Criada por um paraibano, a Orquestra Sinfônica Brasileira celebra 80 anos de existência

Eventos Culturais
Primeira reunião pública para subscrição de ações da OSB, tendo à frente seu fundador, o Maestro José Siqueira.

A Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) comemora nesta segunda-feira (17) 80 anos de existência. Por causa da pandemia de covid-19, a celebração será feita por meio de concertos em vídeo divulgados nas redes sociais.A OSB foi criada por um paraibano, maestro José Siqueira, que presidiu a primeira reunião dos músicos.

O plano inicial para comemoração das oito décadas de existência da OSB se baseava em uma Temporada 2020 festiva, com destaque para a música brasileira e os artistas nacionais, tendo a história da instituição como fio condutor das atividades. Em função da pandemia, o projeto precisou ser alterado.

“O isolamento nos proporcionou a possibilidade de inovarmos – o que já é uma tradição da OSB. Adaptamos nossa programação para o formato digital, pois acreditamos que o cenário ainda não oferece a segurança sanitária necessária para voltarmos à rotina de ensaios e concertos presenciais”, disse, em nota, a diretora geral da Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira, Ana Flavia Cabral Souza Leite.

“Sabemos que nada substitui a experiência de estar em uma sala de concerto, mas estamos trabalhando no sentido de oferecer em nossos canais digitais um produto de qualidade e que transmita ao público a emoção presente em todas as nossas apresentações”, acrescentou.

Todos os programas serão gravados pelos músicos individualmente a partir de suas casas e os concertos serão exibidos nas páginas da OSB no Facebook e YouTube semanalmente. Amanhã, dia do aniversário, terá início a “Série OSB 80 Anos”. Serão seis vídeos publicados diariamente até o dia 22 de agosto.

O primeiro concerto da OSB foi realizado em 17 de agosto de 1940 no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, sob a regência do maestro húngaro Eugen Szenkar

O primeiro terá “Música para fogos de artifício reais”, de Haendel. Nos quatro vídeos seguintes serão homenageadas as famílias de instrumentos da orquestra: a percussão, interpretando Bach e Ernesto Nazareth; as cordas, executando uma obra de Alberto Nepomuceno; Mozart sob os cuidados das Madeiras; e Giovanni Gabrieli ao som dos metais. Encerrando a série, a orquestra se une novamente para interpretar o célebre trecho do quarto movimento da 9ª Sinfonia de Beethoven, a “Ode à Alegria”.

A Série Beethoven, em homenagem aos 250 anos do compositor alemão, contará com cinco concertos virtuais, e o primeiro deles será exibido no dia 25 de setembro. Ao longo do ciclo, será apresentado um panorama com algumas das suas principais obras.

Já a Série Clássica Brasileira também ganhará espaço no novo cenário, com dez concertos. No ciclo serão apresentadas obras de compositores nacionais desde Carlos Gomes e Villa-Lobos até artistas contemporâneos como Rodrigo Cicchelli e João Guilherme Ripper. O primeiro programa ganha as plataformas no dia 1º de outubro, e os concertos vão se revezar com a Série Beethoven até o final do ano.

Responsável por revelar talentos como Nelson Freire, Arnaldo Cohen e Antônio Menezes, a OSB promoveu a popularização da música de concerto com projetos relevantes como os Concertos da Juventude e o Aquarius.

O criador

José de Lima Siqueira nasceu no município de Conceição, no Alto Sertão paraibano, em 1907. Foi compositormaestroacadêmico e fundador de vários institutos de música e arte. Regente e compositor reconhecido em nível internacional, teve grande importância como educador, pelo papel de liderança que exerceu no meio musical de sua época e pela participação da criação de várias entidades de classe e culturais, tornando-se uma das grandes figuras da música brasileira no século XX.

Durante sua juventude, atuou em bandas de música de várias cidades do interior da Paraíba, tocando instrumentos como saxofone e trompete. No Rio de Janeiro, foi integrante das tropas que tinham sido recrutadas para combater a Coluna Prestes e logo ingressou na Banda Sinfônica da Escola Militar, como trompetista.

Estudou composição com Francisco Braga e Walter Burle-Marx, no antigo Instituto Nacional de Música, e formou-se em Composição e Regência, em 1933, iniciando sua carreira de compositor e regente no Brasil e no exterior, em grandes orquestras dos Estados Unidos, Canadá, França, Portugal, Itália, Holanda, Bélgica e Rússia, entre outros países. José Siqueira deixou uma vasta obra composta de óperas, cantatas, concertos, oratórios, sinfonias e música de câmara, para instrumentos solo e para voz.

Agência Brasil, com redação