Morte de brasileira na Indonésia abre debate sobre a segurança na prática dos esportes de aventura

Cotidiano

A morte da brasileira Juliana Marins, de 26 anos – confirmada nesta terça-feira (24) -, quando fazia uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, foi tema de muitos debates sobre a demora do governo indonésio para o resgate – foram quase quatro dias após ela ter caído da borda da cratera de um vulcão, na madrugada do sábado (21) -, mas também sobre a decisão dela participar dessa aventura que, para muitos, há riscos reais da acidentes, como aconteceu na vida real.

A questão sobre a demora é clara. O governo demorou muito para iniciar a operação de resgate, muito embora deve-se levar em conta as condições climáticas extremas daquela área. E está aí o ponto onde as pessoas questionaram a atitude da Juliana Marins de colocar a vida dela em risco em troca de uma aventura. Não é incomum notícias de mortes de pessoas que curtem esportes radicais ou aventuras radicais.

Em nota na sua conta do Instagram, a agência de viagens Integração Trade (@integracaotrade) criticou a atitude de muitos internautas que condenaram a decisão da Juliana Marins de praticar esse esporte de aventura. De acordo com a nota, a brasileira era “uma alma livre. Viajante, curiosa, intensa. Há 40 dias, estava realizando um sonho: mochilando pela Ásia, vivendo cada lugar com os olhos brilhando, do jeito que só quem ama verdadeiramente o mundo e suas possibilidades sabe fazer.”

“Mesmo diante de uma perda tão dolorosa, não faltaram julgamentos”. No entendimento da Integração Trade, Juliana não errou por sonhar. “Não foi irresponsável por viver. Não mereceu cair, nem morrer, por escolher um caminho diferente daquele que muitos consideram “seguro”. Há uma crueldade silenciosa em criticar quem ousa viver além do que se espera. Juliana nos lembra da coragem de seguir o próprio coração, mesmo quando isso significa caminhar sozinha por caminhos desconhecidos. Que a memória dela nos inspire a viver mais profundamente, a julgar menos, a acolher mais”.

Em um comentário na postagem da agência de viagem, Cibele Moulin (@cibelemoulin), faz um contraponto à opinião da Integração Trade. Afirmando ter trabalhado na ABETA – Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, Cibele disse que, como profissionais do turismo, “é mais do que necessário dizer que houve irresponsabilidade sim”.

“Não se trata de forma alguma sobre vontade de viver, se aventurar ou merecer viver. Não é sobre julgar ou culpar a vítima, não é sobre isso! Esta lamentável tragédia não foi acidente, foi despreparo”, enfatizou Cibele.

Dizendo ter propriedade para “falar” sobre o assunto, Cibele afirmou ter trabalhado por anos, e com gente muito séria, na criação de um programa chamado Aventura Segura, que virou inclusive referência internacional. “Neste programa há um conjunto de normas técnicas que as empresas têm que cumprir para serem certificadas e há manuais educativos para os turistas saberem o que buscar ao contratar uma empresa quando você quer se aventurar sem colocar sua vida em risco. Sugiro aproveitar esse momento para buscar informações qualificadas para divulgar para o trade e a ABETA pode ajudar.”

Fábio Cardoso – Fotos: Reprodução / Agência Brasil / Instagram