Paraíba perde mercado no setor de aviação civil comercial no Nordeste

Destaque Fábio Cardoso

Dois estados do Nordeste, Bahia e Ceará, serão contemplados com ampliação de rotas regionais pela companhia aérea Abaeté e Azul Connecta, respectivamente. Essa movimentação acelerada de política voltada para o crescimento da malha aérea regional, para ser operada em aeroportos menores e em cidades do interior com vocação econômica em desenvolvido, tem preocupado o empresariado do Sertão da Paraíba.

O presidente da CDL de Cajazeiras (Câmara de Dirigentes Lojistas) e diretor ada Fecomercio Paraíba, Alexandre Cartaxo da Costa, afirmou em artigo assinado no Diário do Sertão, que a Paraíba está ficando de ‘saia justa’, pelo fato de não demonstrar reação em sua política de desenvolvimento da malha aérea regional, utilizando os aeroportos de Cajazeiras e Patos, principalmente.

Apesar de o Governo do Estado ter lançado um edital para obras de construção de um novo aeroporto em Patos – que inclui reformas e construção de um terminal de passageiros -, no valor de R$ 35,8 milhões, com uma contrapartida de R$ 10 milhões do governo, esse movimento tem sido lento, confrontado com as decisões de outros estados da região.

Enquanto a Paraíba ainda trabalha com um edital em busca de investidores, Pernambuco começará a receber voos diretos de Recife para Caruaru e Serra Talhada, a partir de novembro, em voos operados pela Azul Connecta, empresa da Azul Linhas Aéreas. No final de semana, a baiana Abaeté anunciou início das vendas de passagens para a rota Salvador / Morro de São Paulo.

“O Ceará também já opera nessa mesma modalidade desde o inicio do ano, cobrindo oito das principais cidades do interior, nos deixando na lanterna dessa estratégica e vital atividade econômica para vencermos distâncias e superarmos os nossos desníveis econômicos e sociais entre o Litoral e o Sertão”, avaliou o empresário.

Na opinião dele, que inclui também estados como o Paraná, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, falta uma política mais ostensiva do Governo da Paraíba no sentido de desenvolver a aviação civil comercial, experiências que foram implantadas com êxito em outros estados brasileiros, de Norte a Sul do Brasil.

Alexandre Cartaxo disse que a fórmula é simples: “utilização, em caráter embrionário, de aeronaves de pequeno porte, com capacidade de até 12 passageiros, desmistificando definitivamente o uso de aeronaves de grande porte como Boeing 737 ou Airbus 320; redução das alíquotas que incidem nos combustíveis das aeronaves, de tarifas e taxas nas operações aeroportuárias; adoção de parcerias públicas privadas para concessão ou gestão compartilhadas de aeroportos.”

De acordo com o empresário, “não foi preciso reinventar a roda!” Segundo ele, esta foi a fórmula de sucesso concebida pelos os Estados Unidos para desenvolver a sua aviação regional desde o século passado e que perdura até os dias de hoje. “Aqui mesmo, no interior do Nordeste, fomos servidos por incipientes linhas aéreas regionais até os fins da década de 1960 por rotas que se estendiam do Maranhão a Pernambuco, passando por todas capitais e principais cidades nordestinas”, pontuou o empresário.

Ele citou que se embarcava no lendário e bravo Douglas DC3 da REAL LINHAS AEREAS, por volta do meio dia, em Cajazeiras, fazia uma escala em Recife, e desembarcava-se em São Paulo logo no inicio da noite. “Era uma rotina mensal de alguns emergentes empresários cajazeirenses da época como Higino Pires, Tota Assis, Francisco Arcanjo de Albuquerque, Álvaro Marques e tantos outros que se utilizaram da praticidade e modernidade da aviação regional para impulsionar os seus negócios, lançando as bases do desenvolvimento nos rincões sertanejos.”

“Será que nossas autoridades e lideranças políticas não enxergam, ou mesmo não alcançam que, para vencermos os nossos acentuados e gritantes desníveis socioeconômicos intrarregionais, são necessários maciços investimentos de forma sistêmica como a ZFSA – Zona Franca do Semiárido Nordestino, a Transnordestina, Transposição do São Francisco, exploração de minérios, Turismo e um especifico modal de transporte aéreo regional?”

E o empresário desabafou: “Na verdade, pouco contribui para o setor todos esses investimentos desconexos para termos de volta linhas aéreas regulares para o interior do estado. O que falta é uma política arrojada, consistente, que defina com clareza os rumos da aviação regional na Paraíba como, por exemplo: Serão os aeródromos do estado concedidas suas administrações para iniciativa privada ou seriam explorados através de uma gestão compartilhada? Teria o Governo do Estado caixa para custear e manter funcionando todos esses aeródromos? Qual a política de incentivo de redução do ICMS sobre os combustíveis para aeronaves e para isentar taxas e tarifas sobre operações aeroportuárias?”

Fábio Cardoso