Ofendendo a imprensa e a esquerda, presidente da Embratur nega extinção de órgãos

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Talvez inflamado pelo desabafo do ex-presidente Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Turismo, Hugo Veiga, sobre o ‘boato’ da extinção do Ministério do Turismo e da Embratur, ou mesmo de forma intencional e programada, o presidente da estatal do Turismo, Gilson Machado, fez um dos discursos de abertura de uma Abav mais deselegante e constrangedor dos últimos anos. Atacando deliberadamente a imprensa e a esquerda brasileira, o gestor destacou vários pontos do discurso do presidente Jair Bolsonaro na ONU, na quarta-feira (24), e afirmou em alto e bom som que a ‘esquerda ficou numa posição fetal’, após esse discurso.

O seu discurso emblemático, de forma negativa para muitos, na abertura da 47ª ABAV Expo Internacional de Turismo e 52º Encontro Comercial Braztoa, nesta quarta-feira (25), no Expo Center Norte, em São Paulo, foi inflamado do começo ao fim, sempre tentando destruir a imagem da imprensa e da esquerda. Para responder aos ‘boatos’ sobre a extinção dos dois órgãos, bastaria ter apenas se limitado, e o fez, dizer que o governo Bolsonaro sabe do protagonismo do turismo como uma atividade econômica para o país.

Ao contrário, Gilson Machado enfatizou vários pontos do discurso de Bolsonaro e sempre buscando exemplos dos governos antecessores como danosos à soberania brasileira. Entre alguns pontos, citou um encontro na Suíça, onde teria apresentado uma ampla argumentação que contrapõe, segundo ele, ao que realmente estaria acontecendo na Amazônia. Numa outra expressão indelicada, o presidente da Embratur disse que pediu aos estrangeiros que tirassem a ‘bunda’ das cadeiras e viessem conhecer o Brasil de fato, que se preocupa com o meio ambiente e que tem lutado para manter a soberania, sem intervenções de forças internacionais, seja na Amazônia, ou em qualquer outra parte do território nacional.

O discurso de Gilson Machado foi totalmente oposto aos conceitos antes apresentados pelo então ministro do Turismo no Governo Michel Temer e atual secretário de Turismo do Estado de São Paulo, Vinícius Lummertz. Citando a célebre linha pronunciada em 1961 por Deng Xiaoping, na China, – “Não importa se o gato é preto ou branco, desde que cace os ratos” -, que exercia efeitos ideológicos hipnóticos sobre a direita ultraliberal, o secretário disse que o Brasil não se pode mais dar ao luxo de perder tempo.

Na opinião dele, é urgente que o Brasil aprove as reformas, como a da Previdência Social, assim como a Lei Geral do Turismo. “Precisamos de rapidez nas reformas para deixar de manter a nossa população no calvário”. “Precisamos fazer as reformas e não interessa a cor do gato”, enfatizou, alertando que ‘quando se rouba tempo, se rouba das futuras gerações’.

Lummertz disse que é preciso colocar o turismo na agenda central do Brasil, assim como começou a ser feito no Estado de São Paulo. Responsável por 3,6 milhões de empregos somente em São Paulo, o secretário vem acelerando alguns projetos, como a redução da alíquota de ICMS para o combustível de aviação, passando de 25% para 12%. Essa medida, segundo ele, ampliou em mais de 600 voos para a capital paulista e novas operações para 10 aeroportos no interior o estado.

Porém, segundo ele, as gestões ainda esbarram na burocracia e até na falta de inteligência e vontade em áreas fundamentais como a revitalização do Centro Histórico de São Paulo. “Queremos e estamos fazendo, mas a duras penas, porque essas reformas envolvem uma série de instituições e muitas delas não entendem a real necessidade de darmos um salto, que não irá prejudicar a história, nem seus monumentos”, afirmou.

Fábio Cardoso – Viajou a convite da Abav – Foto: Rogério Almeida