Brasileiros deixam de se comunicar e tentam sair do Peru de qualquer forma possível

Cotidiano

Cada um por si e Deus por todos. Pelo menos 100 brasileiros que continuam em diversas cidades do Peru, simplesmente não mantêm mais qualquer contato com o grupo de WhatsApp criado para se informassem sobre o processo de saída daquele país. Um grupo continua concentrado em Cuzco e, cinco deles, proibidos até mesmo de sair do hostel onde estão hospedados há quase um mês.

Por meio desse grupo, criado pelo paraibano Pablo, de Campina Grande, quatro grupos de brasileiros tiveram a sorte de serem repatriados em dois voos da Latam Brasil, compartilhados com a Gol Linhas Aéreas, e outros dois por meio de voos da FAB – Força Aérea Brasileira. Foram cerca de 600 brasileiros. Houve intensa negociação com as autoridades peruanas, que fecharam o espaço aéreo e decretaram isolamento social radical.

Após a repatriação dos grupos pela FAB, os brasileiros que permaneceram no Peru começaram a se mobilizar para tentar retornar ao Brasil via terrestre. Há relatos no grupo de que muitos conseguiram, após viagens longas e bastante cansativas.

Porém, o grupo que continua no hostel retido por conta do surgimento de uma pessoa que teve exame positivo para o coronavírus, tem a situação ainda indefinida. Conforme o carioca Romildo, tudo indica que eles saiam do hostel nesta quarta-feira (08) utilizando um ônibus que os levará até o Acre. Dentro do solo brasileiro, cada segue o seu destino. “Não aguentamos mais ficar aqui presos”, disse. Nenhum dos cincos brasileiros têm os sintomas da doença, apesar de não terem sido examinados.

O hostel, que tinha mais de 100 hóspedes, está sendo esvaziado praticamente dia sim, dia não, cada um de uma forma. Na semana passada, o governo dos Estados Unidos utilizou um ônibus especial para a retirada de seus cidadãos. Nesta terça-feira (07), um grupo de alemães estava se preparando para embarcar em um ônibus no momento em que a reportagem conversava com Romildo.

Também nesta terça, Pablo, que reside em Cuzco há três anos, fez um vídeo (chorando) dizendo que não aguentava mais esperar informações dos brasileiros. O paraibano foi personagem principal para o processo de negociação da repatriação de quase todos os brasileiros da região de Cuzco para o Brasil, negociando diretamente com as autoridades locais e a Embaixada do Brasil no Peru.

 

Em um vídeo postado no grupo e distribuído para dezenas de jornalistas brasileiros, Pablo revelou que sairia do grupo nesta terça, afirmando que, se os brasileiros que continuam na região não mantêm mais contato, é porque não querem deixar o Peru, ou porque não precisam mais de ajuda. O paraibano é um misto de guia de turismo e um facilitador para os brasileiros que visitam a região. Somente nesta terça, mais de 20 pessoas haviam saído do grupo de WhatsApp.

Fábio Cardoso