O casal de paraibanos que está retido em Cuzco, no Peru, continua sem data definida para retornar ao Brasil. Os dois estavam de férias com roteiro que passava pelo Chile, Peru e Bolívia, batizado pelos dois como ‘trip do mochilando nos 50+’. Daci Barreto – que fez aniversário na segunda-feira (17) – e Gilberto Lopes estavam de passagem por Cuzco, na segunda, quando foram pegos de surpresa com a decisão do governo peruano de fechar as fronteiras do país.
Daci informou ao Turismo em Foco, por meio do mensagens do Facebook, que estão no Peru 3.770 brasileiros, dos quais em torno de 400 em Cuzco. Nesta quinta-feira (19), todos tiveram a informação de que a embaixada brasileira no Peru havia disponibilizado dois voos da Latam e Gol, que estariam em Lima para resgatar a todos. Entre eles, apesar do pequeno alívio, havia uma preocupação para quem tinha voo por outras aéreas, como Avianca e SKY. Nenhuma das duas ainda havia se pronunciado sobre o retorno ao Brasil.
“Está tudo muito confuso, porque, até agora, não há definição sobre a saída do pessoal que está em Cusco, Está todo mundo recluso a hotéis”, desabafou Daci.
No meio da tarde, em Cuzco, a embaixada enviou uma planilha para que todos informassem seus dados, inclusive, dos voos cancelados. “O Aeroporto e terminal rodoviário de Cuzco estão fechados, sob a guarda da polícia, para evitar ocupação. A espera por uma definição está se tornando angustiante, apesar da compreensão de que as medidas de emergência contra o Covid-19 sejam necessárias”, pontuou.
Porém, no final da tarde, os dois paraibanos tiveram uma notícia muito preocupante, de que a embaixada informou que as companhias aéreas só entrarão em contato com os turistas que tiverem passagem de retorno. “Nós só íamos passar três dias aqui em Cusco e depois seguiríamos viagem de ônibus para a Bolívia, até o lago Titicaca, e depois seguiríamos para Santa Cruz de La Sierra, de onde sairia nosso voo para o Brasil. Agora não sei mais como vai ser nosso retorno”, lamentou.
O quadro descrito pelo casal em Cuzco é de guerra. Nas ruas, a polícia inibe a circulação de pessoas, turistas e moradores, permitindo apenas grupos com no máximo três pessoas para a compra de alimentos ou medicamentos. “Há toque de recolher a partir das 18 horas, com a ameaça de prisão. Isto, mesmo que tenha saído para comprar comida”.
A paraibana disse ainda que o comércio fechou as portas desde o domingo (15), quando foi decretado o estado de emergência pelo governo peruano, dia em que os dois desembarcaram, vindos do Chile “Fomos surpreendidos”.
A medida inclui bares e restaurantes, que são fiscalizados pela polícia. “Quem abrir será preso”, afirmou Daci. Na quarta-feira (18), segunda a paraibana, os turistas estavam com dificuldades em se alimentar.
“Alguns hotéis, como é o do nosso caso, permitiram o uso de suas cozinhas. Funcionários foram dispensados e os turistas têm que fazer suas próprias comidas. No nosso caso, o hotel pediu que pagássemos o gás de cozinha. A diária estabelece apenas o café da manhã. No Hotel Waynapicchu, estamos reclusos em ‘quarentena’ com um grupo de 12 brasileiros, que estabeleceram um revezamento para fazer a comida. Tornou-se uma ‘verdadeira casa brasileira’. Passeios foram cancelados e o dinheiro foi devolvido”.
Fábio Cardoso