Missa marca os 150 anos da sagração episcopal Dom Vital, paraibano, que tem processo de beatificação no Vaticano

Cotidiano

A Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Pedras de Fogo, pertencente à Arquidiocese da Paraíba, celebra neste dia 12 de julho os 150 da sagração episcopal de Dom Vital, ofmcap. O Bispo esteve à frente da Diocese de Olinda de 1872 a 1878; na época, toda a Paraíba e mais 3 estados faziam parte da Cúria olindense.

Entre as comemorações está a inauguração da primeira estátua de Dom Vital na Paraíba. A peça mede quatro metros de altura e será posta na entrada da cidade, junto com o pórtico de Pedras de Fogo. Essa homenagem foi uma ideia do Pároco Pedro Targino, responsável pela Paróquia onde nasceu este importante Bispo brasileiro.

Além disso, uma galeria contando a História de Dom Vital vai ser inaugurada no Auditório que leva o nome do homenageado e fica no Centro Social da Paróquia. Uma Missa será celebrada pelo metropolita da Paraíba, Dom Manoel Delson, confrade de Dom Vital. Vários Bispos já confirmaram presença no evento, a exemplo de Dom José Ruy (Caruaru), Dom Limacêdo (Olinda e Recife), Dom Pepeu (Emérito). O clero da Paraíba também estará presente nas celebrações.

Padre Pedro mencionou que “Dom Vital é uma personalidade importante, uma das mais impactantes quando falamos de Igreja Católica no Brasil, e por isso é justo que a terra natal deste grande prelado festeje de maneira grandiosa esta data sesquicentenária da sua sagração episcopal”.

Nascido em Pedras de Fogo

Nascido em Pedras de Fogo no ano de 1844, Dom Vital desde criança esteve envolvido com as atividades religiosas. Ele encontrou em casa o exemplo, tanto a mãe Antônia Albina de Albuquerque quanto o pai Antônio Gonçalves de Oliveira eram católicos fervorosos. O menino teve contato com o frei Serafim de Catânea, que passou pelo município e foi o construtor do imponente Santuário que fica no centro da cidade. Vem daí sua vocação franciscana.

Antônio, nome de batismo de Vital, estudou no Colégio do Benfica, em Recife, entrou para o Seminário de Olinda e terminou a sua formação na França. De lá Dom Vital retorna para o Brasil e ensina filosofia em São Paulo. Após um curto período na função, é nomeado Bispo de Olinda por Dom Pedro II e confirmado pelo Papa Pio IX. Na época o Brasil vivia o regime do Padroado, onde Estado e a Igreja se confundiam e mantinham uma relação extremamente próxima. Frei Vital recusou a nomeação, mas por obediência ao Papa assumiu o bispado.

Ao assumir a Diocese de Olinda, Dom Vital vai encontrar infiltração da Maçonaria no clero e nas irmandades; na época eclodiu no Rio de Janeiro o conflito que ficou conhecido como a Questão Religiosa. O Bispo carioca, Dom Pedro de Lacerda, amigo de Dom Vital, que o havia sagrado na Catedral de São Paulo recentemente, entrou em conflito com a Maçonaria Fluminense e perdeu a luta.

É importante realçar que a Igreja Católica “condena” a Maçonaria desde o século XVIII e diversos Papas escreveram oficialmente dizendo que não é possível que um católico seja maçom nem vice versa.

Era exatamente esse o problema. A Igreja estava cheia de maçons, inclusive Padres, e Dom Lacerda se levantou contra isso, seguindo o que ensina Roma. Dom Vital fez o mesmo em Olinda: lembrou aos diocesanos que não há compatibilidade entre a fé católica e a Maçonaria. Quem quisesse ser maçom não poderia ser católico nem o contrário também não poderia ser possível. Os maçons reagiram.

No entanto, apesar de ser um jovem Bispo de 28 anos, Dom Vital foi firme, não recuou e enfrentou o problema. O conflito envolveu o Império brasileiro, recheado de maçons, do Chefe dos Ministros ao Supremo Tribunal de Justiça, atual STF.

O Bispo foi perseguido, preso, condenado. Mas não recuou e manteve as decisões em relação às associações maçônicas. Ele cumpriu pena no Rio de Janeiro. Tendo sido condenado a 4 anos de prisão e trabalhos forçados, teve a pena abrandada para prisão e reduzida para dois anos por causa da pressão social em favor do religioso franciscano.

Ao ser liberto, Dom Vital vai a Roma e tem diversas audiências com o Papa Pio IX, sempre recebido afetuosamente e com admiração pelo pontífice. Sua Santidade “aprovou todas as decisões de Dom Vital na Questão Religiosa”. O prelado ficou conhecido como o Atanásio Brasileiro pela postura apologética, que lembrava o grande defensor da fé dos primeiros séculos.

O Bispo de Olinda retornou ao Brasil, mas a sua saúde não estava em boas condições devido aos maus tratos e um suposto envenenamento. Retorna para a Europa com o objetivo de se tratar, mas acaba morrendo na França. É reconhecido e admirado na Inglaterra, França, Itália e Brasil como um herói da fé.

Hoje seus restos mortais se encontram na Basílica da Penha, no Recife, lugar administrado pelos seus confrades capuchinhos do Nordeste.

Sua causa de Beatificação encontra-se na fase final, da redação da Positio e seu responsável aqui no Brasil, o frei Jociel Gomes, se encontra em Roma para melhor guiar o processo que pode fazer surgir o primeiro Santo da Paraíba.

Assessoria de imprensa