TAP Air Portugal descarta operações nos aeroportos de João Pessoa e Curitiba, em 2025

Aviação Destaque

A TAP Air Portugal não pretende ampliar a sua malha aérea para o Brasil em 2025, frustrando as expetativas de iniciar voos para João Pessoa (PB) e Curitiba (PR), duas cidades que estão pleiteando e conversando com a diretora da companha aérea portuguesa. A afirmação é de Carlos Antunes, Diretor da TAP para as Américas, em entrevista ao jornal Diário de Notícias, de Portugal, no dia 28 de maio.

Mesmo tendo transportado um recorde de dois milhões de passageiros entre o Brasil e Portugal, em 2024, conforme a TAP, apenas 40% ficam no país, no sistema de Stopovver, que permite uma parada em Portugal antes de prosseguir para o destino final. Portugal se transformou em um grande hub na Europa para outros países do continente e, mesmo assim, não pretende investir em mais rotas no Brasil.

De acordo com Carlos Antunes, a demanda para a capital paraibana ainda é considerada “insuficiente”. “Já temos uma malha extremamente qualificada no Nordeste, com muitos voos e grande capacidade. Para levar passageiros de João Pessoa, contamos com parceiros como Azul, LATAM e GOL. É como em Portugal: quem está no Norte pega um voo doméstico para Lisboa ou usa transporte terrestre”, concluiu Antunes.

O governador da Paraíba, João Azevêdo, e o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, iniciaram um diálogo com a TAP, ainda durante a Bolsa de Turismo de Lisboa, ocorrida no começo do ano. Havia a expetativa de início de uma operação de Portugal para João Pessoa, que representaria o primeiro voo intercontinental para a Paraíba. Atualmente, apenas a Gol opera um voo semanal de Buenos Aires para João Pessoa, dividido com Maceió (AL).

Extensão das pistas é um limitador

Outro destino descartado pela TAP para 2025, pelo menos em 2025, é Curitiba. Conforme Carlos Antunes, além de todos os argumentos sobre as operações no Brasil, a extensão da pista limita voos de longa distância com aviões de grande porte. Atualmente, grandes cargueiros como Boeing 747F, 767F e 777F operam ali apenas em rotas mais curtas na América do Sul, onde a necessidade de combustível – e, portanto, o peso – é menor.

O Aeroporto Afonso Pena tem uma pista de 2.218 metros. O Aeroporto Presidente Castro Pinto, na Região Metropolitana de João Pessoa, tem uma pista 300 metros maior, com 2.515 metros, e muitos argumentam essa extensão também como impeditivo para voos intercontinentais para a Paraíba. “Curitiba é uma cidade espetacular, com grande potencial de demanda e negócios. Mas não conseguimos operar no Aeroporto Afonso Pena porque a pista é muito curta”, afirmou o executivo.

Ainda comparando os dois aeroportos, João Pessoa levaria vantagem de Curitiba, se a solução fosse apenas a ampliação das pistas. No Castro Pinto, a decisão dessa ampliação fica a critério da Aena Brasil – concessionária que administra o equipamento. A empresa, entretanto, afirma que não há necessidade dessa ampliação e que a pista suporta o peso de aviões de grande porte.

No Afonso Pena, apesar de ser uma demanda antiga de companhias aéreas e moradores, não há obras em execução para ampliar a pista do equipamento, que depende de desapropriações e obras públicas para a construção de uma terceira pista ou ampliação das pistas atuais.

O Governo do Estado tem negociado com a empresa, inclusive, houve uma reunião na semana passada para discutir uma série de situações que tornem o aeroporto apto a atender essa demanda de voos internacionais.

O secretário-executivo de Turismo do Estado, Delano Tavares, afirmou que há negociação aberta, mas que a melhoria da malha aérea é uma demanda nacional. ‘O problema da malha aérea é uma questão das companhias’, o secretário ouviu da Aena. E concorda: “A Azul com dificuldade financeira e recuperação judicial, as outras companhias sem aeronaves, e a gente, com toda essa dificuldade, por mais incentivos que a gente dê, todos os Estados estão brigando pela mesma causa, não podemos parar e temos que ir para cima. Nessa reunião, discutimos o que podemos fazer juntos para melhorar essa malha aérea, principalmente, os voos regionais que a gente não tem. Praticamente não temos voos regionais”, pontuou.

Fábio Cardoso – Foto: DN