Primeiro dia da WTM Latin America destaca o impacto do metaverso e o lançamento de Manifesto por Diversidade & Inclusão no Turismo

Brasil

Diversidade & Inclusão, Turismo Responsável e Tecnologia. Os três pilares que guiaram a programação de palestras na WTM Latin America ganharam teatros dedicados, com movimentação intensa desse primeiro dia de evento. Profissionais do mercado, especialistas convidados e executivos de outras indústrias subiram aos palcos temáticos para destacar tendências globais, compartilhar soluções e provocar reflexões entre os presentes.

Um dos destaques do dia foi o lançamento do Manifesto pela Diversidade e Inclusão, documento redigido por personalidades de diferentes setores do turismo que reúne seis compromissos orientados a iniciativas inclusivas e ações mais tolerantes (leia abaixo). “A gente não quer distinção entre as pessoas”, cravou Mariana Aldrigui, professora doutora e pesquisadora vinculada à Universidade de São Paulo e membro do Comitê de Diversidade WTM.

Na apresentação do Manifesto, a estudiosa ressaltou que as boas ideias podem e devem ser replicadas no grupo, que permanecerá aberto a sugestões. Simon Mayle, diretor da WTM Latin America, defendeu o aspecto humano e intercultural do turismo e, consequentemente, a inclusão de todas as pessoas. “O Manifesto tem o papel de provocar mudanças positivas”, conclui o diretor.

Game changer

O teatro de Turismo Responsável sediou ricos debates que revelaram a sinergia de seus atributos com o segmento de luxo, além de compartilhar boas-práticas na gestão da sustentabilidade em meios de hospedagem e dicas de ESG (Environmental, Social and Governance) para pequenos e médios negócios.

Simone Scorsato, presidente da Brazilian Luxury Travel Association, contextualizou o turismo de alto padrão, enumerou as ações lideradas pela BLTA no âmbito socioambiental e trouxe dois associados para destacar as iniciativas propostas na palestra “Sustentabilidade: Novo item indispensável no Turismo de Luxo”. A executiva defendeu que é preciso inserir iniciativas responsáveis no core business e reforçou que a pandemia valorizou a simplicidade e consolidou a relação entre sustentabilidade e autenticidade.

Silmara Ambrósio, do Rancho do Peixe (Preá/CE), lembrou que sustentabilidade é compromisso com o entorno, já que a atração de um fluxo novo transforma a comunidade. As contrapartidas vão além da construção com impacto mínimo, preferência por materiais naturais e mão de obra local. O empreendimento criou um centro de reciclagem próprio e naturalizou o verbo “nativar” que reforça o compromisso social. “São as pessoas que fazem o diferencial dos lugares”, diz Silmara.

Daniel Martins, do Unique Garden, afirma que a postura do empreendimento é ver a sustentabilidade como uma causa e não uma obrigação legal. As ações são muitas e incluem monitoramento do consumo energético e de combustíveis, além da construção de duas estações de tratamento de efluentes no complexo que fica em Mairiporã (SP). Além de tratar os resíduos de forma adequada, o hotel também gera oportunidade de renda para cooperativas locais com recicláveis. Outra frente é uma área para conservação de animais silvestres.

Dois dos 14 finalistas da segunda edição do Prêmio de Turismo Responsável se apresentaram e provaram que existe espaço para ações afirmativas. Além de criar roteiros de afroturismo — uma tendência crescente no Brasil e no mundo – a Diáspora Black cadastra anfitriões em hospedagem e experiências e realiza capacitações sobre o tema. Já a iniciativa Turismo Co2 Legal — Guardiões do Clima propõe mitigar a emissão de carbono por meio da atividade turística em Itacaré (BA), além de oferecer apoio à certificação orgânica e de sensibilizar os locais para atuarem como guardiões dos ativos naturais. Os vencedores serão conhecidos amanhã, às 18h.

Antonietta Varlese (Accor Hotels), Jason Ward (Azul Linhas Aéreas) e Pedro Telles (Movida) lideraram o debate sobre boas-práticas em ESG. Com moderação de Gustavo Syllos, a apresentação destacou iniciativas das empresas e ideias simples que podem ser replicadas por pequenos e médios negócios — como a contratação de consultoria para traçar estratégias e ações viáveis, bem como o benchmark. Os três executivos reforçaram que o envolvimento de todos os departamentos é essencial e lembraram a importância de criar indicadores e mensurar os resultados de todas as ações.

Destinos e tecnologia

A capacitação do Chile, aberta exclusivamente aos participantes do programa “Agente na Estrada”, destacou a oferta turística do país sul-americano. Sandra Veloso, representante destacou a oferta de esportes de neve, incluindo o snowkite, os atrativos naturais e a oferta cultural, além de reforçar que o país é muito mais do que Santiago.

Na área de Travel Tech, Jeanine Pires abordou as oportunidades de venda de viagens que surgem por meio das redes sociais. A executiva divulgou a estreia breve de uma plataforma B2B com associados e proposta de comissionamento, atendimento 24h e humanizado, com templates prontos para uso dos parceiros. “Obviamente, as redes sociais vão trazer aumento de visibilidade, desde que você produza um bom conteúdo, será possível atingir muito mais pessoas”, diz.

Caroline Dalmolin abordou os impactos do metaverso, set de espaços virtuais que permite interação com pessoas que não estão perto de você. Fazer uma reunião de trabalho dentro de realidade aumentada e conhecer a Grécia do sofá da sua casa, por exemplo, é algo que vem se concretizando rapidamente. “Obviamente, nada pode substituir o real, o físico, como sentir o cheiro do mar, por exemplo. Mas a novidade vai abrir novas possibilidades de vivências”, diz a executiva da Meta.

Segundo ela, o Brasil é o segundo maior país no consumo de redes sociais, o que pode impulsionar a tecnologia a expandir cada vez mais. “Acredito muito em um futuro evoluído tecnologicamente. Vejo que o celular, por exemplo, não será algo necessário e outras formas de comunicação serão criadas por meio de novas ferramentas”, finalizou.

Compromissos do Manifesto WTM por Diversidade e Inclusão:

1 – A indústria depende da paz e da tolerância entre os povos e deve ser um modelo na adoção de políticas de diversidade. Somos um retrato real de um mundo diverso.

2- Almejamos ser inclusivos e acolhedores para as pessoas. Todas as pessoas. Sem nenhuma distinção.

3 – Trabalhamos para aumentar a participação de empresas comprometidas com ações de responsabilidade social e ambiental.

4- Ampliaremos as ações de reconhecimento, valorização e divulgação de iniciativas bem-sucedidas e inspiradoras para o turismo.

5 – Por meio de estudos, mapearemos a desigualdade e as barreiras de acesso aos empregos e oportunidades do setor, compartilhando informações que possam nos levar a melhores indicadores.

6 – O preconceito é incompatível com o turismo. Em qualquer lugar.

Assessoria de imprensa