Lula chora na diploma e presidente do TSE afirma que aquele que atentou contra a democracia será responsabilizado

Brasil

Com as presenças dos ex-presidentes Dilma Rousseff e José Sarney, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e o vice-presidente Geraldo Alckmin, foram diplomados nesta segunda-feira (12) no plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A diplomação oficializa o resultado das urnas e é condição formal para que o presidente eleito e o vice tomem posse de seus respectivos cargos em 1º de janeiro – que é quando o mandato começa.

Em seu discurso de quase 15 minutos, Lula, assim como fez na posse do seu primeiro mandato, em 2002, chorou ao citar que o povo brasileiro, mais uma vez, foi ousado a eleger um presidente sem diploma de curso superior. “Na minha primeira diplomação, em 2002, lembrei da ousadia do povo brasileiro em conceder – para alguém tantas vezes questionado por não ter diploma universitário – o diploma”.

A emoção foi justificada, após pedido de desculpas, pelo que Lula passou nos últimos anos, entre as denúncias de corrupção no processo da Lava Jato até a sua prisão em Curitiba. “Estar aqui agora é a certeza que Deus existe, e de que o povo brasileiro é maior que qualquer pessoa que tentar o arbítrio neste país. Eu sei o quanto custou, não apenas a mim, o quanto custou ao povo brasileiro essa espera para que a gente pudesse reconquistar a democracia nesse país.”

Lula repetiu que cumprirá todas as promessas feitas durante o processo eleitoral, enaltecendo a participação, nesta caminhada, de 12 partidos que apoiaram a sua candidatura no primeiro turno da eleição, somados a mais dois no segundo turno. “Uma verdadeira frente ampla contra o autoritarismo, que hoje, na transição de governo, se amplia para outras legendas, e fortalece o protagonismo de trabalhadores, empresários, artistas, intelectuais, cientistas e lideranças dos mais diversos e combativos movimentos populares deste país.”

O presidente eleito e diploma destacou ainda a coragem do Judiciário em todo esse turbulento processo. “Além da sabedoria do povo brasileiro, que escolheu o amor em vez do ódio, a verdade em vez da mentira e a democracia em vez do arbítrio, quero destacar a coragem do Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral, que enfrentaram toda sorte de ofensas, ameaças e agressões para fazer valer a soberania do voto popular. Cumprimento cada ministro e cada ministra do STF e do TSE pela firmeza na defesa da democracia e da lisura do processo eleitoral nesses tempos tão difíceis.”

“Essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da Democracia e do Estado de Direito contra os ataques anti democráticos, contra a desinformação e contra o discurso de ódio proferidos por diversos grupos organizados que, já identificados, garanto serão integralmente responsabilizados. Para que isso não retorne nas próximas eleições.”

“Todos que atentaram pela democracia foram identificados e serão responsabilizados”

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Alexandre de Moraes, afirmou, em seu discurso, que a diplomação teve duplo significado. “Além do reconhecimento da regularidade e da legitimidade da vitória da chapa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin; essa diplomação atesta a vitória plena e incontestável da Democracia e do Estado de Direito contra os ataques anti democráticos, contra a desinformação e contra o discurso de ódio proferidos por diversos grupos organizados que, já identificados, garanto serão integralmente responsabilizados. Para que isso não retorne nas próximas eleições.”

Alexandra de Moraes enfatizou ainda, que “esses extremistas, autoritários, criminosos não conhecem o Poder Judiciário brasileiro. O Poder Judiciário brasileiro com coragem, o Poder Judiciário brasileiro tem força, o Poder Judiciário tem serenidade e altivez e manteve sua independência e imparcialidade, garantindo o respeito ao Estado de Direito e realizar eleições limpas, transparentes e seguras, concretizando mais uma etapa na construção de nossa Democracia.”

Para tentar pacificar de vez o clima tenso no país, entre vencedores e derrotados, o presidente do TSE disse que, “senhor Presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, eleito por 60 milhões, 345 mil e 999 eleitoras e eleitores, mas a partir de primeiro de janeiro de 2023, Vossa Excelência será o presidente de 215 milhões, 461 mil e 715 brasileiras e brasileiros, todos com fé e esperança, para que em um futuro breve possamos extirpar a fome e o desemprego que assolam milhões de brasileiros, substituindo-os por saúde de qualidade, educação de excelência e habitação digna para todos os brasileiros e brasileiras; alcançando, dessa maneira, um dos mais importantes mandamentos constitucionais: o respeito à dignidade humana.”

Fábio Cardoso – Foto: Ueslei Marcelino/Reuters