Quem já se hospedou no Hotel Serhs Natal, na Via Costeira, certamente conhece o barman Dalmir Brito. Ele é o Rei da Cocada na SportBar do hotel cinco estrelas do Grupo catalão e considerado um dos melhores profissionais do ramo do Brasil. E, quem não conhece, não sabe as histórias de superação e a batalha do dia a dia para sobreviver desde cedo.
A história de Dalmir começou ainda quando era uma criança em busca de ajudar a família, muito pobre. Como revelou nas redes sociais, na capital potiguar, saia vendendo sacos de farinha, depois picolé na rodoviária, quando parou alguns minutos para descansar e ouviu um anúncio de um curso de garçom mirim numa emissora de rádio promovido pelo Governo do Estado, por meio da Febem.
Não pensou duas vezes e juntou o útil ao agradável. Após o término do curso, Dalmir arrumou o primeiro emprego no Hotel Vila do Mar. Foi um tremendo sucesso e foi parar no Serhs, um dos mais importantes empreendimentos hoteleiros do Brasil. O novo desafio foi tirado de letra, com muita perseverança e competência.
Não começou na rede como barman, teve que ralar um pouco para sentar no trono e ser o dono do pedaço do SportBar. Com a oportunidade, Dalmir começou a desenvolver o que diz fazer de melhor: se relacionar com as pessoas.
Conversa ele tem um bocado e, entre uma cerveja e outra, tem contado muitas histórias para os clientes do hotel, que ficam encantados com todas elas.
Uma dessas histórias se transformou em um case de sucesso, digamos assim. Dalmir, que vendia picolé na rodoviária, que fez um curso de garçom na Febem, foi considerado um dos melhores profissionais do Brasil com um gesto que poderia ser encarado como normal, factual, cotidiano.
Em um dia como qualquer outro, um casal de holandeses chega no SportBar e pergunta se havia leite desnatado, pois o cliente tinha alergia a qualquer outro produto que não fosse desnatado. Dalmir ouviu o parceiro do bar informar que não existia e o casal foi embora.
No dia seguinte, o mesmo casal retornou ao SportBar e perguntou para o Dalmir sobre o leite. De imediato, ele disse que ali não tinha, mas que poderia ir buscar na cozinha, ou mesmo saber se tinha. Achou um pacote e entregou para o casal. Então, todos os dias – o casal iria ficar hospedado por 15 dias – os dois corriam para Dalmir, que já os esperava com um pacote do leite.
Dez dias depois, o casal chamou Dalmir no quarto deles, dizendo que tinha um presente para lhe dar. Ele subiu, apertou a campanhia e o senhor já estava com um envelope nas mãos e entregou ao barman. Ao descer, se tremendo todo, ele abriu o envelope e encontrou 600 euros. Não acreditava e pulava de felicidade.
Mas a gentileza do casal não parou por aí. Passaram-se mais três dias, o casal desceu do apartamento, chamou Dalmir e pediu que ele os acompanhassem. Pegaram um táxis e seguiram até uma concessionária de motos e presentearam o barman com uma delas, zerinha zerinha.
Dalmir conta essa história como um significado importante e um diferencial fundamental para as pessoas que trabalham com o público. Gentileza, atenção, boa educação não são apenas atitudes obrigatórias de funcionários de um hotel para com os hóspedes. São mais do que isso, é gostar do que faz, é querer ser agradável por ser de sua índole. Para o barmem, essa situação como outras tantas são naturais, sempre.
O barman, como gosta de dizer, trabalha nessa atividade por vocação, claro, descoberta pela necessidade de sobreviver e ajudar a família. “Gosto de trabalhar com atendimento. É uma coisa dentro de mim mesmo, fazer com amor e com carinho, tenho carisma. Trabalhar com pessoas não é fácil. Isso não tem preço, tem que gostar de verdade. Não esquecer de uma coisa: o carisma”, aponta ele.
Para Dalmir, não existe o cliente chato ou exigente. Ele revela que são justamente esses que ele prefere tratar, dar show, como disse bem compenetrado. “Os clientes chatos são os que são bons de você trabalhar, são aqueles que eu boto pra quebrar, dou show”, receita.
“Você vê uma coisa: o hóspede chega em Natal, o avião atrasa, o café da manhã não está pronto, chega no Sport Bar, eu dou aquele show. Está entendendo. Acho que esse é o meu diferencial”, disse sem modéstia.
Dalmir diz com orgulho que já teve contatos com muita gente famosa. Zezé do Camargo, Felipe Massa, Amauri Junior, muita gente conhecida.”Rogério Ceni, Romário, você e a Beth…”, brinca o humorado barman.
Apesar do sucesso, de trabalhar em uma rede hoteleira tão grande e reconhecida, Dalmir sonha em voar ainda mais alto. Ele já está preparando a saída do hotel, daqui há dois anos, quando irá investir em um negócio próprio. Pretende investir em um Food Truck, comercializando pizzas e pasteis. Claro que serão as melhores pizzas e pasteis de Natal. Ele se deu um prazo de dois anos para dar um pontapé inicial no projeto.
