Barômetro 2021 aponta que voos nacionais 36% mais caros, em 2021

Brasil

Depois do duro golpe da Covid-19 no turismo mundial, o avanço da vacinação nos países da América Latina, que começou quase um ano depois da crise sanitária, já traz esperanças concretas ao setor. A recuperação já é de 75% no Brasil em setembro, em comparação com o mesmo mês de 2019, último ano de “vida normal”, segundo o IBGE. Já as buscas de voos nacionais aumentaram 164% entre junho e setembro, em comparação com o mesmo período de 2020, segundo o buscador de viagens Viajala.com.br.

Este é um dos dados do Barômetro, estudo latino sobre as tendências turísticas lançado anualmente pelo buscador. O estudo analisou mais de 7 milhões de buscas de voos realizadas em várias cidades da América Latina entre junho e setembro de 2021, período de reativação das viagens devido ao avanço da vacinação, e comparou os resultados com os mesmos meses de 2020, quando o Brasil vivia o primeiro pico da doença.

“Nosso objetivo é diagnosticar de que maneira o segundo ano da pandemia e a sensação de segurança gerada pela vacinação estão afetando o comportamento dos consumidores brasileiros e a flutuação de preços das passagens nas principais rotas”, diz Thomas Allier, CEO e cofundador do Viajala.

A retomada e seus desafios

Segundo dados da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), o turismo registrou crescimento pelo quinto mês consecutivo em agosto, e a menor perda mensal desde março de 2020. Porém, ainda apresenta volume de receitas 21% menor que o de fevereiro do ano passado, no pré-pandemia.

Segundo o especialista do Viajala, o turismo vai se aproximar da recuperação total entre o segundo e o terceiro trimestre de 2022, quando as viagens internacionais também voltarem com força. “Em outros países latinos, elas começaram a ser reativadas entre março e abril de 2021, impulsionadas pelo chamado ‘Turismo de Vacinação’, com o objetivo de imunização nos Estados Unidos”, aponta. Porém, dois países ficaram de fora dessa reativação: o Chile e o Brasil. Mas por motivos muito diferentes.

“Enquanto o Chile já se aproximava de 40% da população vacinada com uma dose nessa época, dado que desencorajou a viagem por imunização, os brasileiros estavam na lista negra dos Estados Unidos para viagens de turismo e não podiam entrar no país”, explica Allier. O boom do turismo de vacinação coincidiu com o pico da segunda onda da covid no Brasil (que disseminou a variante Gama, detectada primeiro em Manaus) e fez com que os brasileiros fossem declarados persona non grata em vários países.

Nos últimos meses, houve um aumento de 200% nas buscas de voos internacionais, em comparação com 2020, e os preços caíram 8%. É um aumento de procura mais recente, capitaneado pela flexibilização de entrada de brasileiros na Europa depois de meses de fronteiras fechadas. Desde a metade do ano, com o avanço da vacinação, alguns países começaram a relaxar as restrições e passaram a receber brasileiros vacinados, como Espanha, França e Portugal.

Os preços de voos domésticos aumentaram 36% entre junho e setembro, em comparação com o ano passado. De acordo com dados do Barômetro Viajala 2020, houve uma queda média de 22% no preço dos voos nacionais no ano passado, com quedas mais bruscas em rotas específicas. No mês de julho de 2020, por exemplo, alta temporada (que costuma ter alguns dos preços mais altos do ano), a queda nos valores dos voos com origem em São Paulo, em relação ao ano anterior, 2019, foi de 45%; com origem no Rio de Janeiro, 47%.

“Ou seja, depois de meses de queda nos preços de voos nacionais devido à baixa demanda, eles voltam a subir, empurrados pela retomada do turismo, pelo avanço da vacinação e pela alta dos combustíveis e da inflação, que atingiu a marca de dois dígitos nos últimos 12 meses”, justifica Allier. Segundo a Associação Brasileira de Empresas Aéreas (ABEAR), os combustíveis ficaram quase 92% mais caros no segundo trimestre de 2021.

A antecipação da busca dos voos (ou seja, o tempo entre a procura pela passagem e a data do embarque) mudou. Em viagens nacionais, a média de antecipação é de 26 dias, 13% mais que no ano passado. A antecipação máxima no período analisado é de 74 dias antes da viagem.

