Grupo de portadores de deficiência visual visitará João Pessoa e agência fará treinamento para atendimento

Destaque Paraíba

Um grupo de 100 turistas com algum problema de visão vai desembarcar em João Pessoa em novembro próximo. Todos estarão vindo de Goiânia (GO), trazidos pela agência de viagens Vilacessível. Nesta sexta-feira (25), a executiva Simone Freire estará em João Pessoa para ministrar um curso de atendimento para portadores de deficiência.

Pode parecer estranho para a maioria das pessoas saber que turistas cegos virão conhecer as belezas naturais do litoral paraibano. Mas, segundo o agente de viagem Audier Gomes, da Vilacessível, essa tem sido uma tendência no Brasil e os equipamentos como hotéis, restaurantes, aeroportos, entre outros locais visitados precisam se preparar urgentemente.

Segundo o censo de 2010 (IBGE) no Brasil, das mais de 6,5 milhões de pessoas com alguma deficiência visual: 528.624 são incapazes de enxergar (cegos); 6.056.654 possuem baixa visão ou visão subnormal (grande e permanente dificuldade de enxergar).

Por região, o Sudeste é o que conta com maior número de portadores de deficiência visual, com 2.508.587 pessoas. Em seguida vem o Nordeste, com 2.192.455; o Sul, com 866.086; o Norte, com 574.823; e o Centro-Oeste, com 443.357.

Audier Gomes disse que, no ano passado, a agência levou um outro grupo para Natal (RN) e que, ao retornar para Goiânia, decidiram formatar o roteiro para João Pessoa este ano. “Estive na cidade para conhecer e conversar com as pessoas sobre a melhor forma de atender esse público”, revelou o agente de viagem.

O roteiro na Paraíba vai incluir visitas às praias da Costa do Conde, inclusive, a de Tambaba, na área de naturismo; as piscinas naturais do Seixas; passeio de catamarã; contemplação do pôr do Sol na praia do Jacaré, entre outros. “Quando formos à Tambaba, ficará a critério de cada um querer entrar ou não na área de naturismo”, brinca o agente de viagem.

O grupo também participará de jantar dançante, fará visita ao Mercado de Artesanato e ainda visitará um restaurante típico, que oferecerá um cardápio regional e ser com os pés na areia.

Professor Gilson Batista é cego de nascença, mas já viajou para várias partes do Brasil e reclama uma série de dificuldades encontradas, entre acessibilidade e atendimento.

E como uma pessoa cega pode conhecer esses pontos? Segundo o professor paraibano Gilson Batista, cego de nascença, o conhecimento vem por meio de áudio-descrição. “Uma pessoa vai narrando a paisagem e sentimos a brisa, o calor, o ambiente…” explicou.

O professor já visitou várias cidades, entre elas São Paulo e Rio de Janeiro. Ele disse que encontrou dificuldades, pois a falta de preparo das pessoas para atender os deficientes visuais é muito grande. “Poucas cidades estão preparadas para receber uma pessoa cega. João Pessoa certamente é uma delas. Não existe ainda essa preocupação”.

A acessibilidade é o maior desafio para os portadores de deficiência visual porque, além de falta estrutura aos locais públicos, a iniciativa privada parece não ter interesse de investir em equipamentos que poderia facilitar o acesso dessas pessoas, por exemplo, em shoppings, lojas, supermercados. Até mesmo em alguns aeroportos é gritante a falta de sinalização para deficientes.

Fábio Cardoso