Paraíba tem melhor mandioca do mundo e festa deve atrair 15 mil pessoas

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A Paraíba detém o título de produzir a melhor mandioca do mundo. E não é lenda e nem jogada da marketing. Até o final do ano, duas alunas do Instituto Federal da Paraíba vão apresentar um trabalho de conclusão de tese de mestrado e doutorado para comprovar a qualidade da farinha de mandioca produzida na comunidade Lagoa de São João.

A mandioca é a base da renda não apenas dos moradores de Lagoa de São João, mas também das comunidades Cidra, Moça Branca e Macambira, que ficam no entorno da zona rural da cidade de Princisa Isabel, no Sertão paraibano. O clima, o solo e a altitude são elementos que diferenciam o produto plantado em Lagoa de São João, conforme explicou a presidente da Associação Comunitária dos Produtores de Lagoa de São João, Maria do Bom Conselho.

Nessa comunidade residem 160 famílias, somando 412 famílias das outras comunidades que sobrevivem basicamente plantando a cultura da mandioca em uma área de 220 hectares de terra. Toda a produção passa pelo processo de beneficiamento dentro da própria comunidade, transformando a mandioca em farinha, goma e outros derivados e em dinheiro para os moradores. A produção é vendida em feiras livres da região, mas já rompeu as barreiras da Paraíba, chegando aos supermercados de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

O beneficiamento da mandioca ainda requer elementos e equipamentos artesanais. Pouca coisa é feita ainda de forma industrial. Por isso, nesse trabalho, a força da mão de obra local se torna essencial para o aumento da produção. Da comunidade de Lagoa, 80% trabalham na agricultura. Mulheres são as responsáveis pelo trabalho de descascar e limpar a mandioca, enquanto os homens têm a função de moer o produto. Na plantação, homens e mulheres se misturam indistintamente.

“O começo foi árduo, feito com muito suor e dor, mas, nos últimos anos, temos conseguido melhorar ainda mais o processo de produção, agora até utilizando fornos elétricos, sem perder a qualidade”, disse Maria do Bom Conselho.

A Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), vinculada à Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca (Sedap), acompanha todo o processo de desenvolvimento dessa cultura.

De acordo com Hermes Maia, gerente regional da Empaer em Princesa Isabel, a renda média dos produtores nas comunidades gira em torno de dois salários míninos por mês (cerca de R$ 2 mil). São produzidos 300 sacos de farinha agroecológica, correspondente a 15 toneladas, com um rendimento superior a R$ 120 mil/mês.

Além da farinha da mandioca, segundo Maria do Bom Conselho, as famílias já produzem e comercializam uma série de produtos como bolos, sorvetes, cremes, bolachas, lasanhas, entre outros, que começaram a agregar no faturamento mensal na comunidade. “Aqui é um oásis, com uma renda média vista em poucas regiões da Paraíba”, destacou Hermes Maia.

XVII Festa da Mandioca deve atrair cerca de 15 mil pessoas

Para celebrar a pujança da mandioca em Lagoa de São João, a comunidade promove há 16 anos a tradicional Festa da Mandioca. Em sua décima sétima edição em 2019 – que será realizada nos dias 20, 21 e 22 de setembro – está programada uma série de atividades, com comércio da mandioca e seus derivados, com feirinhas de artesanato e apresentações culturais, além de debates e palestras com especialistas e produtores.

A festa, segundo Maria do Bom Conselho, deve reunir cerca de 15 mil pessoas nos três dias. A maioria das pessoas deve vir de cidades e Estados próximos, mas muita gente vem de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Muitos são paraibanos que residem fora do estado e que visitam seus familiares nesse período.

A festa foi criada com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da mandioca, resgatar as culturas tradicionais. Hermes Maia estima que a festa movimente em torno de R$ 500 mil com a comercialização de produtos, derivados, serviços e gastronomia.

Entre as atrações que vão se apresentar no palco montado na Praça de Alimentação de Lagoa de São João estarão Ranieri, Seu Marquinhos, Everton Lima, Boy Vaqueiro e Cristiano Aboiador, além dos artistas locais. O evento, organizado pela Associação Comunitária dos Pequenos Produtores de Lagoa de São João, tem apoio da prefeitura de Santa Luzia e parceria do Sebrae, do IFPB (Instituto Federal da Paraíba) e CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas).

Fábio Cardoso – Fotos: Beth Espínola