O programa Fantástico deste domingo (07) exibiu uma reportagem especial sobre as festas juninas no Nordeste, em especial, em Campina Grande e Caruaru. As duas realizam os festejos juninos mais badalados e que são verdadeiras fábricas de diversão, assim como de dinheiro. Somente em Campina Grande, na Paraíba, a festa do ano passado recebeu mais de 1,8 milhão de pessoas durante os 30 dias – entre junho e julho -, injetando R$ 300 milhões na economia da cidade, com 9 mil artistas se apresentando.
Na reportagem, há depoimentos de artistas como Wesley Safadão, que revelou que havia mais de 30 shows marcados no período junino. Elba Ramalho, cantora paraibana, também faz um depoimento emocionada sobre as festas, inclusive, a de Caruaru, que rivaliza com Campina Grande e que, em 2019, injetou mais de R$ 300 milhões na economia, com shows que chegavam a reunir cerca de 100 mil pessoas. Mais de 1,5 milhão de pessoas passaram pela cidade pernambucana para assistir vários dos cerca de mil shows programados.
Os micro empresários, principais vítimas da ausência das festas juninas em 2020 por conta do coronavírus, também são personagens, revelando que dependem das vendas no período, como o vendedor de maçãs do amor, Seu Tucano, que sustenta a família o ano inteiro com o dinheiro que arrecada nas festas. Somente no ano passado, ele vendeu mais de 14 mil maçãs do amor. E tem o vendedor de milho, canjica, pamonha, queijo assado e todas as comidas típicas que enchem a barriga dos forrozeiros e das famílias dos comerciantes.
A reportagem mostra ainda que há festas juninas de todos os tipos e tamanhos espalhadas pelo Brasil, algumas que são realizadas durante todo o ano, como no Centro de Tradições Turísticas do Rio de Janeiro. Naquele local, templo dos nordestinos que vivem na ‘Cidade Maravilhosa’ e ponto turístico, o forró pé de serra é regra e as comidas típicas nunca podem faltar.
Mas, em tempo de pandemia do coronavírus, vale de tudo, até mesmo montar uma quadrilha junina virtual.
Durante a reportagem o ativista cultural Lima Filho, incorporando o personagem Virgula de Campina, declama um cordel que relata o sentimento da ausência da festa do São João, aliás, título do cordel.
Leia abaixo:
Ausência da festa de São João
Campina Grande sem São João
É igual Rio sem carnaval
É igual comércio sem Natal
E essa tal contaminação
Onde um vírus parou a nação
E os festejos veio cancelar
Não vai dá nem pra brigar
Com Caruaru esse ano
Não vamos ficar comparando
Campina é melhor! maior é o de lá!
O Brasil inteiro cancelando
nossas festanças juninas
A esperança é Campina
Não cancelou foi adiando
Estamos todos aguardando
Essa pandemia quebrar a asa
Pra comer milho na brasa
E festejamos as festas juninas
Em outubro venha pra Campina
Mas por enquanto fique em casa.
Virgulima de Campina, Lima Filho
Fábio Cardoso