Morre aos 72 anos o comunicador Anchieta Maia, criador do Jornal Moçada Que Agita

Paraíba

Morreu nesta terça-feira (04), em João Pessoa, o empresário e jornalista Anchieta Maia, um dos precursores dos jornais tablóides com foco na juventude estudantil nos anos 80. Maia tinha 72 anos e estava internado no Hospital Hapvida. O velório acontecerá no Morada da Paz, no José Américo, conforme informação do site ClickPB. Uma das muitas características do comunicador era a alegria, mesmo em momentos difíceis, como a enfermidade da mãe, que, aliás, sempre foi o seu sustentáculo.

Na vida profissional, Maia lançou o Jornal Moçada Que Agita, um fenômeno entre os jovens que estudavam nos colégios particulares de João Pessoa, pois abordava, na época, a linguagem bem irreverente e de fácil leitura, além de explorar as fotos, que eram pautas de comentários de todos. Estar com uma foto estampada no jornal era como se fosse um degrau na escala social.

Do jornal e a mudança de hábitos de leitura, com a chegada da internet, algum tempo depois das redes sociais, Maia continuou com o projeto, desta vez, lançando o Moçada Que Agita como Portal de Notícias, abrindo caminho para experiências como revista e até investindo em um programa de Televisão, fazendo cobertura de eventos. Todos os projetos eram coordenados pessoalmente por ele.

Nos últimos anos, já um pouco doente e sem estar ao lado da mãe, Dona Lourdes, de origem humilde, assim como o comunicador, os projetos foram aos poucos sendo esvaziados e pouco se via sendo comentado, até porque o estilo dos jovens também passou por uma acelerada transformação. Todos os projetos de sucesso passaram a ser esquecidos e deixados de lado, até mesmo por falta de investidores.

Maia completaria 73 anos no dia 21 de novembro próximo. Natural da Capital paraibana, morador antigo e tradicional bairro da Torre, dividia a atenção da mãe com mais três irmãos. A família passou por muita dificuldade financeira, já que Dona Lourdes era uma lavadeira e morava em casa de chão de barro batido e cobertura de palha, como sempre dizia o comunicador, com muito orgulho de sua origem.

“Minha mãe me ensinou o valor de um homem trabalhador. Trabalho desde que me entendo de gente. Sou um homem são e disposto ao trabalho!” escreveu em uma de suas colunas.

Maia chegou a catar vidro e papel velho nos terrenos baldios para ajudar a família.

NOTA DA REDAÇÃO

Quando trabalhava no Colégio CPU conheci Anchieta Maia. Um homem super atencioso, dinâmico, de fácil convivência e extremamente fiel aos amigos. Cheguei a trabalhar com ele no Moçada Que Agita, já formado em Jornalismo, e foi uma grande experiência na época, pelo estilo de linguagem que pedia nos textos.

Na última vez que conversei com Maia, testemunhei um homem cansado, me parecia adoentado, mas com o mesmo sorriso e atenção. Nos falamos pouco, mas aquele momento, agora, fica como um registro de nossa despedida e, tenho certeza, ele deve estar agitando o céu. Que Deus o receba com todo o carinho e afeto, pois, em vida, ele cumpriu todos os Seus mandamentos.

Fábio Cardoso – Foto: Arquivo pessoal

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