Ministro da Saúde volta a defender isolamento social, afirma que o Brasil precisa de “uma fala única” e que população está confusa

Brasil

Em entrevista exclusiva concedida ao Fantástico, da Rede Globo, veiculada agora há pouco, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que é preciso que o Governo Federal tenha um só comando, ou dele ou do presidente Jair Bolsonaro. Essa dubiedade, sobre ficar em casa ou sair às ruas, deixa a população confusa, sem entender o que realmente precisa saber para se defender do coronavírus.

Na entrevista, Mandetta disse que precisa de paz para trabalhar, sem fazer referência ao comportamento de Bolsonaro e de centenas de seus adeptos. Ele disse que esse comportamento preocupa, porque deixa a população confusa, ou escuta o ministro da Saúde – que vê a necessidade do isolamento social – ou o presidente – que é contra essa medida e incentiva as pessoas a saírem de suas casas.

Mandetta disse que entende a preocupação do presidente com a economia, e tentou minimizar essa contradição de pensamentos. Ele alertou que não é contra o presidente e nem Bolsonaro é contra ele. “Não há ninguém contra ninguém. Nosso principal inimigo é o coronavírus”.

Sobre ameaças de ser exonerado, Mandetta disse que está ministro da Saúde por ordem de nomeação do presidente, repetindo que ele (Bolsonaro) está preocupado com a economia. O ministro busca um equilíbrio para proteção à vida.

“É preciso uma fala unificada. As pessoas não sabem se escutam o ministro da Saúde ou o presidente da República. Não posso dizer que isso é certo ou errado. A gente pode dizer que as pessoas poderão adoecer, vamos tentar minimizar para tentar ajudar, Precisamos de foco, disciplina e ciência para sairmos disso juntos.”

O relaxamento verificado em diversas cidades brasileiras tem sido criticada pelo ministro. Nesse sentido, Madetta alertou que a expectativa para a partir da próxima semana é de que o Brasil terá os próximos 60 dias mais duros, em especial, nessas cidades.

Ele voltou a admitir que os números divulgados sobre casos de contaminação e mortes no país, que já passaram de mais de mil, terão dados bem maiores entre maio e junho, quando o Brasil deverá chegar ao pico da doença. O “Brasil não é um país pequeno, somos um continente”, enfatizou o ministro.

Junto com esse alerta, Mandetta disse que “teremos dias muito duros”, pontuando que o ministério será taxado por não ter feito o que deveria, na boca dos que ele chamou os “engenheiros de obras prontas”, que poderiam fazer o possível e o impossível para fazer as coisas. “Teremos essa confrontação, com muitos questionamentos sobre as nossas práticas. O ministério será o maior questionado”, apontou.

Na opinião dele, o afrouxamento com as determinações de isolamento social é um somatório de muitas coisas, inclusive os Fake News, informando que existe um complô mundial para que determinados países tenham mais vantagens do que outros. Ele lamentou as imagens de aglomerações em padarias, supermercados, com filas atrás de outras, pic-nic. “São coisas equivocadas. O comportamento da sociedade ditará o que será feito daqui por diante.”, disparou.

Mandetta disse ainda que os testes em massa que serão realizados a partir do começo da semana terão como prioridade os profissionais das áreas de saúde e da segurança. Ele admitiu que o país não tem capacidade para fazer amostragem em todos nesse momento, por isso, que o ministério trabalhará primeiro com os trabalhadores mais importantes, que precisam retornar ao trabalho, que não irão adoecer dessa doença novamente.

“O mercado é extremamente concentrado, que não tem testes para todos. O planeta terra quer o mesmo produto que nós queremos. O Brasil é um sistema forte e que tenta trazer esses insumos o mais rápido possível… Não estamos no escuro, nós temos modelos estatísticos, matemáticos, para saber sobre o deslocamento do vírus, que permitem fazer cálculos muito bons, não tem receita de bolo, tomem cuidado com a transmissão.”

Fábio Cardoso