Hulk volta a declarar amor à Paraíba e pretende investir nas categorias de base do futebol paraibano

Destaque Paraíba

O jogador paraibano Hulk está de férias em João Pessoa até o dia 4 de janeiro de 2020. O clube a qual ele defende na Liga Chinesa, o Shangai, ficou em terceiro lugar nessa temporada. Hulk vem se preparando para assumir a carreira de empresário – está investindo em hotelaria e supermercados na capital paraibana – e afirmou que tem a intenção de investir também no futebol, nas categorias de base em algum clube ou mesmo criando uma instituição para incentivar prática do futebol em busca de revelar novos valores.

“Tenho vontade sim de participar mais e de ajudar o futebol paraibano a crescer, a gente tem condições para isso. Eu vim da zona leste de Campina Grande, do bairro de José Pinheiro, e vejo que tem muita gente que tem potencial, mas infelizmente não tem oportunidade, porque não se tem estrutura”, apontou o atleta, que acrescentou: “Cada vez mais, fica mais difícil um menino de 12, 13 ou 14 anos sair para um clube em São Paulo, Rio ou outro estado. Se pudéssemos investir mais na base, fazer uma estrutura bacana para preparar melhor os jogadores, com certeza teríamos muitos outros Hulk, Marcelinho Paraibano, enfim, vários grandes jogadores sendo revelados em solo paraibano.”

A observação de Hulk reacendeu a polêmica sobre a sua relação com os clubes paraibanos, em especial, Serrano e Campinense, ambos de Campina Grande. O atleta afirmou que nunca jogou em nenhum dos dois clubes, teria feito apenas uma partida pelo Serrano, mas sem qualquer vínculo. “Em relação a minha base na Paraíba, eu joguei muito futsal no Parque da Criança, jogava na escolinha do Futebol e Companhia. Muitos falam que eu joguei no Campinense e no Serrano, mas no Serrano eu joguei apenas um jogo, existe uma polêmica sobre isso”, afirmou.

Apesar de nunca ter atuado por esses clubes, o paraibano revelou a engenharia feita para que tanto Serrano como Campinense pudessem, de certa forma, ser beneficiados pelo mecanismo de solidariedade, que permite que os clubes formadores de atletas recebam de 5% a 15% do valor da negociação entre as agremiações.

“Quando fui vendido do Porto (de Portugal) para o Zenit (da Rússia), existia uma confusão, pois, existia o direito a uma verba para entrar, se não fosse para o Serrano ou Campinense, seria para outros times que eu realmente tinha jogado. Mas, como não gosto de mentira, cheguei para o pessoal do Zenit e falei, sendo bem sincero com vocês, não joguei nesses clubes, mas eu ficaria feliz se vocês pudessem ajudar o futebol paraibano, porque acho que com essa verba ajudaria o nosso futebol, e consegui isso”, pontuou o atleta.

Então, continuou, aconteceram dois repasses, do Porto para o Zenit, e do Zenit para a China (Shangai). Se não me engano, os times paraibanos ganharam os dois. Fiquei muito feliz por isso!.

Porém, Hulk lamentou a destinação desse dinheiro, afirmando ter ficado muito triste. “Muitos vão ficar chateados comigo, mas sou verdadeiro, infelizmente essa verba não foi usada para a melhoria dos clubes, no caso o Serrano e o Campinense. Eles não usaram essa verba para melhorar a base e o profissional. A gente fica triste por isso. Às vezes você tem a oportunidade de melhorar, crescer, de dar uma oportunidade a um menino e não faz. Por isso, tenho vontade de ajudar o futebol paraibano, não iniciei ainda porque quero estar próximo, presenciando e ajudando o futebol a crescer”, contextualizou.

