Golpistas bolsonaristas podem ser condenados há 15 anos de prisão em regime fechado

Cotidiano

Para começar a redigir essa triste página da história do Brasil, precisei pesquisar muito todas as informações de diversos veículos de imprensa, sites internacionais e de pessoas públicas de vários segmentos que se manifestaram e, mesmo assim, é impossível fechar um texto, porque, a cada minuto, surgem mais informações. A invasão aos três Poderes constituídos do Brasil, neste domingo (08), em Brasília, praticada por golpistas e radicais bolsonaristas, precisa de uma resposta imediata. 

Mais de 400 vândalos já foram presos e esse número deve subir e todos devem ser julgados e punidos exemplarmente. O ataque aos Poderes foi uma afronta à democracia, que elegeu o presidente Lula. Todos os envolvidos praticaram diversos crimes e podem pegar, se somadas as penas, mais de 15 anos de prisão em regime fechado.

Resumindo os ataques, os prédios do Congresso Nacional, do Palácio da Alvorada e da sede do STF foram completamente destruídos pelos golpistas. Um grupo de cerca de 4 mil bolsonaristas começou a chegar em Brasília ainda no sábado, em mais de 300 ônibus vindos de vários estados brasileiros. As autoridades do Distrito Federal tinham conhecimento do movimento, mas, pela ligação do governador Ibaneis Rocha com o ex-presidente Jair Bolsonaro, praticamente não houve qualquer mobilização para evitar um possível ataque à democracia, o que acabou acontecendo.

Mais de quatro horas após os ataques, Ibaneis Rocha anunciou a exoneração do secretário de Segurança do DF, Anderson Torres. A Advocacia-Geral da União (AGU) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma petição em que solicita uma série de medidas judiciais em resposta aos atos antidemocráticos. Entre os pedidos, está a prisão em flagrante do ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres.

Em vídeo, Ibaneis Rocha pediu desculpas ao presidente Lula, afirmando ser contra os atos antidemocráticos, que vinha mantendo contato permanente com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e que trabalhará para que todos os envolvidos sejam punidos exemplarmente. O pronunciamento de Ibaneis foi visto como um ato de proteção pessoal, pois, pela sua omissão e leniência, pode sofrer até um processo de impeachment por crime de responsabilidade. O Judiciário já estuda um pedido de abertura do processo.

Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto.

Apoio de autoridades internacionais

As imagens deixaram o mundo estarrecido, já que o Brasil goza de muita credibilidade internacional que tem carinho e admiração pela cordialidade dos brasileiros com os estrangeiros. Pelas redes sociais, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou: “Condeno o ataque à democracia e à transferência pacífica do poder no Brasil. As instituições democráticas do Brasil têm todo o nosso apoio e a vontade do povo brasileiro não deve ser prejudicada. Estou ansioso para continuar a trabalhar com @LulaOficial.” 

“A vontade do povo brasileiro e as instituições democráticas devem ser respeitadas! O presidente Lula pode contar com o apoio incondicional da França”, escreveu, na rede social Twitter, o primeiro ministro francês, Emmanuel Macron.

Entidades classistas representantes de magistrados, advogados, procuradores e peritos criminais federais divulgaram notas reprovando os atos golpistas e extremistas ocorridos na capital federal.

A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) divulgou nota pública na qual “repudia veementemente os atentados ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal (STF)”.

“As liberdades constitucionais de manifestação do pensamento e reunião não podem se travestir de instrumento de ataque às instituições públicas, que são essenciais ao funcionamento do Estado Democrático de Direito”, diz a nota assinada pelo presidente da entidade, Frederico Mendes Junior.

A AMB se diz “contrária aos atos de violência e depredação do patrimônio público, defendendo a imediata identificação e punição dos indivíduos que praticam tais atos”, acrescentou ao informar que “segue atenta com relação às agressões praticadas contra integrantes do Judiciário e está pronta para atuar, dentro de suas incumbências estatutárias, para assegurar a segurança e a atuação independente da magistratura.”

A Associação Nacional das Defensoras e Defensores Públicos (Anadep), que representa defensores públicos das 27 unidades da federação, também se manifestou contra a invasão.

“A liberdade de expressão e manifestação não podem ser confundidas com fanatismo, vandalismo e violência. Os atos golpistas contra os Poderes da República significam ataque direto à democracia e ao Estado brasileiro e precisam ser combatidos com todas as medidas necessárias pelas forças de segurança, de acordo com as disposições legais. A Anadep é contrária a todo e qualquer ato de violência e segue atenta aos desdobramentos e às agressões praticadas para, de acordo com suas incumbências estatutárias, atuar em defesa do Estado Democrático de Direito”, diz a nota.

Fábio Cardoso