Turismo cultural e desenvolvimento local em pauta

Regina Amorim

As atividades turísticas relacionadas ao patrimônio histórico e cultural, atividades nas áreas de teatro, dança, música regional, literatura, artesanato e os eventos culturais, estão inseridos na modalidade de turismo cultural.
Também estamos falando do turismo religioso, étnico e gastronômico que são recortes do turismo cultural e podem constituir outros segmentos para fins específicos.
Segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), o segmento cultural corresponde a cerca de 40% do total do turismo internacional.
Fiquei a pensar… quantos lugares ainda são pouco conhecidos, mas culturalmente interessantes no Brasil, no Nordeste e na Paraíba?
E aqui trago como exemplo o município de Taperoá, a terra do dramaturgo e escritor Ariano Suassuna, pequena cidade que já serviu de cenários para filmes e minisséries, terra do repentista “Canhotinho” que tocava a viola com a mão esquerda, dos cantores Fuba de Taperoá e Vital Farias, dos instrumentistas José de Abdias, o “Rei dos Oito Baixos” e Zito Borborema, e Balduíno Lélis, que dedica a sua vida a cultura, arqueologia e a preservação da memória dos paraibanos, na implantação de mais de 12 museus.
Ainda como personalidade de Taperoá, destaco Manelito Dantas Vilar, exemplo de empreendedor de sucesso, e referência de agropecuária inovadora e criativa, no semiárido paraibano, que preserva a cultura e o meio ambiente.
Com população estimada de 15 mil habitantes (IBGE 2016), Taperoá está situada a 533 metros de altitude, na microrregião do Cariri Ocidental.
O turismo cultural e o desenvolvimento local como uma nova abordagem para o município de Taperoá será tema da minha palestra naquela cidade.
Atrativos culturais que ganharam destaque no mundo também nasceram na cidade de Taperoá, a saber: Cambindas de Taperoá, manifestação da cultura popular africana que surgiu de uma comunidade quilombola local, sendo o grupo mais antigo na Paraíba.
Também o grupo cultural “Os Cariris” cujas danças: o camaleão, o xote, a araruna e o galope, fazem parte da memória cultural de Taperoá, assim como o teatro, a música e o artesanato.
Taperoá tem a Escola de Música Lira da Borborema, reaberta em 2013. A Banda Filarmônica Municipal Maestro João Ferreira de Souza, traz grandes revelações, nas aulas de capacitação para os músicos.
Em Taperoá também encontramos o Grupo de Capoeira da Associação Capoeira Raça Nova. O Grupo iniciou suas atividades em Taperoá no ano de 1995, pelo Mestre Balu e o Mestre Pessoa.
De 1998 até os dias atuais, Mestre Edwin coordena o Grupo de Capoeira, dando continuidade com danças africanas, novos instrumentos, roupas específicas para as apresentações e intercâmbio com outros Grupos de Capoeira de outras cidades.
Em 2015 Taperoá sediou o Festival Internacional de Folclore do Cariri, promovido pelo Comitê Internacional de Organização de Festivais Folclóricos e Artes Tradicionais (CIOFF), e realizado pelo Pontão de Cultura Cariri Território Cultural, Universidade Leiga do Trabalho e Parceiros.
O turismo cultural criativo será uma oportunidade das empresas locais inovarem, agregando valor aos produtos e serviços, utilizando a cultura como seu diferencial competitivo. Outra forma de agregar valor ao produto turístico, será através da produção associada ao turismo, que compreende a produção artesanal, agroindústria ou agropecuária que detém atributos naturais e/ou culturais de uma determinada localidade ou região.
As experiências no turismo cultural, cada vez mais buscada por turistas no mundo, estão entre as perspectivas para as micro e pequenas empresas.
É importante atualizar-se quanto ao novo perfil de turista, cada vez mais ativo e criativo, autônomo e bem informado, que deseja se sentir um protagonista do destino visitado, portanto, o turista que busca seus desejos, seus gostos, suas opiniões e até elabora seu próprio roteiro turístico.
Na palestra sobre “turismo cultural e desenvolvimento local” também debateremos sobre o fortalecimento das redes locais e do capital social, a capacidade de inovação, a nova forma de gestão pública, o fortalecimento da governança. Sem a participação e o comprometimento do poder público e dos principais atores locais não é possível protagonizar mudanças.
Os empreendedores precisam se apropriar da cultura do lugar, da criatividade e da inovação para melhor atender à demanda de mercado, nos dias atuais. É preciso mobilizar as pessoas e os empreendedores locais, para se tornarem agentes de seu próprio desenvolvimento.
Muitos municípios paraibanos, a exemplo de Taperoá, podem buscar novos caminhos com o turismo cultural e o desenvolvimento local. Quanto maior a integração entre turismo e cultura maior a capacidade de inovar e valorizar a imagem do seu destino turístico.
Regina Medeiros Amorim
Mestre em Visão Territorial e Sustentável do Desenvolvimento,
Pós graduada em Gestão e Marketing do Turismo,
Gestora de Turismo do SEBRAE – Paraíba.
 

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