Retomada das atividades de viagens e turismo será acompanhada por intensa digitalização

Brasil

Telemedicina, ensino remoto, Pix, comércio on-line, videochamadas… Expressões como estas foram definitivamente incorporadas ao vocabulário cotidiano de um ano para cá, desde que a pandemia de Covid-19 acometeu o mundo e impôs isolamento social e distanciamento físico. Mesmo para aqueles segmentos que chegaram a paralisar totalmente, e que ainda sofrem impactos, a digitalização se mostra muito mais que alternativa: é imprescindível.

Um exemplo ocorre com as atividades de viagens – sejam as de lazer, sejam as corporativas. Nos meses iniciais da pandemia, aeroportos, rodoviárias e estradas vazias compunham o cenário que ilustrava o baque. Pouco a pouco, os deslocamentos foram retomados. De maio de 2020 a janeiro de 2021, o índice de atividades turísticas medido pela Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acumulou avanço de 122%.

É verdade que, para voltar a patamares de fevereiro de 2020, portanto anteriores à pandemia, ainda é necessário um salto de 42%, segundo apurou o próprio IBGE. Conforme explica, à Agência IBGE, o pesquisador Rodrigo Lobo, as atividades de viagens e turismo refletem o movimento de outros segmentos, como transporte de passageiros, restaurantes, hotéis, entre outras prestações de serviços. “[O crescimento] ainda está distante de voltar ao patamar de fevereiro, mas dá um pequeno passo adiante”, aponta.

A retomada das atividades de viagens e turismo será acompanhada de uma disruptura provocada pela indispensável digitalização. Quem traça a projeção é o empreendedor Marcelo Linhares, fundador e CEO da Onfly, startup de gestão 100% digital de viagens corporativas. Depois de registrar faturamento de R$ 8,5 milhões em 2020, para este ano a expectativa é crescer cinco vezes.

A projeção é ousada, mas realista. A aposta é na retomada do segundo semestre. A incorporação, por parcela considerável de pessoas e organizações, de hábitos digitais é o que faz o empresário enxergar um horizonte promissor para a Onfly e negócios congêneres. É por meio das tecnologias da informação (TI), aliás, que o setor de viagens e turismo sustenta a gradativa recuperação nos últimos meses, observa Linhares.

“A ‘baixa’ nas atividades de viagens e turismo, e em outros setores da economia também, foi o momento para muitas empresas revisarem processos, buscando entender como torná-los mais eficazes e eficientes. E, então, naturalmente, a incorporação de soluções em tecnologia acabou sendo um caminho”, afirma o executivo.

Linhares acrescenta: no pós-pandemia, “os hábitos vão ser ainda mais ‘digitais’”. Cita como exemplo desde procedimentos mais simples – como a aquisição de passagens ou o pagamento da estadia no hotel – até, por parte das organizações, a busca por gestões de viagens corporativas desburocratizadas, mais digitais e automatizadas. “Existe um hiato enorme na experiência e na digitalização entre a compra de uma passagem a lazer e uma passagem a trabalho por exemplo, e colaboradores não estão tolerando mais processos manuais e lentos, e acabam exigindo das empresas processos mais ágeis e digitais”, compara.

Digitalização de viagens em empresas

A necessidade de digitalizar para agilizar os processos de viagens corporativas pode ser ilustrada pelo caso do Grupo Hidrogeron, especializado em serviços de tratamento de água e esgoto. Com sede em Arapongas (PR), o grupo atende clientes em todas as regiões brasileiras. Por se tratar de prestação de serviços essenciais, a empresa (com exceção dos primeiros meses da pandemia) precisou manter viagens corporativas, ainda que em escala menor que em condições normais.

E foi nesse período que o grupo optou por contratar a Onfly para cuidar da gestão das viagens dos colaboradores, conforme conta a sócia Carolina Santos, que responde também pelas diretorias de Recursos Humanos e de Marketing da Hidrogeron. A procura, desde o início, foi por uma solução em TI, “para reduzir o tempo entre orçamentos e a aprovação das passagens, além do benefício da prestação de contas sair do papel e ficar digitalizada de uma forma bem prática.”

Antes, narra ela, trâmites e prestação de contas eram “no papel”. Isso representava empecilhos à gestão financeira da empresa. “Até o técnico de campo voltar [da viagem], organizar os documentos, enviar, etc, atrasava, prejudicando o acompanhamento dos indicadores financeiros. Hoje a prestação é em tempo real. Assim, o [setor] financeiro faz um monitoramento mais assertivo.”

Com a digitalização desses trâmites, o funcionário despende bem menos tempo com esses procedimentos – podendo se concentrar na sua atividade finalística. Quando está com dúvidas ou precisando de orientações, o atendimento remoto supre a necessidade de maneira ágil. “O técnico de campo aprovou, pela facilidade [que a gestão digitalizada das viagens] trouxe”, sublinha Carolina Santos.

Marcelo Linhares, da Onfly, destaca o quão fundamental é para uma empresa dispor, neste momento de preparação para retomada, de dados analíticos e gerenciais sobre viagens corporativas, de maneira precisa. São as soluções em tecnologia da informação – para controle de compra de passagens, reservas de hotéis, aluguéis de carros, controle de adiantamento e de reembolso de despesas, entre outras particularidades, sempre olhando a jornada inteira do viajante e dos gestores da empresa – que viabilizam essa gestão em tempo real.

Pauta prioritária

Para Linhares, empreendedores, executivos, gestores e colaboradores devem colocar a transformação digital como pauta prioritária em suas atribuições. “Cada um precisa fazer a sua parte”, orienta, sob risco de o profissional e a empresa se tornarem anacrônicos – e, por consequência, ficarem à margem do mercado.

“Ainda vejo algumas premissas equivocadas, em especial no setor de viagens e turismo, negando a digitalização. Premissas que não se confirmam nos fatos concretos. Estão aí as plataformas duplicando de tamanho. Todos os setores serão transformados pela digitalização, ou o profissional muda, se adapta, ou perde espaço”, adverte o CEO da Onfly.

Engenharia de Comunicação