Produtores de shows reclamam da inflação dos cachês e pedem transparência do Ecad

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Após dois anos sem realizar shows em decorrência da pandemia da Covid-19, os produtores brasileiros continuam vivendo um verdadeiro pesadelo, agora, para se adequarem à chamada ‘inflação’ dos cachês da maioria dos artistas. O reajuste dos preços gira em torno de 30% a 90%, de acordo com a atração. Um cantor de forró regional, por exemplo, está cobrando 30% a mais para se apresentar – passando de R$ 50 mil para R$ 65 mil. Já outro artista de expressão maior, aumentou o valor do cachê de R$ 50 mil para R$ 90 mil, quase 100% de reajuste.

Um produtor ouvido pelo TURISMO EM FOCO – que preferiu não ser identificado -, disse que esses aumentos são injustificáveis e que os artistas estão tentando tirar o prejuízo de dois anos sem shows de uma só vez. O resultado dessa inflação chega aos preços dos ingressos e no bolso do consumidor, afirmou o produtor. Segundo ele, não tem como pagar caro um artista sem aumentar o preço dos ingressos. Sem isso, a conta não fecha. “Ou aumenta o preço também, ou não tem show”, desabafou.

Outro problema que o setor tem enfrentado nesse período de retomada é o Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição), entidade que administra os direitos autorais dos artistas. Dependendo do potencial de público dos shows, o Ecad tem cobrado até 10% do valor da bilheteria. Negociando, esse percentual pode cair para até 8%, ainda considerado muito alto pelo setor. “Queremos também transparência do Ecad, que não informa para onde é destinado o dinheiro dessa taxa”, pontuou o produtor.

Durante todo o processo da pandemia, o setor de produção de eventos recebeu apoio apenas do Governo Federal, que sancionou uma lei de proteção em casos de cancelamento ou adiamento, desobrigando o ressarcimento imediato aqueles que compraram os ingressos. Fora isso, nem Estado ou Município abriu mão da cobrança de impostos e nem reduziu o valor da cessão dos equipamentos administrados por eles – teatro ou cinema, por exemplo.

“Mesmo após a pandemia, vivemos momentos muito complicados e continuamos tentando apenas sobreviver”, lamentou o produto.

Fábio Cardoso