Zuanazzi afirma que não há prazo para reabertura do aeroporto de Porto Alegre e sugere algumas opções emergenciais

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Governo Federal negocia aquisição emergencial de equipamentos por meio de algumas embaixadas na Europa e Estados Estados

O Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre (RS), é um equipamento que está na UTI, talvez, respirando por aparelhos. Essa é uma definição sincera do secretário de Planejamento, Sustentabilidade e Competitividade do Ministério do Turismo, Milton Zuanazzi, em entrevista exclusiva ao TURISMO EM FOCO, durante a realização do Festival das Cataratas, em Foz do Iguaçu (PR), na sexta-feira (08), no estande do Ministério do Turismo.

Na entrevista, Zuanazzi deu um panorama da situação do aeroporto e revelou que ninguém, nesse momento, pode afirmar e nem dar prazos de quando o Salgado Filho poderá voltar a ser operado. “Ninguém sabe as reais condições da pista, que foi totalmente alagada em decorrência das fortes chuvas. Foram semanas com a pista debaixo d´água e ninguém sabe como ela está para voltar a ser usada, qual seria o impacto dos pousos e decolagens nesse momento”.

Zuanazzi revelou que o Governo Federal tem se empenhado em tentar reduzir esses prazos, inclusive, já acionou até algumas embaixadas para procurar negociar a aquisição de equipamentos para o aeroporto. Existe a possibilidade de baixar a categoria do Salgado Filho para antecipar a abertura para voos. O executivo também falou sobre algumas alternativas de utilização de outros aeroportos gaúchos e se mostrou muito preocupado com o possível excesso de pousos e decolagens na Base Aérea de Canoas. “Aquele aeroporto não foi construído para tantos voos e podemos estar criando problemas maiores do que resolvendo”, advertiu.

Enfatizando que Porto Alegre é porta de entrada e porta de saída – “os gaúchos viajam muito também” -. Zuanazzi disse que a situação é bastante difícil não só no aeroporto, mas na cidade, na Região Metropolitana. “Com 30 dias de água sobre a pista, de todo equipamento, e praticamente nenhum deles se salvou, nem os de navegabilidade, que foram perdidos, e também os de solo, como detectores de metais, esteira de bagagens, Central Elétrica, de TI (Tecnologia da Informação), tudo se perdeu, não sobrou nada. Carros de bombeiros, apenas um conseguiu salvar. Foi realmente um estrago muito grande”.

Na opinião dele, “a gente não consegue dar um prazo ainda, primeiro, porque esses equipamentos não são de pronta entrega e o que estamos fazendo, não somente a concessionária, por iniciativa do próprio ministro Pimenta (Paulo Pimenta, da Secretaria Extraordinária de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul), nós estamos mantendo contato com vários embaixadores, principalmente na Alemanha, Estados Unidos e na China, que são fornecedores desses equipamentos, para ver se há alguma de pronta entrega ou que estariam destinados a um aeroporto e que possa ser dada prioridade ao Brasil. Não temos respostas ainda, mas fizemos esse movimento por meio das embaixadas para tentar antecipar equipamentos”.

Porém, o que preocupa, segundo ele, “é a questão da pista, as sondagens das pistas tem que ser feitas com bastante volume, não é só meramente uma sondagem numa cabeceira ou na outra, é na pista toda que tem três mil metros e ela tem de estar segura. Se uma parte dela não estiver, pode provocar algum acidente. E esse trabalho de sondagem é mais lento do que a gente gostaria”.

“A gente, provavelmente, vai ter um laudo que estamos tentando antecipar, sem prejudicar a segurança, porque não teria sentido forçar um laudo rápido que não fosse real, mas tentando apressá-lo no sentido de que saia um bom laudo e que tenha confiança e aí, no mês de julho, é ele quem vai dizer o que que a pista tem. Sem isso, são palpites, não dá para a gente ficar trabalhando com hipótese, com muito fake. Ninguém sabe a situação da pista, ninguém sabe, porque não há como saber. Até mesmo os especialistas podem imaginar certas coisas, mas eles não conseguem sem os exames, sem as sondagens. No momento em que estivermos com esse laudo, podemos dizer à população, ao trade, a todo mundo, a previsão de entrega”.

