O Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC) lançou hoje, em São Paulo, o Manifesto da Cachaça, que fala sobre as oportunidades não exploradas para o desenvolvimento do setor e apresenta uma série de iniciativas visando a valorização do destilado nacional. Apesar da longa trajetória da Cachaça, que nasceu há cerca de 500 anos, junto com o Brasil, esse símbolo nacional ainda tem desafios a vencer.
Buscando fomentar o crescimento do mercado, o documento aborda a importância da ampliação dos esforços de promoção e proteção internacional da Cachaça como produto exclusivo e genuinamente brasileiro; a reavaliação da carga tributária da Cachaça, que atualmente é o produto mais taxado do Brasil, com uma carga tributária de mais de 80%, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT); e, ainda, o combate à clandestinidade e à informalidade do setor que, em número de produtores, é superior a 85%, de acordo com o IBRAC.
“Se a categoria tiver melhores condições de mercado, o segmento da Cachaça poderá continuar a contribuir de forma sustentável para a arrecadação e impulsionar ainda mais empregos no país”, diz Carlos Lima, diretor executivo do Instituto Brasileiro da Cachaça.
O setor conta com cerca de 4 mil marcas, pertencentes a cerca de 1,5 mil produtores registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e gera mais de 600 mil empregos, direta e indiretamente. Considerando a atual capacidade instalada de produção – 1,2 bilhão de litros – e o tamanho do mercado externo de bebidas destiladas, os atuais números de exportação são baixos, somente 1% da produção segue para outros países. A Tequila, por exemplo, tem 70% de seu volume de produção comercializado para mais de 190 países, gerando ao México uma receita anual superior a 1 bilhão de dólares.
Segundo Cristiano Lamego do Sindicato das Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral do Estado de Minas Gerais (SINDBEBIDAS/MG), atualmente, a grande questão são os “altos impostos, já que a Cachaça não recebe estímulos à altura de uma bebida reconhecida como um patrimônio do Brasil. Nosso símbolo maior de brasilidade, a Cachaça, tem que ser valorizada e promovida no exterior e para isso precisamos de uma revisão nos impostos federais que incidem sobre o produto e também da revisão do sistema de cobrança por substituição tributária nos estados brasileiros”, complementa Cristiano.
Para a presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cachaça, do MAPA, o primeiro passo para trabalhar a defesa da Cachaça é ter dados acurados sobre o setor. “A Câmara está à disposição para que possamos trabalhar em uma iniciativa público-privada para atualizar a base de dados do Ministério da Agricultura. Nós queremos que a Cachaça seja o nosso símbolo nacional, precisamos tratar dessas questões que são entraves para o desenvolvimento da categoria”.
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