Cruzeiros caem no gosto dos brasileiros, mas infraestrutura ainda é deficiente

Cotidiano Destaque
O setor de cruzeiros marítimos apresenta um mar de oportunidades para o Brasil, mas continua ainda muito distante do ideal e dos portos do Nordeste. Durante o II Fórum CLIA Brasil 2018, o Estudo de Perfil e Impactos Econômicos de Cruzeiros Marítimos no Brasil, realizado em parceria entre a CLIA Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em Brasília, foi divulgado um estudo revelando que a atividade gerou um impacto de R$ 1,792 bilhão na economia brasileira entre novembro de 2017 e abril deste ano
Esse volume de recursos engloba uma série de gastos diretos e indiretos das companhias marítimas e representou um crescimento de 11,5% comparado ao período de 2016/2017.

De acordo com o presidente da CLIA Brasil, Marcus Ferraz, em entrevista exclusiva para o TURISMO EM FOCO, esse número poderia ser ainda maior, se não houvem tantos entraves como o alto custo operacional, elevada carga tributária, a regulamentação e a infraestrutura portuária precária.

Esse último quesito atinge diretamente os portos do Nordeste, a maioria praticamente inoperáveis. Para Marcus Ferraz, já houve algum avanço em alguns portos, como o de Salvador, que foi privatizado, além do Porto de Recife, que passa por um processo de readequação para voltar a atender um número maior de transatlânticos vindos da Europa.

Os outros, incluindo o Porto de Cabedelo, na Paraíba, atualmente, ou tem infraestrutura precária, ou simplesmente não têm condições de receber os navios. A logística para a recepção dos cruzeiristas não é um problema proibitivo, mas não há nem o básico, como um calado que possa receber os navios, a cada ano maiores e mais imponentes.

Marcus Ferraz ressalta que Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) deve lançar processo de privatização dos portos do Recife, Natal e Fortaleza, terminais feitos para a Copa. “Por um lado seria positivo, por outro, nem tanto, pois as Docas acabam negociando com tarifas menores. Se privatiza, os valores tendem a crescer, pois a lógica do setor privativo é lucratividade”, apontou o executivo. “Em Salvador, onde o portal foi privatizado e as taxas aumentaram.”

De acordo com o presidente da CLIA Brasil, os brasileiros caíram no gosto pelos cruzeiros e, a cada temporada, aumenta o número de passageiros comprando roteiros. Os navios estão maiores e, consequentemente, oferecendo um maior número de cabines, passando de 800 mil turistas por temporada. “O brasileiro gosta de cruzeiros e o custo benefício é excelente e houve uma mudança de perspectiva, diferente do que se falava no passado. Há faixa de todas as gerações, com entretenimento para todos os gostos”, aponta o executivo.

De acordo com Marcus Ferraz, em relação aos preços praticados pelas armadoras no Brasil, tem ouvido nas feiras de turismo que o cruzeiro “é a democratização do luxo, com melhor serviço, melhor experiência de viagem, e, por isso, cresce a cada nova temporada”.
“Sem dúvida, é a indústria que mais investe no mundo”.
Fábio Cardoso

Os Cruzeiros no Mundo

No mundo, o setor de cruzeiros continua crescendo ano a ano. Esse acréscimo é impulsionado, principalmente, pelo aumento da quantidade e diversificação de Cruzeiros. Até 2026, 100 navios entrarão em operação, trazendo mais 250 mil leitos (CLIA Global).

Segundo a Associação Internacional de Cruzeiros (CLIA), em 2017, o número total de cruzeiristas foi de 26,7 milhões. A procura por cruzeiros aumentou 21% de 2011 a 2016.

Destinos

A maior parte dos pesquisados (mais precisamente 86,2%) deseja realizar uma nova viagem de cruzeiro, e quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 58,1% deles informaram o Litoral Nordeste e, em seguida, aparece a Costa Sul, com 16% da procura.  No exterior, 37,7% dos cruzeiristas indicaram o Caribe como preferência de viagem, seguido da Europa, com 36,4%.

Perfil do viajante

O segmento de cruzeiros é bem específico no que diz respeito aos hábitos de viagens dos cruzeiristas. Os resultados da pesquisa destacam que a indicação de amigos e parentes (28,8%) e os preços baixos (12,1%) foram os principais fatores de influência na decisão de fazer uma viagem de cruzeiro.

Quanto à frequência, 51,7% dos cruzeiristas realizavam sua primeira viagem de navio, enquanto que 48,3% já haviam viajado de cruzeiro (três vezes, em média).

No que diz respeito à origem dos turistas pesquisados, 90,9% residem no Brasil, sendo a maioria dos entrevistados procedentes do Estado de São Paulo (54,9%), seguido do Estado do Rio de Janeiro (16%) e do Estado de Minas Gerais (6,3%). Dentre os estrangeiros (9,1%), destaca-se a Argentina, com 55% dos pesquisados.

86,2% dos pesquisados disse que deseja realizar uma nova viagem de cruzeiro, e quando perguntados sobre o destino de preferência no Brasil, 58,1% deles informaram o Litoral Nordeste, e 37,7% dos cruzeiristas indicaram o Caribe como preferência de viagem no exterior.

Agência Guanabara