Sonho americano pode se tornar um grande pesadelo

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O sonho americano está cada dia mais distante dos brasileiros. Essa é a opinião do empresário paraibano Beto Brunet, ex-secretário de Turismo de João Pessoa, e que decidiu arrumar as malas e viver nos Estados Unidos há cerca de dois anos com esposa e dois filhos. Segundo ele, somente no Sul da Flórida, próximo à Miami, há informações de que residem em torno de 290 mil brasileiros, dos quais apenas 50 mil estariam legalizados.
“A emigração tem feito monitoramento e deportado muitas pessoas. Muita gente mesmo”, alerta Brunet para quem está pensando ou já se organizando para buscar residência nas Terras do Tio San.
Segundo Brunet, as pessoas não devem se desfazer de todos os seus bens, deixar toda a sua vida no Brasil, porque elas podem ser surpreender. “A vida aqui não é fácil, tem que ter calma”, aconselha.
O empresário conseguiu o Gree Card, que lhe concede, e à família, o direito de permanecer lá legalizado, sem ter o risco de ser perseguido ou deportado.
Há outra forma de ingressar nos Estados Unidos, com um visto de investidor, mas, segundo o empresário paraibano, o custo é elevado e arriscado. Em média, as pessoas precisam dispor de U$ 550 mil em uma plataforma que aponta diversos setores onde se pode investir. O acesso ao Gree Card, nesse caso, demora alguns meses, e o investidor tem devolvido apenas U$ 50 mil do investimento e não o total, como muitos acreditam.
Brunet alerta ainda, que as políticas públicas nos Estados Unidos estão dificultando ainda mais o visto de permanência. “Alguns vistos de estudantes, a partir de agosto, irão ter alterações. Qualquer pessoa que estiver com visto e trabalhando terá ordem de prisão federal e deportação, que não é imediata. O processo demora em alguns casos meses e as pessoas ficam detidas em presídios federais”.
Trâmite. Para residir nos Estados Unidos, Beto Brunet teve de ‘investir’ cerca de R$ 150 mil com a documentação e todo o trâmite que incluiu, inclusive, custas com um advogado contratado em Orlando.

Custo de vida está muito elevado

Outro paraibano que está nos Estados Unidos com a família é Breno Mesquita. Ele a esposa e dois filhos residem em Boston, Massachussets, e decidiram seguir para o exterior para capacitação e aperfeiçoamento na língua inglesa em 2016. Em processo de finalização dos estudos, a família retorna à Paraíba em junho, já que o custo de vida nos Estados Unidos está muito elevado.
Mesquita disse que somente de aluguel, seguro do carro e alimentação, incluindo ainda gasolina, luz, água e lazer, a família tem um gasto mensal de U$ 5 mil. Com a elevação do dólar pesou no orçamento. “Vivemos com o dinheiro que vem do Brasil, em real, e, como a moeda aqui está muito cara, optamos por retornar ao Brasil para darmos sequência às nossas carreiras”, disse. O empresário é um dos diretores do Festival do Turismo de João Pessoa, enquanto a esposa atua na área de Arquitetura.
Assim como todo estrangeiro nos Estados Unidos, Mesquita disse que é muito difícil a vida por uma série de motivos.
Para quem pretende investir em solo norte-americano, o empresário aconselha que leve reserva financeira para os primeiros meses. “É bom que saibam que o primeiro ano vai ser da adaptação e não será fácil. Venha disposto a cortar hábitos e certos costumes.
”Mas nem tudo é ruim. Na opinião de Mesquita, “as vantagens de morar aqui podemos resumir em estudo de qualidade e gratuito, segurança urbana, viver realmente em um país onde os impostos pagos são utilizados em favor da população”, afirma.
Porém, o empresário faz uma ressalva: a relação com americanos.
Segundo o empresário, ela é muito amistosa, “porém tem que seguir as regras e absorver a cultura americana de viver. Muitos brasileiros querem ter e viver os mesmos hábitos do Brasil. Aqui e não funciona”.

Viver na sombra é muito ruim e arriscado

Petrus Regadas é outro paraibano que decidiu buscar o sonho americano há quatro meses. Trabalhando com Lytf e Uber nos Estados Unidos, Petrus afirma que a vida para os estrangeiros não é nada fácil, principalmente, para os hispânicos. “Morar aqui é ma coisa maravilhosa. Lei, polícia, funciona que é uma beleza”, afirma, mas para os americanos e os estrangeiros legalizados.
O paraibano está investindo a longo prazo e de forma calculada. Os brasileiros que encontra sempre têm alguma historia de sufoco e sacrifício. E olha que não são poucos. Petrus disse que os estrangeiros ilegais têm oferta de trabalho, mas sempre com sub-empregos, como na construção civil, jardinagem, demolição. Melhorzinho são as vagas na hotelaria, mas sempre muito exigente em todos os aspectos, em especial, o inglês fluente.

O sonho do paraibano é conquistar o Gree Card, que é o passaporte de permanência legalizada a sonho de 20 entre milhares de estrangeiros. Não é um sonho fácil de conquistar, mas, enquanto tem esperança, Petrus continuar no cotidiano de seu trabalho.
Petrus aconselha às pessoas que pretendem morar nos Estados Unidos que façam um planejamento muito grande, tanto financeiro, social, como psicológico. “Aqui não é fácil, e ouço muitos falarem que há 20 anos atrás era mais fácil. Hoje não mais. Realmente era. Tenho amigos aqui a muito tempo e me certifico disso”.
O paraibano disse que muitas pessoas estão indo para os Estados Unidos com uma boa quantia em dinheiro, a partir de U$ 30 mil. Compra dois carros confortáveis, mas terminam se endividando, porque lá “o financiamento de carro é pra matar que não é americano”.