por mais R$ 25,60.

A Flybondi conta atualmente com cinco aviões Boeing 737-800 que devem se alternar nos voos para o Brasil. A aeronave usada no voo inaugural para o Rio de Janeiro tem 13 anos de uso e pertencia anteriormente à companhia canadense Sunwing Airlines. Por dentro, no entanto, o avião da Flybondi lembra em muito as aeronaves da Ryanair, a maior empresa de baixo custo da Europa.

Em comum estão as poltronas azuis, as propagandas estampadas nos bagageiros e encostos de cabeça e o cartão de segurança colado na poltrona da frente. Itens para aumentar a receita e reduzir custos. A diferença é que as poltronas da Flybondi reclinam, enquanto as da Ryanair são fixas.

Para uma ultra low cost, era de se esperar que o espaço para o passageiro fosse ainda mais reduzido do que nas companhias aéreas tradicionais. No entanto, a Flybondi adota uma configuração interna bastante semelhante à da brasileira Gol. As duas empresas usam o mesmo modelo de avião. Na Gol, são 186 assentos, e na Flybondi, 189 poltronas. Ajudou para aumentar o conforto a bordo o fato de o voo inaugural estar com apenas 105 passageiros a bordo. Com um voo lotado, porém, os conflitos podem começar já no momento de guardar a bagagem de mão nos compartimentos internos. Caso todos os passageiros levassem uma bagagem de mão, não haveria espaço para todas as malas.

A Flybondi só oferece um copo de água grátis a bordo. O resto é tudo pago. Com o peso argentino desvalorizado, a boa notícia é que os preços dos produtos se tornam mais acessíveis. Uma garrafa de água custa R$ 5 (70 pesos). Macarrão ou arroz instantâneo acompanhado por um refrigerante sai por cerca de R$ 13 (180 pesos). Um café, mate ou chá acompanhado de um alfajor fica por cerca de R$ 8,50 (120 pesos). Uma lata de cerveja argentina custa R$ 7 (100 pesos) e um alfajor individual R$ 5 (70 pesos).

Durante as cerca de três horas de voo entre o Rio de Janeiro e Buenos Aires, não há nenhum entretenimento a bordo, como monitores de TV ou sistema de áudio. A única distração é uma revista de bordo da companhia aérea com 68 páginas e que traz na capa da edição atual uma reportagem de turismo sobre o Rio de Janeiro.

Todos os textos, no entanto, estão apenas em espanhol. Quem quiser alguma outra distração a bordo precisa gravar alguns vídeos e músicas no smartphone ou tablet e levar na mala de mão um carregador portátil para não correr o risco de ficar sem bateria durante a viagem. As poltronas do avião aparentam já ter alguns bons anos de uso e não contam com nenhum tipo de tomada.

Apesar de a cerimônia festiva do voo inaugural ter atrasado em cerca de 20 minutos a decolagem do voo no aeroporto do Galeão, o avião pousou no horário previsto em Buenos Aires. A chegada à capital argentina reserva outra novidade. É que a Flybondi opera em um aeroporto alternativo.

O El Palomar era uma antiga base aérea militar que passou a receber voos comerciais com a chegada das low cost ao país. Transformado em aeroporto comercial, o El Palomar tem uma estrutura acanhada. A área de imigração conta com apenas quatro guichês, o que deixa o processo um tanto demorado. Tudo nele é apertado, e não há opções de restaurantes na área do desembarque, apenas um food truck já no lado de fora do aeroporto.

A vantagem é que fica mais próximo do centro de Buenos que o aeroporto internacional de Ezeiza, onde operam as demais companhias aéreas que voam do Brasil para Buenos Aires. Quem quiser uma opção low cost para chegar ao centro pode pegar um trem urbano. A estação fica a poucos metros do aeroporto, mas o trajeto até o bairro de Retiro pode levar mais de uma hora. Custa cerca de 30 pesos (R$ 2).

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