Mulheres buscam investir no próprio negócio

Cotidiano

As mulheres que buscam investir no próprio negócio, adquirindo franquias, dão preferência aos segmentos de alimentação, beleza, cosméticos, roupas e calçados, conforme relatório “Mulheres Interessadas no Franchising”. Desenvolvido pelo Guia Franquias de Sucesso, o levantamento usou como base 789 cadastros de interessados em franquias no período de 1 de novembro de 2018 a 31 de janeiro de 2019.

Segundo o estudo, os segmentos que mais se destacam entre as mulheres interessadas em franquias são “Alimentação” (57,4%), “Beleza e saúde” (49,7%), “Serviços” (36,5%), “Cosméticos e perfumes” (34,2%) e “Roupas e calçados” (31,7%).

Já entre os homens, embora “Alimentação” (56,7%), “Serviços” (45,1%) e “Beleza e saúde” (33,2%) sejam segmentos em comum, no topo da lista de interesses aparecem também os setores e “Eletrônicos e tecnologia (35,5%) e “Negócios e finanças” (30,5%).

Para Bianca Oglouyan, consultora da TEAR Franchising, a preferência das mulheres pelos mercados de beleza e moda está relacionada à busca por investir em um segmento com o qual se identifiquem.
“Acredito que mulheres tenham mais afinidades com estes segmentos e performam bem porque são mais atentas aos detalhes, se preocupam com o atendimento, com a qualidade da equipe, treinamento. São mulheres que querem empreender com segurança, tendo mais liberdade do que em um emprego formal e buscam uma marca com a qual se identificam como consumidoras”, afirma Bianca.

A consultora da GSPP, Mércia Machado Vergili, também vê o interesse nesses segmentos como um desdobramento do perfil empreendedor das mulheres. “No geral, as mulheres têm o perfil mais mãos na massa, enquanto que os homens parecem ser mais investidores. Já que elas procuram estar à frente da operação, buscam negócios prazerosos e que possam desempenhar, e não delegar a terceiros”, reflete Mércia.

Disponibilidade de investimento é menor entre as mulheres

De acordo com os dados compilados, o número de mulheres interessadas em investir em franquias ainda é menor do que o de homens: são 56% de homens contra 44% de mulheres. A disponibilidade de capital para investir também se diferencia entre os dois públicos. Entre as mulheres, o percentual que busca franquias de até 10 mil reais é maior do que entre os homens. São 57,4% das mulheres e 50,3% dos homens com capital nessa faixa.

Já entre aqueles que declaram interessados em uma faixa de investimento acima de 200 mil reais, o percentual de mulheres é quase cinco vezes menor que o de homens – 0,57% das mulheres para 2,5% dos homens.

“Infelizmente ainda existe uma disparidade muito grande entre a renda de mulheres e homens no Brasil. A renda das mulheres brasileiras é 42,7% menor que a dos homens, segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Portanto, a capacidade de investimento tende a ser menor e elas tendem a ser mais conservadoras na decisão, principalmente dentro dessa faixa de investimento de até 10 mil reais, em que cada real faz a diferença”, comenta a diretora editorial do Guia Franquias de Sucesso, Daniela Moreira.

O CEO do Grupo ATNZO, Lucas Atanazio Vetorasso, considera que essa disponibilidade de investimento também tem relação com um perfil mais cuidadoso na hora de empreender. “As mulheres são muito mais cuidadosas em seus investimentos. Vejo muitas grandes empreendedoras diversificando segmentos e apostando suas fichas em áreas diferentes umas das outras, eliminando, assim, sazonalidades e quedas de mercado”, relata Lucas.

Hotelaria e Turismo em expansão

O franchising tem crescido e atraído investidores. No último ano, o setor de hotelaria e turismo foi o que mais cresceu. Um dos motivos do sucesso do franchising brasileiro, mas não único, é a segurança que o negócio propicia devido ao know how que o franqueador dispõe. Para o ano 2019, a Associação Brasileira de Franquias estima um crescimento de 8% a 10% em faturamento, de 5% a 6% em número de unidades franqueadas e de 5% em geração de novos empregos.

A CEO e co-fundadora da Clube Turismo, Ana Virgínia Falcão, afirmou que na Rede, o perfil desses empreendedores é bastante similar: “são pessoas que querem investir em um negócio próprio e trabalhar em um setor (o turismo) que lhes gere satisfação. Em nossa Rede, percebemos um equilíbrio entre franqueados e franqueadas. 51% dos nossos franqueados são homens, enquanto 49% são mulheres. Na franqueadora, todos os cargos de liderança são ocupados por mulheres e do total de 24 postos de trabalho diretos, apenas 7 são ocupados por homens”, aponta.

A percepção da empresária, é de que, apesar do franchising brasileiro ainda ser um meio masculino, a cada ano novas redes de franquia criadas ou lideradas por mulheres tem surgido.
“A cada ano, mais mulheres têm tomado a decisão de empreender e investir no franchising e mais profissionais mulheres, extremamente qualificadas, têm conseguido espaço no mercado de trabalho”.

Bárbara Wanderley, com assessoria

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