Para voos internacionais, a antecipação média passa a ser de 76 dias no período analisado deste ano, uma queda de 27% em relação ao ano passado. A antecipação máxima foi de 152 dias, 20% menos que o máximo observado no mesmo período de 2020.

Uma justificativa para isso, segundo o CEO do Viajala, é que os céus do Brasil nunca estiveram totalmente fechados, diferentemente de outros países latinos. “Aqui, houve uma diminuição vertiginosa na oferta dos voos, mas não houve proibição de voar, e a queda dos preços e a instabilidade da covid no Brasil foram fatores que impulsionaram os viajantes a fazer planos mais improvisados, em cima da hora”, explica.

O avanço da vacinação garantindo um certo controle da doença no Brasil combinado com a alta dos preços das passagens faz com que os viajantes voltem a planejar os voos nacionais com alguma antecedência. “Já em relação aos voos internacionais, a antecipação cai provavelmente porque agora, com os anúncios frequentes de reabertura de fronteiras, as viagens são plausíveis, com datas reais. Antes, as pesquisas eram mais inspiracionais ou sem data fixa, já que ainda era impossível viajar para vários países para fazer turismo.”

Apesar das boas notícias, o setor ainda tem muitos desafios pela frente. “Os brasileiros voltaram a ser bem-vindos no exterior, mas a alta do dólar e a inflação podem ser um balde de água fria para a retomada de voos internacionais”, alerta o executivo.

Destinos tendência para 2022

O Viajala também apresenta as melhores apostas de viagens nacionais e internacionais para o pós-pandemia, quando a grande maioria da população latina já estiver vacinada com as duas doses ou dose única. Os destinos nacionais em destaque são Natal, no Rio Grande do Norte, e João Pessoa, na Paraíba, com crescimentos de 33% e 20% acima da média nacional nas buscas de voos, respectivamente.

Estas capitais vizinhas formam, juntas, boas opções de viagem no pós-covid, já que as principais atrações são ao ar livre, em praias, piscinas naturais e passeios de dunas. “Ainda há boas opções de prainhas pequenas e isoladas no caminho entre as duas, como a bela Praia de Pipa, que fazem dessa uma ótima sugestão de viagem de carro entre os destinos”, sugere Allier.

Para o executivo, o Nordeste é o destino natural da retomada, embora as rotas para a região devam ser muito afetadas pela alta do preço com o aumento gradual da demanda. “Para fugir dos preços altos e da superlotação, a melhor opção é aproveitar o home office para viajar durante a semana e evitar os feriadões e os meses de alta temporada, como dezembro e janeiro”, recomenda. O preço das passagens para Natal aumentou 37% no período analisado em relação ao ano passado, enquanto o preço para João Pessoa subiu 41%.

Entre os destinos internacionais, o destaque é Montevideo. A capital uruguaia registrou um aumento no número de buscas 164% acima da média entre junho e setembro deste ano, em comparação com o ano passado. “Além do turismo local, no próprio estado, que já é a tendência desde 2020 devido às restrições, observamos em 2021 um retorno do turismo regional, ou seja, da organização de viagens ou para outros estados do Brasil ou para países vizinhos, como Argentina, Chile e Uruguai, que já vêm reabrindo fronteiras.”

O Chile ficou 8 meses com restrições aos estrangeiros só em 2021. Na Argentina, foram 11 meses. Já o Uruguai ficou 18 meses, ou seja, a pandemia toda, restringindo a entrada de viajantes. “Mesmo os países que haviam relaxado suas restrições de fronteira no fim de 2020, como o Chile, voltaram a apertá-las em março, durante a dura segunda onda no Brasil”, explica Allier.

No segundo semestre, o Uruguai anunciou que reabriria em setembro as fronteiras para brasileiros que possuem propriedade em território uruguaio, e a partir de novembro para a população em geral, o que gera um aumento da procura. O pré-requisito para a viagem é estar com o esquema vacinal completo e apresentar um teste PCR negativo.

“É importante destacar que países que souberam conter a pandemia e registram altos índices de vacinação, como o Uruguai, são destinos modelo para voltar a viajar, até porque isso estimula a confiança do turista que ainda está inseguro com viagens ao exterior”, conclui o CEO do Viajala.

Assessoria de Imprensa