Negociação via embaixadas

De acordo com Zuanazzi, o Governo Federal vai colocar todos os recursos que lhe cabem, que lhe competem juridicamente. “A concessionária já nos passou nos passou uma ideia de custos, que são realmente altos, mas também dentro daquilo que se considera uma reconstrução mais perfeita possível, até com equipamentos que você pode ainda em um determinado momento começar a operar sem eles. O aeroporto de Porto Alegre operou na categoria 1 até a Copa do Mundo. Tudo bem que nós tínhamos transtornos pela manhã com neblina, mas hoje diminuímos muito isso”.

Seria operar em categoria menos? “Se for o caso, nós temos um ILS categoria 1, pode ser, mas tudo isso a gente precisa estar verificando, atentos, para antecipar o quanto antes o que será melhor para o Rio Grande do Sul, para o Brasil. O aeroporto Salgado Filho faz uma falta imensa para a nossa economia e é nessas horas que a gente vê a importância do aeroporto. A gente acha que o aeroporto é só um lugar onde só sobe e desce avião, parece uma rodoviária, mas é algo muito sério, é muito complexo, e muito importante”.

Opções de outros aeroportos gaúchos

“Temos várias opções de utilizar outros aeroportos na região. Na Base Aérea de Canoas já estão sendo operados seis voos diários, mas será difícil ampliar esse número, porque a pista não comporta esse peso constante, ela tem uma limitação porque não foi feita para a aviação comercial. Eventualmente, descer um avião de carga pode comportar, mas diariamente, batendo no mesmo lugar, nós podemos estar ao invés de procurar resolver o problema, estamos piorando. Não há muitas chances de crescimento na Base Aérea”, afirmou. Porém, na segunda-feira (10), a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) liberou a operação de mais voos.

“Nós podemos aumentar o número de voos em Caxias, mas exige alguns equipamentos para melhoria das aproximações. Caxias, do que ele funciona hoje, alterna muito, às vezes para Florianópolis, para São Paulo, e para Porto Alegre, que agora “

‘Nós temos um aeroporto em Torres que nós estamos estudando, com uma pista de 1,5 mil metros, mas é na beira do mar, maior do que o Santos Dumont (aeroporto no Rio de Janeiro). Não tem equipamentos noturnos, mas se pode trabalhar de dia e fecha pouco porque não tem problema de neblina, e está a 150 km da Serra Gaúcha”.

“Estamos vendo o próprio aeroporto de Canela com operações menores, utilizando aeronaves menores. Já operou no ano passado, então ali tem algumas necessidades para operações spots. Tem Vacaria, que também está a 150 km de Canela, que tem uma pista muito boa, de dois mil metros, mas não tem terminal de passageiros, porque é de cargas, e aí estamos estudando um terminal de campanha. E ampliação de Caxias, que está operando seis voos e estamos pensando em triplicar esse número para 18 operações, a partir do momento em que tivermos os equipamentos necessários. O DECEA e Anac estão fazendo esses batimentos, e não temos ainda uma data previsível, mas o projeto é esse”.

“A partir de São Paulo, teríamos opções de Pelotas, Livramento, Uruguaiana, Santa Maria, Santo  Ângelo e Passo Fundo. Ou senão para Serra, que está um pouco distante, mas, para o Rio Grande do Sul, seria a forma de se chegar no estado, inclusive, para os turistas conhecerem outras regiões. Em Santo  Ângelo, você chega ao coração das Missões, em Passo Fundo você pega toda a região Norte do Estado, a região do Ametista, a região das águas termais de Marcelino Ramos, de Iraí”.

“Do aeroporto de Santa Maria você chega a toda a região central que também tem água termal salgada, e Uruguaiana está lá na fronteira com a Argentina, com a Aerolíneas Argentinas estudando voo Uruguaiana-Buenos Aires. Nós teríamos um posto na campanha, assim como em Livramento, e em Pelotas teríamos toda a Zona Sul, Costa Doce, e muitas riquezas turísticas ainda desconhecidas pelos turistas brasileiros do centro do país”.

Zuanazzi revelou ainda que o Governo Federal está iniciando uma grande campanha, que já está sendo brifada. “Estamos desenvolvendo a campanha e pode ser lançada a qualquer momento. Uma campanha grande, cujo briefing é “Jeito muito grande de você ajudar o Rio Grande, é viajar para o Rio Grande”.

Fábio Cardoso