A Paraíba está prestes a ganhar mais um roteiro turístico religioso. Um projeto desenvolvido pela prefeitura de Dona Inês, no Curimataú da Paraíba – distante 160 km de João Pessoa e 90 km de Campina Grande -, orçado em R$ 2 milhões, irá erguer o Santuário da Cruz da Menina, na Comunidade Quilombola Cruz da Menina. O investimento contará com recursos de emendas dos deputados estaduais Frei Anastácio (R$ 300 mil) e Tião Gomes (R$ 200 mil) e R$ 1,5 milhão, recursos dos cofres da prefeitura.
De acordo com o prefeito de Dona Inês, Antônio Justino, o Santuário será um complexo turístico religioso que contará com uma Capela, Memorial, infraestrutura para comercialização de produtos artesanais, sala de ex-votos, anfiteatro para contemplação do pôr do sol e apresentação de pequenos shows com artistas locais, área de estacionamento, entre outros atrativos.
A comunidade quilombola será uma das mais beneficiadas com o novo equipamento. Uma das atrações até já acontece. É o Café Quilombola, com produtos como tapioca de coco, de pé de moleque, café e chá e torradas com geleias. As mulheres que comercializam os produtos receberam capacitação do Sebrae da Paraíba. Outro atrativo será um espaço para comercialização de artesanato produzido pelas quilombolas. Uma dessas artesãs é a auxiliar de escritório Marinalva Teófilo, quilombola de 49 anos, que vende seus produtos em parceria com uma prima.
Marinalva conta que o local onde estão provisoriamente expostos seus produtos de cerâmica já tem alguma movimentação de turistas, mas a venda ainda é pequena, com expectativa de crescimento a partir do momento em que a área começar a ser mais conhecida. A artesã disse que já participou do Salão do Artesanato Paraibana em João Pessoa e Campina Grande e ainda comercializa os produtos na feira da cidade. A arte aprendeu com a mãe, mas já participou de cursos oferecidos pelo Sebrae-PB.
Sobre a Cruz da Menina
A Cruz da Menina é uma pequena capela localizada na Comunidade Quilombola Cruz da Menina. Segundo a história, nos idos de 1877, uma família de retirantes vinda do Sertão a procura de um lugar para mitigar a fome, chegando na localidade uma criança de nome de Dulce pediu água e, não havendo, veio a óbito. O pai, que havia pedido ajuda momentos antes em uma fazenda da redondeza, o que foi negado, retornou à sede da fazenda e para comunicar que a criança havia morrido de sede.
Então, a pessoa que negara a ajuda doa a mortalha para o pai fazer o enterro da criança, que foi enterrada e, no dia seguinte, a mortalha apareceu na porta da fazenda. Essa notícia se espalhou e, a partir daí, o local tornou-se um ponto de peregrinação. No dia 1º de novembro, “Dia de todos os Santos”, é uma data muito importante, pois todos os anos as pessoas saem na madrugada em direção ao local, onde está sendo construído o Santuário.
Fábio Cardoso