Grupo Totem realiza a terceira etapa de Metamorfismo de (R)existência

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O Grupo Totem está sempre em busca de novos caminhos para refletir sobre o mundo através da arte. Agora, quando vem à tona o 3º Movimento de “Metamorfismo de (R)existência”, projeto de pesquisa que conta com o incentivo do Funcultura Estadual, o grupo pernambucano segue provocando o debate e coloca sob os holofotes da performance o momento em que vivemos. Parte deste processo de pesquisa será revelado nos dias 14 e 15 de janeiro de 2022, com transmissão ao vivo pelo canal do Totem no YouTube, trazendo demonstração de trabalho em vídeo e bate-papo com a participação do elenco e de dois convidados (Ailce Moreira, artista e pesquisadora da dança, integrante do coletivo RecorDança e Jailson de Oliveira, professor, ator, poeta performático, historiador, ativista de movimentos sociopolíticos culturais e coordenador do POESIS, do Alto José do Pinho).

Com previsão de estreia em meados de abril, em local ainda a definir, o novo espetáculo nascido de “Metamorfismo de (R)existência” será guiado a partir da ideia de descolonização e propõe uma experiência cênica potente e mobilizadora coletivamente. “Pensar sobre descolonização e decolonização implica em considerar a pluralidade dos saberes. Assim, para este novo trabalho, estamos interessados em cultivar novas relações, com o mundo, com a natureza e com o outro, onde o sentir-pensar prevaleça, para que saíamos de um lugar de cada vez mais distanciamento em relação ao todo. É importante discutir as noções de sul e norte, de como os saberes hegemônicos foram sendo impostos e as culturas tradicionais apagadas. O resultado desandou em tudo: no meio-ambiente, na política. É preciso que outras vozes e possibilidades de mundo se façam presentes”, ressalta Taína Veríssimo, uma das atrizes, performer e produtora do Totem, que está em cena ao lado de mais quatro artistas (Inaê Veríssimo, Íris Campos, Juliana Nardin e Lau Veríssimo).

Ela destaca que a demonstração da primeira fase da investigação se deu em dezembro de 2019, há dois anos, e foi em cima do espetáculo “Ita”, pertencente ao repertório do Totem, que buscava uma memória corporal mais animal, ancestral. Não havia ainda a pandemia de Covid e foi possível fazer o evento presencial, em Olinda. Um ano depois, já em formato virtual, vieram os resultados cênicos a partir de outra obra do grupo teatral performático, “Caosmopolita”, com trabalhos que exploravam as consequentes tensões da civilização, através de videoperformances produzidos por Zé Diniz.

A ideia para realizar a pesquisa “Metamorfismo de (R)existência” surgiu daí, já que estes dois espetáculos do grupo, estudados/pesquisados, são a base do projeto e vetores de partida, em mutação, para o surgimento de uma nova criação. A nascente disto é ainda anterior: a dissertação do mestrado do diretor do Totem, Fred Nascimento, de dez anos atrás, que se debruçou sobre aspectos presentes nestes trabalhos para analisar a encenação performática do grupo e que posteriormente virou o livro (“Grupo Totem – A infecção pela performance e a encenação performática”, lançado pelo Sesc Pernambuco), lançado há dois anos.

“Ainda que desde o primeiro momento, os temas das etapas venham sendo mesclados durante os processos de pesquisa e criação, neste terceiro capítulo, que tem como tema mobilizador o conceito de ‘descolonização’, o videoperformance, ‘Aêotá’, traz uma distinção de cada ‘tempo’ desse”, aponta Taína, lembrando que entre as referências para o trabalho estão as discussões sugeridas pelo português Boaventura de Sousa Santos, além dos caminhos apontados por Ailton Krenak e Davi Kopenawa Yanomami, entre outros.

Micropolítica – A trilha sonora é original, e assinada por Cauê Nascimento (guitarra), Fred Nascimento (percussão) e Zé Diniz (didgeridoo), que também assume a cinefotografia, montagem, finalização de imagem e som. “Tocamos no ato da gravação, mais com a intenção de criar um clima musical, para que a performance se desenvolvesse, e ficou legal. Cauê trouxe um tema e fomos criando em cima. E depois fomos tocando a partir da gravação, do que fomos vendo”, detalha Fred Nascimento.Ele ajudou a fundar o Totem, ao lado de Lau Veríssimo, há mais de 30 anos, criando um grupo de raiz familiar, que até hoje mescla linguagens e mídias para seus questionamentos. “Seguimos com nosso projeto artístico, num movimento de micropolítica, contra a necropolítica e o biopoder que aí estão, aprendendo a resistir e a nos mantermos vivos. Mesmo mediados por uma rede virtual, seguimos nos retroalimentando, pois estar em grupo é estar um pouco em nossa aldeia, evocando devires ancestrais e descobrindo como descolonizar o pensamento e a ação”, avalia ele.

Assessoria de Imprensa