Os vereadores de João Pessoa instituíram o marco zero da Capital paraibana. Agora, oficialmente, o monumento localizado na Praça Dom Ulrico, ao lado da Catedral Basílica Nossa Senhora das Neves, no Centro, passou a ser considerado o ponto de fundação da cidade. Sim, passou a ser, pois, segundo a Prefeitura de João Pessoa, o município não conta com arquivos históricos que definam o centro geográfico da cidade.
O Projeto de Lei nº 677/2018, que instituiu o marco zero da Capital, foi proposto pelo vereador Humberto Pontes. Aprovada pela Câmara Municipal de João Pessoa, a propositura seguiu para sanção do prefeito Luciano Cartaxo, que vetou o projeto, justificando que a Diretoria de Geoprocessamento e Cadastro Urbano do Município não tem registros da localização geodésica que possam definir localização exata.
No entanto, na sessão da última quarta-feira, os vereadores derrubaram o veto do prefeito. Com isso, o PL deve ser promulgado pelo Poder Legislativo no Semanário desta semana. Antes dessa movimentação na Câmara, era comum as pessoas pensarem que o marco zero de João Pessoa ficava no monumento localizado na Praça Napoleão Laureano, em frente à Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), no Varadouro.
No local há uma escultura em formato de cruz e lança, com uma rosa dos ventos no chão. Mas o arquiteto Hélio Costa Lima, que assinou o desenho do monumento, esclareceu que a figura foi projetada para homenagear os fundadores da cidade.
“A ideia nunca esteve relacionada ao marco zero da cidade. Não lembro exatamente o ano, mas acredito que foi em 1995 quando a Prefeitura de João Pessoa criou um concurso cultural para simbolizar a fundação da cidade”, explicou Lima, que é professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Sem um marco zero oficial na cidade, o vereador Humberto Pontes justificou que o local mais preciso para marcar a fundação da cidade seria o monumento localizado na Praça Dom Ulrico. “Assim que chegaram à Paraíba, os colonizadores iniciaram a construção da igreja Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, que é datada do final do século XIX, no ano de 1894”, argumentou.
“Na Praça Dom Ulrico tem um marco de pedra, com 43 metros de altura acima do nível do mar, que foi instalado como instrumento de passagens meridianas pelo Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte em 1922”, acrescentou.
Mas o monumento em questão está depredado e quase já não é possível conseguir ler as informações contidas na pedra. “Com a instituição do marco zero, esperamos que a área seja revitalizada e possa atrair visitantes, preservando a história da cidade e promovendo o turismo local”, frisou Pontes.
Historiadora concorda com a iniciativa
A arquiteta Maria Berthilde de Moura Filha, professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, comentou que faz sentido que o marco zero de João Pessoa seja na parte alta da cidade e junto à Catedral Basílica Nossa Senhora das Neves.
“João Pessoa foi fundada por iniciativa da própria coroa portuguesa. Como naquela época as igrejas costumavam ser o ponto de partida para o desenvolvimento das cidades, se a gente tiver que atribuir um local para ser o marco zero de João Pessoa, este local é junto à igreja matriz”, explicou.
Ellyka Gomes – Fotos: Nalva Figueiredo