Brasil e México se unem para levar até a OMS o tema da herança cultural sobre o teor das bebidas alcoólicas tradicionais

Brasil

Em ação inédita, o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) e a Câmara Nacional da Indústria Tequilera (CNIT) se uniram em manifesto a fim de alertar autoridades e aprofundar o debate sobre o combate ao consumo nocivo de álcool, bem como os possíveis caminhos a serem adotados na discussão pública internacional.

A principal frente do manifesto conjunto entre IBRAC e CNIT elucida que uma das medidas propostas não considera que o que realmente importa para combater o consumo nocivo é a quantidade de álcool ingerida e não o tipo ou teor da bebida alcoólica. De acordo com as entidades, a informação correta e a moderação são a chave para o consumo responsável, uma vez que álcool é álcool. Não levar isso em conta pode trazer consequências indesejadas, além de não ser a solução para o problema.

As entidades representativas se posicionam diante da proposta que os agentes econômicos substituam, sempre que possível, bebidas com alto teor alcoólico por bebidas sem álcool ou com baixo teor em todo seu portfólio.

As bebidas destiladas típicas tradicionais como a Cachaça, Tequila, Pisco e Rum são responsáveis por uma imensa cadeia de valor, desde o produtor rural, até o segmento de turismo e relações internacionais de um país. As bebidas com Indicação Geográfica, como a Cachaça, têm ainda mais impacto no desenvolvimento cultural, econômico e social da região. Além disso, as Indicações Geográficas são vinculadas a tradições e às legislações específicas que, por sua vez, estão ligadas a acordos multilaterais entre países, o que torna ainda mais complexa algumas alterações.

As entidades afirmam que a medida não combaterá o consumo nocivo e não trará os benefícios reais esperados para a sociedade, além disso, a diminuição do teor alcoólico descaracterizará os destilados típicos tradicionais e protegidos com Indicação Geográfica, comprometendo a sua cadeia de valor.

Essa é uma das diretrizes sugeridas na discussão em curso no âmbito da Organização Mundial da Saúde para a elaboração do Plano de Ação Global sobre o Álcool 2022 – 2030 (GAAP, sigla em inglês), que passará por aprovação de 22 a 28 de maio em Genebra na Suíça, durante a sua Assembleia.