Prefeitura e empresários podem selar uma PPP para construção de novo aeroporto em Campina Grande

Destaque Paraíba

A cidade de Campina Grande pode ganhar um novo aeródromo a partir do próximo ano. Conforme a reportagem apurou, existem tratativas de um grupo de empresários e a prefeitura no sentido de fechar uma parceria público-privada para a construção de um aeroporto, aproveitando o espaço do Aeroclube instalado em São José da Mata.

Esse equipamento, segundo uma fonte da prefeitura, seria um ‘plano B’ para o Aeroporto Presidente João Suassuna, que sofre que inúmeros voos cancelados e desviados para João Pessoa e Recife por conta do fechamento, resultado de situações climáticas.

O grupo de empresários seria formado por empresários do setor de cargas e táxi aéreo, assim como donos de aviões de médio e pequeno porte, que utilizariam o novo aeroporto para operações. O projeto prevê a instação de um terminal de passageiros, oficina de manutenção de aeronaves e posto de combustíveis para abastecimento de aviões e helicópteros.

Um especialista em aviação – que pediu para não ter o nome revelado – confirmou que a localização do aeroporto João Suassuna e a climatologia têm reflexos negativos sobre o movimento de aviões no equipamento. “A climatologia de Campina Grande tem a maior influência nas ocorrências, mas a tratativa de mitigação dos riscos para otimização das operações, que estão relacionadas ao aparato tecnológico e procedimental é o que deve ser analisado historicamente”, afirmou.

Segundo essa fonte, houve época em que a carta de procedimento de aproximação e pouso era pautada em um auxílio à navegação que tinha um nível de precisão limitado, impondo um limite de 300 metros de altura em que já haja visibilidade adequada para que a aeronave que estivesse para pouso conseguisse observar a pista e prosseguisse para pouso.

Porém, “a dinâmica da atmosfera da Rainha da Borborema conduz a formação de nuvens mais baixas que 300 metros em grande parte dos horários de funcionamento do aeroporto, repercutindo em um número significativo de arremetidas, aproximações perdidas e voos (particulares e de companhias aéreas) alternados para outras localidades”, pontuou.

Segundo o executivo, quando o Instituto de Cartografia da Aeronáutica desenvolveu uma carta de procedimento instrumento de aproximação baseado na tecnologia de georreferenciamento, a quantidade reduziu significativamente, pois o mínimo de altura de decisão passou a ser de 215 metros aproximadamente. “Porém as ocorrências ainda continuavam e então surgiu a solução definitiva, a instalação e homologação do ILS, baixando o mínimo de altura de decisão para 91 metros. Porém, a utilização do equipamento foi suspensa com apenas duas semanas de uso”, disse.

Outra consideração relacionada aos cancelamentos e alternações de pouso, segundo ele, está relacionada com a mudança dos modelos de aeronaves de grande porte que as companhias aéreas passaram a utilizar em Campina Grande.

“Com todas as inovações tecnológicas e renovação das frotas, o aeroporto passou de Boeing 737 500, para 700 e também alguns voos com o 800 e, com isso, outras considerações surgiram, que impunham novos limites de segurança às operações relacionados a performance da aeronave durante o pouso e decolagem, pois as dimensões da pista para decolagem em dias com temperaturas acima de 32°C e para pouso em dias chuvosos, em que as aeronaves estiverem com um determinado valor de peso (passageiros, carga e combustível) ficam abaixo do nível de segurança especificado pelo fabricante e adotado pela companhia aérea, repercutindo nas custosas alternações para Recife ou João Pessoa.”

Na opinião dele, para o futuro, há necessidade de um estudo multidisciplinar para encontrar as soluções que irão otimizar o uso da infraestrutura aeroportuária de Campina Grande, relacionadas às exigências normativas da ANAC e DECEA para que a AENA deva cumprir, diálogos com as companhias aéreas para seleção de aeronaves compatíveis com o aeroporto e climatologia, estudos relacionados a climatologia local para seleção dos horários ótimos de operação para aproveitamento de voos em rota que poderiam realizar pousos em Campina de acordo com a malha, bem como a realização de um trabalho conjunto para restabelecimento da operação ILS na localidade. Espero ter colaborado de alguma forma.

Fábio Cardoso