Mecanismo de solidariedade
Serrano:
R$ 475 mil do Zenit
R$ 600 mil do Shangai

Campinense:
R$ 1 milhão do Shangai

Até novembro de 2012, o passaporte de Hulk na CBF (Confederação Brasileira de Futebol) tinha o registro dos seguintes clubes formadores do jogador: Serrano (1998 a 2000), São Paulo (2002 a 2003), Vitória (2003 a 2006) e o Kawasaki (2006). Levando em consideração o mecanismo de solidariedade, aqui foi onde ele jogou dos 12 aos 23 anos

Onde foi o dinheiro?
A reportagem do Correio procurou a atual diretoria do Campinense e o presidente do clube, Paulo Gervani, disse que na época – do repasse do dinheiro da venda de Hulk – o presidente era outro e eu não fazia parte da diretoria. “Essa pergunta deve ser dirigida a diretoria e ao presidente da época”, afirmou. Entretanto, reforçou que está exigindo as prestações de contas dos três últimos presidentes do clube, mas que ainda não havia recebido.

Em relação ao Serrano, a reportagem não conseguiu contato com o presidente do clube, Valdir Cabral. Porém, uma reportagem veiculada na imprensa em dezembro de 2014, quando o clube já havia recebido a quantia de R$ 475 mil na venda de Hulk do Porto para o Zenit, o dirigente havia informado que destinou parte do dinheiro para pagar dívidas que impediam a inscrição do time em competições oficiais e que iria investir nas categorias de base e na equipe profissional ao longo de 2015.

Hulk fica na China em 2021, mas quer encerrar carreira jogando um Brasileiro

O atleta paraibano disse que deve continuar na China até o encerramento do contrato com o Shangai, em 2021. Por outro lado, deixou em aberto a vontade de disputar um Campeonato Brasileiro e ainda não tem uma data fechada para encerrar a carreira. “Quanto a parar de jogar, estou me cuidando muito mais do que em anos atrás, me preocupo mais com a minha parte física”, reforçou.

Sobre jogar no Palmeiras, clube de coração, Hulk afirmou que sempre foi torcedor do clube e que é considerado um tipo de ovelha negra da família, que é toda corintiana. “Tenho um carinho muito especial pelo Palmeiras desde criança. Tenho o sonho de disputar o Brasileiro pelo Palmeiras, mas sempre deixo claro que sou um profissional e respeita todos os outros clubes. Se surgir a oportunidade de disputar o Brasileiro por outro clube, se a proposta for boa, atuarei com a mesma dedicação e desenvoltura de sempre.”

Hulk admitiu que uma nova oportunidade para vestir a camisa da seleção brasileira são remotas, pelo fato de estar jogando na China. “Por conta disso, as chances de ser convocado diminui, mas qualquer jogador de futebol mantém vivo o sonho de vestir a camisa da seleção, como vesti na Copa do Brasil em 2014. Foi um sonho realizado, dei o meu melhor, mas, infelizmente, o resultado não foi o esperado”, disse.

O paraibano reafirmou que na Copa no Brasil jogou numa posição diferente da que atuava, mas, pelo Brasil, valia todo o esforço. “Eu vou dar o meu melhor sempre. Na Copa seguinte, o Brasil estava bem treinado e tinha chances de conquistar o título, mas as outras seleções também se prepararam para a competição, como a Bélgica, que mereceu vencer o Brasil, e a própria França, que conquistou merecidamente o título do Mundial.”


“Sou apaixonado pela Paraíba, pretendo construir minha casa aqui. Tenho dois filhos que moram no exterior. Não sei se vou ficar aqui direto. Sai muito cedo do Brasil e gosto de enfrentar desafios. Minha família é muito grande, quase 30 pessoas, e a casa fica sempre cheia. Tenho algumas ambições como empresário. Muitas pessoas que não me conhecem me julgam de forma equivocada. Quando ajudo as pessoas, é porque tenho vontade, e não gosto de aparecer. Não gosto de falar sobre as coisas que faço, de ficar postando nas redes sociais para aparecer. Minha vida vai ser sempre assim, e poucas pessoas sabem o que eu faço.”

Fábio Cardoso