Surgiu recentemente, em João Pessoa, um movimento artístico chamado OZ – Orçamento Zero na premissa de manter especialmente técnicos e atores de cinema em produção, mesmo na ausência de recursos oriundos de editais governamentais.
Mas mesmo antes desse movimento tomar corpo, o diretor de teatro e cinema Jack Monero, nome artístico adotado por Jacinto Moreno nas suas produções teatrais e no chamado cinema autoral, uma vertente do cinema artesanal, de baixo custo, já produzia seus filmes e peças teatrais, inclusive com exibições na USP e premiações em Portugal. .
Jacinto recebeu forte influência da leitura de livros de bolso (era uma febre nos anos 70 e 80) publicados por um autor chamado Macial Lafuente Stefâna, basicamente roteiros para filmes faroestes. Acredito que essa forte influência causada pelos roteiros de Stefânia levou Jacinto a adotar o nome artístico de Jack Monero e também o levou ao cinema.
Ele escreve seus roteiros, dirige seus filmes, replica tudo em DVD (de longe a melhor mídia já inventada), participa de festivais no País e no exterior, especialmente em Portugal.
Atualmente, Jack Monero retomou as filmagens de “A Viagem”, uma ficção em torno do tráfico de drogas que também afeta a Paraíba. As tomadas começaram há 3 anos.
Eis que veio e se instalou a pandemia da Covid-19. E tempo pandêmico trouxe o isolamento, a paralisia em todos os setores da arte e cultura. Agora, dentro de rígidas normas sanitárias, Jack Monero retomou as filmagens de A Viagem – que está em fase final.
Atores jovens e veteranos foram envolvidos nesse projeto, assim como fotógrafos e câmeras do cinema artesanal que se faz em João Pessoa.
No meu isolamento, recebi uma ligação de Jack Monero:
– Estou rodando um filme. Interrompi os trabalhos por conta da Pandemia, mas estamos de volta, e gostaria de convidá-lo para fazer um papel no meu filme.
– Como assim? Já respondi tentado pela ideia.
– É sobre o tráfico, o mundo das drogas, essa coisa que contaminou o país. Estou rodando um filme sobre o assunto e gostaria que você fizesse o papel do “chefão do Tráfico, aqui em João Pessoa”.
Confesso que estive num set de cinema duas vezes. A 1ª vez em 1969 quando ainda adolescente, acompanhei em Pombal, as filmagens de “O Salário da Morte”, escrito por José Bezerra Filho e com direção de Linduarte Noronha. A 2ª vez ocorreu no último domingo, quando tive a oportunidade de interagir nas filmagens de A Viagem.
O roteiro do filme mostra uma quadrilha que recruta jovens pessoenses para o tráfico e que resulta na captura o “chefão” do tráfico de drogas entre Rio de Janeiro e João Pessoa.
O filme de Jack Monero está em fase simultânea também de montagem com previsão de lançamento em novembro próximo nas plataformas digitais.
João Costa