O ex-govenador da Paraíba, ex-prefeito de João Pessoa e ex-senador Cícero Lucena está no jogo pela disputa à prefeitura da capital paraibana, nas eleições de outubro próximo. Em entrevista exclusiva ao Turismo em Foco, Cícero, que trocou o ninho tucano (PSDB) pelo Progressista, afirmou que, “se Deus quiser”, ele poderá ser candidato, mas preferiu a cautela e esperar o momento certo para dizer o “sim” ao partido a qual se filiou.
O ingresso ao Progressista teve como decisão a não obrigação se sair candidato pela legenda. “Tinha uma decisão de não mais participar da vida pública com mandato. Porém, recebi um convite do deputado federal Aguinaldo Ribeiro, do Progressista, assim como de outras legendas, mas decidi pelo Progressista porque não me impuseram a condição de ser candidato à prefeitura de João Pessoa. Como tenho tempo de refletir sobre isso (a candidatura)…”
Na opinião dele, também não seria justo e honesto com o candidato do PSDB (antigo partido), Ruy Carneiro – aliado histórico do ex-prefeito -, que tem a sua legítima candidatura, de colocar meu nome agora.
“Lá na frente, se for o caso, que fique à vontade para decidir se irá manter a sua candidatura. Se for a vontade de Deus de colocar a minha candidatura e caberá a ele decidir se manterá a dele ou não”, pontuou, ressaltando que não podia pedir a Ruy que desistisse da candidatura, “pois é legítima a candidatura dele.”
Cícero Lucena disse que esse não é o momento de se falar em campanha eleitoral. Com as incertezas de como se comportar, a preocupação com a crise na saúde, porque o coronavírus escancarou de vez e tornou mais evidente a falta de estrutura na área de saúde no Brasil. “A preocupação agora deve ser com a saúde e o desemprego”. Nesse sentido, ele vê como prudente o adiamento das eleições para o final de novembro/dezembro ou quando tiver mais seguro.
“A campanha eleitoral não pode ou nem deve ser iniciada agora. Não tem condições e nem clima estar pedindo votos, não é a oportunidade de fazer isso. Se pode desenhar projetos, propostas, mas, colocar candidaturas na rua agora eu, particularmente, não faria. Não se pode tirar proveito do isolamento, tirar proveito do sofrimento, com sacrifício de vidas, de situações sociais as quais as pessoas estão vivendo.”
Por outro lado, no tempo certo da campanha, se for candidato, Cícero disse que não está preocupado em comparar com o que foi feito ou deixou de fazer, “se fez bem feito ou mal feito”.
“Eu acho que João Pessoa vai passar por uma discussão que não passará nesse trilho, vai ser uma discussão onde você vai ter um diagnóstico de quem terá a experiência e capacidade de propor algo para melhorar a vida das pessoas, quem tem algo a oferecer ao poder público para cuidar daqueles que realmente precisam, de gerenciar o dia a dia da cidade, se preocupar com as questões emergenciais, mas, além disso, projetar um futuro melhor para a nossa cidade.”
O ex-prefeito disse que espera uma discussão madura, equilibrada, onde não se busque candidatos que tenham projetos de aventura, que acham ser donos da razão, que saibam que tem todas as soluções, mas sim aquele que compreenda os desafios, tenha tido experiência, conheça, que saiba o tamanho dos passos que podem ser dados e em que velocidade esses passos trarão efetivo compromisso daquilo que foi proposta.
“Acredito que o modelo de alianças partidárias dessa eleição terá o sentido de desenhar um projeto para a cidade e a população em todos os níveis, sem demagogia, sem rancor, sem disputa pessoal, sem projetos pessoais, mas sim projetos coletivos, que as pessoas envolvidas queiram se doar. Não há, nesse processo, sentido de radicalismo de direita ou esquerda”.
Na opinião de Cícero Lucena, como ex-prefeito e cidadão, João Pessoa já está esgotando em sua capacidade de qualidade de vida. Por isso, “consequentemente, precisamos de projetos para o dia a dia e também para o futuro”, pontuou.
“João Pessoa, urbanisticamente falando, está num momento crítico. A partir da próxima gestão, ou já ter sido iniciado nessa atual gestão, a mudança da cidade que nós vamos ser em alguns anos, fazer aliança com quem queira trabalhar pela cidade, pelo povo”.
Sobre a absolvição das denúncias de corrupção investigado durante a Operação Confraria, Cícero Lucena disse que as grandes nações só se tornaram verdadeiramente grande após uma grande guerra.
“Sem dúvida alguma, esses momentos que vivi com a minha família, com meus amigos, aqueles que acreditaram na minha inocência, foi algo muito doloroso, de muito sacrifício, muitas noites mal dormidas, mas sempre com fé. E tem esse ditado, ‘do limão, se faz a limonada’, então, esse período, fez crescer a minha fé, a minha vontade de manter sempre o mesmo equilíbrio de me preocupar mesmo tendo sido favorecido de uma injustiça, mas cresceu em mim um sentimento de justiça, de não fazer julgamento precipitado, de olhar para frente, seguir em frente, e procurar fazer o bem, errar o menos possível e acertar o máximo possível”.
Operação Confraria
Foram cerca de 15 anos de petições, recursos, e movimentações intensas de advogados, o ex-governador, ex-senador e ex-prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PSDB), conseguiu finalmente a tão esperada absolvição no processo deflagrado pela “Operação Confraria”. A quarta turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) reconheceu, por unanimidade, que Lucena não teria cometido o crime de corrupção nos atos identificados nos autos da ação.
A quarta turma do TRF5 também reconheceu que não ocorreram os crimes de organização criminosa, formação de quadrilha, fraude de licitação, e superfaturamento de obras. A decisão veio após análise de recurso ajuizado pela defesa, contrário à sentença expedida da 3ª Vara da Justiça Federal de João Pessoa.
Fábio Cardoso