A discussão sobre o adiamento ou não do processo eleitoral previsto para acontecer em outubro, no Brasil, tem ganhado fôlego nos bastidores dos partidos políticos. O calendário eleitoral está mantido, pelo menos por enquanto, ainda ignorando os efeitos nefastos e futuros do novo coronavírus, com aumento de vítimas acometidas pela doença e óbitos.
Para o cientista político Lúcio Flávio, caso a epidemia continue com a mesma intensidade por volta de julho, “seria prudente o adiamento, por três motivos: primeiro: a própria segurança da população. Em segundo lugar, o tema do coronavírus pode ‘contaminar’ o debate político e, em terceiro lugar, o adiamento possibilita que os candidatos que não têm mandatos terão mais tempo de apresentar suas propostas e discutir suas ideias”, disse.
Lúcio Flávio reconhece que a pandemia do Covid 19 tem implicações de saúde, econômicas, sociais e também políticas. A discussão sobre o adiamento, conforme avalia, “ainda está nos bastidores”.
“Estão cogitando, inclusive, prorrogar os mandatos dos atuais prefeitos e vereadores. Toda discussão ainda muito incipiente. Na França, o presidente Macron manteve uma eleição municipal no domingo (15 de março) e foi um fracasso de comparecimento. Bateu recorde de abstenção”, afirma.
Na opinião do cientista político, qualquer agente político que queira antecipar essa discussão estará prejudicando o processo eleitoral.
Para ele, o adiamento depende de como se comportará a evolução da pandemia.
“Claro que, se ela mantiver o ritmo de expansão até o início do período de campanha, inegavelmente tem que ser adiada. Além disso, cabe a justiça eleitoral analisar as condições ideais para a realização do pleito, dentro da serenidade e possibilitando a ampla participação popular.”
Em caso de adiamento, Lúcio Flávio acredita que os eventuais candidatos irão incrementar suas participações nas redes sociais no sentido de ampliar suas bases de apoio. “Acredito que, diante dos prejuízos advindos com o epidemia, adiar a data das eleições não trará grandes transtornos para a democracia brasileira”, aponta.
Fábio Cardoso