Rescisão de contrato entre Embraer e Boeing pode favorecer a aviação aérea regional, diz empresário

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A queda de braço entre as ex-parceiras Embraer e Boeing parece que será longa, e na Justiça. No sexta-feira (24), a Boeing anunciou a rescisão de contrato com a Embraer, anunciada em 2018. O acordo previa a formação de uma joint venture com 80% de participação da Boeing e 20% da Embraer. Segundo a empresa, a Embraer não cumpriu algumas obrigações contratuais previstas para terminar o negócio.

O dia do anúncio era a data limite para realizar a rescisão. Pelo acordo de parceria, a nova empresa seria composta pelo negócio de aviação comercial da Embraer e também para desenvolver novos mercados para o avião cargueiro KC-390, rebatizado de C-390 Millenium.

Em nota, a empresa brasileira afirmou que a rescisão foi indevida. Na nota, a Embraer acusa a Boeing de ter fabricado “falsas alegações” para evitar cumprir o fechamento da transação e pagar à Embraer o preço de compra de US$ 4,2 bilhões.

“A empresa acredita que a Boeing adotou um padrão sistemático de atraso e violações repetidas ao MTA [Acordo Global da Operação, na sigla em inglês], devido à falta de vontade em concluir a transação, sua condição financeira, ao 737 MAX e outros problemas comerciais e de reputação”, diz a nota.

A Embraer informou ainda que não descumpriu as obrigações contratuais, motivo alegado pela Boeing para rescindir o contrato, e que buscará as medidas cabíveis contra a fabricante americana, “pelos danos sofridos como resultado do cancelamento indevido e da violação do MTA”.

Bom para o Brasil

Para o empresário paraibano Delano Campos, ex-proprietário da companhia área Glória – ele fechou a empresa -, esse processo pode favorecer a aviação aérea nacional, a partir do momento em que a Embraer começar a olhar melhor e reavaliar o mercado de aviação regional. Esse mercado aposta em aviões menores, com até 60 passageiros, turbo hélice com alcance para até 2000 km, afirmou o empresário ao Turismo em Foco.

Na opinião de Delano, a Embraer teria condições técnicas de desenvolver projetos para produção de aviões que pousem e decolem em pistas de até,15 km. Nesse processo, segundo o empresário, a empresa brasileira entraria em confronto com a francoitaliana ATR e, com certeza, “o governo ajudaria”. No Brasil, a Azul opera com aviões ATRs em voos com distâncias menores, a exemplo de Recife para Campina Grande.

Delano alertou que, além do divórcio entre a Embraer e a Boeing, “pra piorar a situação”, a Airbus está ajudando a concorrente com toda estrutura.

Por outro lado, apontou o empresário paraibano, é necessário que os governos também comecem a se mobilizar para dotar os aeroportos menores de melhor infraestrutura. Ele citou os aeroportos de Cajazeiras e Patos, dois equipamentos que seriam estratégicos para incentivar a criação de uma malha aérea regional lucrativa, tanto para as companhias aéreas como para o poder público.

 

“Isso poderia ser uma ferramenta de empurrão para a geração de emprego e renda. Isto porque o dinheiro já está disponível para início de imediato.”, enfatizou o empresário.

Fábio Cardoso