Estação ferroviária de Duas Estradas (PB) é destaque na edição da Folha de São Paulo

Destaque Paraíba

A estação ferroviária de Duas Estradas – distante pouco mais de 100 quilômetros de João Pessoa, capital da Paraíba – foi destaque na edição desde domingo (21) no portal da Folha de São Paulo, na coluna do jornalista Marcelo Toledo (Entre Trilhos).

A reportagem girou em torno do projeto de reforma da estação ferroviária, iniciado há dois anos e já concluído. O investimento da prefeitura da cidade ficou em torno de R$ 50 mil e, segundo a secretária de Cultura e Turismo, Flávia Rocha, a proposta é de fazer com que a população tenha o sentimento de pertencimento em função de um dos maiores monumentos históricos da cidade.

Conforme Flávia afirmou ao jornalista, é ideia é de transformar um imóvel no entorno, que foi construído para um dos filhos do fundador da cidade, em centro cultural. “A restauração teve como principal objetivo dar aos moradores o sentido de pertencimento”, disse.

A reportagem conta a importância da estação para o desenvolvimento econômico de Duas Estradas, “considerada o macro do surgimento do municípios”. Relata ainda a participação estratégica do fazendeiro, dono das terras onde o equipamento foi erguido.

Leia a reportagem na íntegra:

No interior da Paraíba, estação histórica renasce após dois anos de restauração

Marcelo Toledo

Considerada o marco do surgimento do município, a estação ferroviária de Duas Estradas, no brejo paraibano, foi restaurada após dois anos de recuperação do histórico prédio.

Inaugurada em 1904, a estação começou a ser reformada em 2017 na cidade de 3.596 habitantes e distante 113 km da capital da Paraíba, João Pessoa, junto com dois outros imóveis centenários existentes no entorno.

Duas Estradas surgiu vinculada à história ferroviária. Em 1903, o fazendeiro Antônio José da Costa, ao saber que a inglesa Great Western construiria uma ferrovia nas proximidades, procurou a empresa e propôs ceder terras da fazenda Alegre para a construção da estação.

A proposta foi aceita e a ferrovia entrou em operação em janeiro do ano seguinte, no trecho ligando Recife a Natal. Costa escoava sua produção pela ferrovia e, como era dono das terras no entorno, iniciou atividades comerciais nas proximidades. Com isso, surgiram comércio e casas e o local passou a ser chamado Vila Costa.

A vila cresceu e, como entre a estação e o armazém da companhia havia o encontro de duas estradas –a de ferro e a de barro–, o local ganhou esse nome e, em dezembro de 1961, foi transformado em município.

Até os anos 90, o transporte de cargas ainda era recorrente na cidade, conforme a prefeitura, mas já não transportava mais passageiros e o prédio se deteriorava a cada dia. Parte dos trilhos segue no local.

“A restauração teve como principal objetivo dar aos moradores o sentido de pertencimento. O complexo, com a estação e o armazém da companhia, é onde tudo começou, e estava escanteado, abandonado, mesmo ficando no centro da cidade”, disse Flávia Rocha, secretária de Cultura e Turismo de Duas Estradas.

SEM ACADEMIA
Para a estação ser restaurada, porém, foi necessária a retirada de uma academia ao ar livre que existia no entorno e tinha sido instalada sem autorização do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), conforme a secretária. O complexo é tombado pelo órgão federal.
Após a restauração, concluída há um ano, o prédio passou a abrigar uma biblioteca municipal. “A academia atrapalhava o visual da estação e, enquanto não saiu dali, não conseguimos restaurar.”
Além de usuários da biblioteca, a estação passou a atrair pessoas para projetos voluntários, como o “chá da estação”, em que os participantes levam bolos, biscoitos e bebidas e se reúnem para conversar.

De acordo com a prefeitura, foram investidos R$ 50 mil na reforma. A ideia é transformar um imóvel no entorno, que foi construído para um dos filhos do fundador da cidade, em centro cultural.
“A gente sabia que era importante [restaurar], mas só percebemos de fato isso depois de a obra estar pronta”, afirmou.

Fábio Cardoso