Pinto do Acordeon morre em São Paulo aos 72 anos. Cultura nordestina está de luto

Destaque Fábio Cardoso Paraíba

A letra de uma música afirma que a sanfona faz chorar. Mas, hoje, o silêncio dela é que deixou o meio artístico paraibano, nordestino, brasileiro triste e de luto. Na madrugada desta terça-feira (21), após uma luta de bravos pela vida, o cantor e compositor paraibano Pinto do Acordeon (Francisco Ferreira Lima) morreu, aos 72 anos de idade. Pinto estava em São Paulo, lutando pela vida desde janeiro no Hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo, onde tratava um câncer.

O corpo do artista será velado em João Pessoa, em um cemitério particular, e enterrado na cidade de Patos, no Sertão. A previsão é de que o corpo do artista chegue à capital paraibana por volta das 16h ainda desta terça-feira.

O artista, que tanto talento esbanjava, também havia sido acometido de um diabetes que resultou na amputação de uma das pernas. Mesmo assim, não perdeu a alegria de fazer as pessoas alegres e felizes. Continuava firme e forte fazendo shows, compondo e orientando os filhos. Foram longos anos de estrada, de sucessos que são cantados mundo afora até hoje.

Pinto do Acordeon era natural de Conceição, no Sertão da Paraíba. Ainda no interior, ficou conhecido por participar de apresentações com a trupe de Luiz Gonzaga – não podia ter tido um professor melhor. A carreira solo começou em 1976, quando se destacou com inúmeras canções que marcaram a cultura nordestina, como Neném Mulher, Paixão de Beata, Matuto Teimoso e Engenho Velho, entre outras.

Por ser muito popular, o artista buscou na política uma nova atividade em busca de reconhecimento em causas populares, em especial, para o meio artístico. Ele foi vereador de João Pessoa em um mandato, de 1993 a 1997.

O ano de 2019 foi marcante para Pinto do Acordeon, não apenas pela sua arte, mas pelo reconhecimento da trajetória que marcou a sua carreira ao longo de tantos anos de estrada. Em julho, a obra do artista paraibano se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado da Paraíba. Ainda recebeu o título de Mestre das Artes Canhoto da Paraíba.

A arte de Pinto do Acordeon continuará eterna, será estudada pelos mais jovens, será perpetuada por outras gerações. O artista nunca morre, a arte o torna eterno.

Fábio Cardoso