A aposta do candidato à prefeitura de João Pessoa, Marcelo Queiroga (PL), na vinda à Capital paraibana do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro para conquistar mais eleitores, pode ter sido um tiro no pé a partir do próprio comportamento e declarações do ‘mito’, como é chamado pelos seguidores. Bolsonaro admitiu desconhecer o cenário político da cidade e, de sobra, optou por não criticar nem mesmo o prefeito Cícero Lucena, que tenta a reeleição e disputa a prefeitura com o ex-ministro da Saúde.
Na coletiva de imprensa realizada após uma carreata que passou por alguns bairros da cidade, a partir do Aeroporto Castro Pinto, no final da tarde desta quinta-feira (18), Bolsonaro se sentiu mais à vontade em falar do cenário nacional, criticar as decisões da Justiça Eleitoral – o ex-presidente está inelegível para o próximo processo eleitoral, em 2026 – e sobre a direita conservadora e não bolsonarista, como deixou claro. O tom das respostas também revelou um político um pouco mais calmo e equilibrado, diferente de Marcelo Queiroga que até evitou responder algumas perguntas, demonstrando total desconhecimento e nervosimo sobre alguns temas da cidade.
Outro ponto negativo na vinda do ex-presidente pode até mesmo provocar consequências futuras para o eleitoral de Bolsonaro na Paraíba. Tanto na recepção, que não teve o clamor histérico dos seguidores, como na carreata, não se via o tradicional histerismo, muito menos multidões por onde a comitiva passava. Em alguns momentos, inclusive, conforme vídeos postados nas redes sociais, se via poucos veículos e um trânsito muito bem controlado, apesar do pouco efetivo da Semob-JP nas ruas.
A cereja do bolo para Marcelo Queiroga, nesta quinta-feira, foi o resultado da primeira pesquisa de intenções de votos da Quaest Consultoria e Pesquisa, divulgada pela TV Cabo Branco, afiliada da Globo na Paraíba, à noite, no JPB-2. Cícero Lucena lidera a pesquisa com 58% de intenção de votos. Com a margem de erro de 3 pontos, estima-se que tenha entre 55% e 61%., contra 31% de intenções de voto para o ex-ministro, que teria entre 28% e 34% com a margem de erro.
Pior do que a quebra, o coice, Marcelo Queiroga teria apenas 41% de intenções de votos dos eleitores que votaram em Ruy Carneiro (Podemos) no primeiro turno. O deputado federal licenciado, que apostava estar no segundo turno com Cícero Lucena e anunciou apoio ao ex-ministro, não conseguiu sensibilizar seu eleitor e os mesmos 41% disseram que iriam votar no atual prefeito para a reeleição. Já os petistas, que anunciaram apoio a Cícero Lucena, 82% disseram que votarão em Cícero Lucena, enquanto apenas 5% em Marcelo Queiroga.
Fábio Cardoso