Governador da Paraíba nega corrupção no seu governo e descarta renunciar ao cargo

Destaque Fábio Cardoso

A entrevista coletiva concedida pelo governador da Paraíba, João Azevêdo, nesta segunda-feira (23), no Palácio da Redenção, foi considerada bastante positiva entre os principais auxiliares do governo. Azevêdo reuniu a imprensa para esclarecer diversos pontos no embaraço político resultado da Operação Calvário, que apura atos de corrupção que teria como líder o ex-governador Ricardo Coutinho e os seus principais secretários e aliados políticos.

Azevêdo negou enfaticamente qualquer participação no esquema criminoso, que teria lesado os cofres públicos em mais de R$ 1 bilhão; avisou que qualquer indício de envolvendo de outros auxiliares será a senha para serem exonerados sumariamente; encerrou todos os contratos com as OS (Organizações Sociais) e anunciou um novo modelo de gestão na Saúde, com a efetivação dos contratos com mais de 6,5 mil codificados – que passarão por um processo seletivo – e 700 médicos, que serão contratados como Pessoas Jurídicas.

Alertando de que no seu Governo não haverá espaço para corrupção, Azevêdo disse que pretende se defender de possíveis acusações de envolvimento no esquema, assim que tiver conhecimento do que está sendo realmente acusado. Ele disse que não existe qualquer relação de seu governo com o do seu antecessor, Ricardo Coutinho, e que tudo que foi dito pelo delator Daniel Gomes – sobre a continuidade do esquema – não tem sentido. “Aquilo foi dito em 2018 e não houve nenhuma consideração sobre o que aconteceu em 2019”, disse.

Por outro lado, o governador reconheceu que não havia controle da gestão das Organizações Sociais, “a forma como era feito”. Quando assumiu o governo, disse, passou a tomar conhecimento dessa gestão e teria questionado e procurado interromper o esquema e esse fato, segundo opinião dos analistas políticos, teria sido a razão do rompimento dele com o ex-governador. Azevêdo negou qualquer relação, assim como afirmou que não recebeu dinheiro do esquema para a campanha política.

Segundo ele, todo o dinheiro da campanha que o elegeu teria vindo do fundo partidário, tanto assim, que o PSB – partido a qual estava filiado – está pleiteando de volta os recursos gastos no processo eleitoral. “Andei mais de 40 mil quilômetros durante a campanha, porque precisava apresentar o meu programa de governo e me apresentar como uma nova opção”, disse Azevêdo, se eximindo de qualquer possível negociata para conseguir dinheiro. Porém, alertou, se alguém fez isso para se beneficiar, que seja punido conforme a lei.

Afastando qualquer possibilidade de renunciar ao cargo, Azevêdo disse que não tem qualquer sentimento em relação ao ex-governador ou qualquer um de seus ex-auxiliares. “No meu governo não tem compromisso com a corrupção”, enfatizou, afirmando que espera um julgamento justo para todos os envolvidos no esquema criminoso e quem tiver culpa que seja punido, mas que tenha a oportunidade de se defender.

Fábio Cardoso