Casal de velejadores norte-americanos tem restrições de desembarque e fica 30 dias no litoral da Paraíba

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Em tempo de pandemia do coronavírus, uma das principais vítimas e que têm as vidas colocadas em risco são os velejadores que vivem a maior parte dos dias em alto mar. Com as restrições de acesso de estrangeiros em várias partes do mundo, a situação de risco desses aventureiros do mar acaba se agravando, principalmente, quando precisam fazer abastecimento de combustível ou alimentos, assim como quando acontece alguma avaria nas embarcações e precisam fazer manutenção.

Uma reportagem especial veiculada na CNN Brasil, narra diversas histórias de momentos de tensão e incertezas de alguns desses velejadores, inclusive, brasileiros, que estão passando por riscos ao terem limitados locais para ancorar e desembarcar. A reportagem revela que um casal de norte-americanos – Larry e Margie Linder – passou 30 dias em Cabedelo, litoral norte da Paraíba.

O casal deixou a ilha de Santa Helena, localizada no Oceano Atlântico, entre a África e a América do Sul, no dia 8 de março. Eles davam continuidade a uma das últimas etapas de uma jornada pelo mundo que já dura seis anos. O próximo destino, antes de voltar para casa, nos Estados Unidos, seria Granada, no Caribe, a 40 dias de viagem.

Conhecida como a “Ilha das Especiarias”, por causa do grande volume de exportações de noz-moscada, Granada atualmente vive da prestação de serviços como turismo, construção, transporte e educação particular – esses quatro pilares somaram 50,1% do PIB no país em 2017. Mesmo estando a cerca de 160 km do continente mais próximo – América do Sul – a ilha não foi poupada da pandemia do novo coronavírus.

O casal velejava a todo pano havia 10 dias, desde a saída da ilha de Santa Helena, quando recebeu a notícia de que não poderia aportar em Granada, porque o primeiro caso de Covid-19 tinha sido confirmado. Enquanto redesenhavam a rota de viagem, tiveram que enfrentar um período sem vento – impossibilitando o uso da vela. E após dois dias utilizando o motor para navegar, o eixo da hélice quebrou, fazendo com que água vazasse para dentro do casco do veleiro Althea.

Casal de norte-americanos – Larry e Margie Linde.

Apesar de Larry ter conseguido consertar o barco provisoriamente, o casal precisava encontrar um porto o quanto antes para que o veleiro pudesse ser reparado da maneira correta. O velejador achou que a melhor saída seria tentar chegar à cidade de Cabedelo, onde sabia que outros amigos haviam atracado, quando estrangeiros ainda podiam desembarcar.

Desde o dia 26 de março, o Brasil vem restringindo o desembarque de estrangeiros em porto ou ponto, por causa da situação de emergência em saúde pública causada pelo novo coronavírus. A Polícia Federal, porém, pode permitir a permanência de embarcações na costa brasileira pelo tempo que for necessário em casos de necessidade de reabastecimento de combustível ou mantimentos.

No caso do veleiro Althea, os reparos foram acompanhados por policiais que tiraram fotos para registrar os consertos e inspecionaram a embarcação algumas vezes. ‘’As autoridades têm sido muito transparentes. Esses são tempos sem precedentes”, explica Larry.

O aposentado, porém, mostrou preocupação sobre o que fazer depois que o barco estivesse consertado. Em uma rede social, escreveu: “nossa viagem tem tantas incertezas no momento (…) Nós não sabemos para onde ir. A maioria dos países caribenhos não está permitindo a entrada de veleiros de bandeira estrangeira e estamos próximos da temporada de furacões”.

Após terem ficado por cerca de um mês atracados na Paraíba, Larry e Margie seguiram para as Ilhas Virgens, onde fizeram a última parada antes dos Estados Unidos.

Veja a reportagem completa: https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/2020/07/06/velejadores-volta-ao-mundo-pandemia .

Fábio Cardoso, com CNN Brasil