O Hotel Tropical Manaus suspenderá as atividades comerciais por tempo indeterminado. A decisão do estabelecimento acontece após a Amazonas Energia cortar o fornecimento do local por uma dívida estimada em R$ 8 milhões. O hotel localizado na Zona Oeste da cidade até tentou funcionar com o gerador, mas o sistema sobrecarregava diariamente. Segundo o Sindicato dos Empregados do Comércio Hoteleiro do Estado do Amazonas (SindHotel-AM), 80% dos profissionais da empresa devem ser dispensados.
Mesmo com os problemas, o assessor de imprensa do estabelecimento, Paulo Roberto, descartou o fechamento do hotel. “Não vai fechar, não é uma realidade nossa. Vamos passar por um processo de reestruturação para resolver o problema. A energia foi cortada e estávamos funcionando com o gerador próprio, mas ele não sustenta a carga total do hotel, de vez em quando caí, então precisamos fazer esse procedimento”, disse.
Para evitar problemas com os clientes por conta das quedas de energia, o hotel decidiu suspender as atividades por tempo indeterminado. O assessor citou um prazo de uma semana para fazer a reestruturação, mas o período pode se prolongar. Segundo o representante do Tropical Manaus, a conta de energia do hotel custa mensalmente de R$ 500 mil a R$ 600 mil.
“Não é legal para o hóspede ficar passando por essa situação, de quedas de energia. Precisamos de uma semana para encontrar outra matriz energética, mas também estamos trabalhando com um prazo de 15 a 60 dias para voltar a receber hóspedes. A suspensão das atividades começou ontem”, explicou Paulo.
Questionado sobre os valores das cobranças, o assessor destacou que a Amazonas Energia alega que o hotel tem uma dívida de R$ 8 milhões pelos serviços de energia. O estabelecimento não reconhece esse valor. “A Eletrobras [atual Amazonas Energia] alegou que era em torno de R$ 20 milhões, mas acabou dando um desconto e chegou a R$ 8 milhões. O hotel queria colocar um investimento à venda, mas não teve como pagar. Eles não tiveram paciência, cortaram o sistema e retiraram até os fios. A Eletrobras alega essa dívida, mas não reconhecemos”, afirmou.
Durante período “indeterminado”, o Hotel Tropical procurará outra matriz energética para voltar a receber clientes. “Não vamos receber hóspedes ou clientes durante este período. Vamos fazer uma readequação energética, que era fornecida pela Eletrobras. Eu não posso falar o que vai acontecer ainda, porque nem eu sei, mas a energia solar é uma das soluções”, comentou o assessor.
Por conta desta “readequação”, funcionários do hotel devem ser dispensados nos próximos dias. A quantidade de pessoas que serão cortadas não foi informada por ele. “Funcionários serão dispensados por conta desta reestruturação, porque não vamos ter como manter. Não temos a média de quantos sairão, mas acontecerá”, completou.
Amazonas Energia alega que tenta negociar há mais de 20 anos
Por meio de nota, a Amazonas Energia informou que há mais de 20 anos ocorrem diversas tentativas de negociações com o Tropical Hotel Manaus. Segundo a instituição, as suspensões de fornecimento de energia elétrica do hotel, por não cumprimento dos acordos, ocorreram por diversas vezes ao longo dos anos.
A concessionária também informou que a última negociação ocorreu em abril de 2019, quando a Amazonas Energia concedeu desconto de 60%, sobre o valor de uma dívida de mais de R$ 20 milhões. O acordo previa o pagamento de R$ 8 milhões pelo Tropical Hotel, mas também não foi cumprido. Segundo a Eletrobras, desde o ano de 2018 até o presente momento, foram realizados três cortes por inadimplência, entretanto a Distribuidora realizava o religamento mediante liminares.
A concessionária relatou que todo o procedimento realizado foi feito de forma legítima, obedecendo às regras contidas na Resolução 414/2010 da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) – (art. 172), que autoriza a suspensão no fornecimento de energia para todas Distribuidoras de Energia do país, em caso de inadimplemento.
A Amazonas Energia disse tem como maior objetivo a distribuição de energia elétrica em todo o Estado e, para tal, compra energia em grandes blocos e disponibiliza aos consumidores.
A instituição completou que o não pagamento das faturas de energia elétrica, implica em prejuízos principalmente para toda sociedade, pois gera redução da capacidade, expansão e qualidade de energia em todo o Estado.
A Crítica