Chineses querem construir ponte, reativar linha férrea e terminal pesqueiro no Porto de Cabedelo

Paraíba Sem categoria

Seis anos depois do anúncio da construção do estaleiro de reparos de navios na cidade de Lucena, Litoral Norte da Paraíba, finalmente, o projeto deve sair do papel no início de 2020. As últimas etapas antes da execução da obra preveem uma série de reuniões entre o Governo do Estado e os representantes da empresa chinesa IMC-YY, que assinou, há dois meses, o contrato de operação do estaleiro com a empresa norte-americana McQuilling. A crise político-econômica brasileira, que se arrastou até as eleições presidenciais de 2018, vinha deixando os investidores reticentes, motivando o adiamento desses encontros.

Os empresários chineses sinalizaram que querem investir em outros empreendimentos na Paraíba. O presidente da IMC-YY, Chen Yong, que esteve pela primeira vez na Paraíba no ano passado, já está com agenda prevista para voltar ao Estado no início de abril. Na oportunidade, estará também o diretor comercial da McQuilling, David Saginaw, quando o Governo do Estado vai apresentar uma cartilha de oportunidades, com projetos já elaborados que podem ser desenvolvidos por meio de parcerias público-privadas.

Estão na lista: um terminal de passageiros em Cabedelo, uma ponte para interligar as cidades de Cabedelo e Lucena, um terminal de múltiplos usos, a reativação do terminal pesqueiro (atualmente inativo para pesca industrial) e da malha ferroviária Cabedelo-Cajazeiras e dois polos industriais, sendo um em Lucena e outro em Cabedelo.

O consultor internacional Roberto Braga, que representa a McQuilling na Paraíba – principal investidora do estaleiro em Lucena -, explicou que essa disposição dos chineses para investir está associada à iniciativa “One Belt One Road”. O conceito – Um Cinturão Uma Estrada diz respeito a um plano estratégico de desenvolvimento do governo chinês, que prevê a criação de um corredor econômico visando o comércio global. Para isso, os empresários contam com apoio do Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura.

“Os chineses têm a visão de que um investimento sozinho não é vantajoso. Ele precisa estar associado a outros que contribuam com o desenvolvimento de uma região”, destacou Braga. Após esse primeiro encontro, uma comitiva paraibana liderada pelo governador João Azevedo vai à China, para conhecer as instalações do estaleiro operado pela IMC-YY, localizado na província de Zhoushan.

Em uma terceira rodada de visitas, os empresários devem voltar à Paraíba acompanhados por outros investidores da China dispostos a assumir o investimento do estaleiro, avaliado em R$ 3 bilhões. O empreendimento já conta com financiamento de R$ 1,2 bilhão, apoiados pelo Fundo de Marinha Mercante, e R$ 800 milhões pelo Banco do Nordeste.

“Mas para que todo esse ritual de negociações ocorra dentro do previsto, é necessário um cenário político-econômico nacional favorável”, destacou Braga.

Área onde será construído o estaleiro de reparos de navios, em Lucena

Certificação internacional

Os navios de médio e grande portes passam por manutenção, em média, a cada três anos. Para continuar operando dentro da legalidade, as embarcações são levadas para um estaleiro com certificação internacional, para serem vistoriados e receberem o seguro marítimo. Equipamentos dessa natureza ficam localizados, principalmente, nos países asiáticos. E essa rota é onerosa para empresas com operações no Ocidente.

O custo médio apenas para deslocar a embarcação para manutenção é de U$$ 500 mil (mais de R$ 1,8 milhão). O estaleiro que será construído em Lucena será o primeiro do Atlântico Sul com capacidade para atender navios de médio e grande portes e realizar manutenção de leme e eixo, serviços estes realizados por poucos estaleiros.

“A McQuilling, que atua no mercado internacional como contratante de frete marítimo, quer dispor de um estaleiro no Atlântico Sul para fazer o reparo dos navios de seus clientes”, explicou o consultor Roberto Braga, sobre o interesse da empresa norte-americana em trazer o empreendimento para o Brasil.

“Estamos na fase de elaboração dessa cartilha. Ainda vamos receber sugestões de outras áreas, como turismo e comércio. Quando finalizado, esse material também vai servir para apresentar a Paraíba em eventos internacionais e outras reuniões com investidores”, explicou a presidente da Companhia Docas da Paraíba, Gilmara Temóteo.

Geração de Emprego

A estimativa da McQuilling é de que a construção do estaleiro demande a contração de três mil trabalhadores. Quando tive em plena operação, vai requer outros 1.500 funcionários. Além da geração de emprego, um empreendimento dessa natureza exige a instalação de outras 16 atividades, pois boa parte das operações de um estaleiro é realizada por terceirização.

“São atividades como a limpeza do casco do navio, o reboque de embarcações… Além das atividades fins, também há a necessidade de contração de outros profissionais, como médicos, enfermeiros, instalação de centros de educação. Ou seja, esse equipamento vai mudar completamente a realidade da cidade de Lucena e região”, explicou Braga.

Ellyka Gomes – Foto: Divulgação / Nalva Figueiredo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *