Festejos juninos giram a economia e emprega mais de 7,3 mil pessoas

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Os festejos juninos, tradicionais em várias cidades paraibanas – contando, inclusive, com o São João de Campina Grande, considerado o maior do mundo – deverão gerar durante os dias de festividade pelo menos 7,3 mil empregos, entre diretos e indiretos. A estimativa contempla alguns municípios ouvidos pela reportagem, já que muitos ainda estão consolidando os dados relacionados à geração de emprego no período. Além disso, a expectativa com os investimentos das festas deve ultrapassar os R$ 25,05 milhões no Estado.
Em Campina Grande, por exemplo, o investimento no Maior São João do Mundo 2018 deverá ser próximo ao do ano passado, ou seja, por volta dos R$ 13 milhões, considerando tanto os gastos da prefeitura municipal quanto o da Aliança, empresa vencedora da licitação da parceria público-privada. Em relação aos empregos temporários, a estimativa é que sejam contratadas 5 mil pessoas no total.
Somente os setores de hotelaria e alimentação empregarão 600 pessoas em média – contando apenas com as instalações do Parque do Povo.
“Nos demais restaurantes de Campina Grande, além dos hotéis e pousadas, as contratações temporárias aumentam em torno de 20%. Atualmente, temos 1,9 mil trabalhadores nos dois setores, então, a expectativa é que 360 pessoas sejam empregadas temporariamente durante os 30 dias de festa nos hotéis, pousadas e restaurantes fora do Parque do Povo”, explicou o presidente do SindCampina, Divaldo Júnior.
O total de 5 mil empregos esperado pela prefeitura de Campina Grande se refere aos trabalhadores da montagem da estrutura do Parque do Povo, segurança, trabalhadores dos camarotes e ambulantes cadastrados, entre outras categorias. “O São João em Campina Grande é considerado o segundo Natal para o Comércio da cidade, em termos de movimentação financeira”, comentou o secretário de comunicação do município, Marcos Alfredo.
A programação do São João de Campina Grande já foi consolidada e divulgada desde o começo de abril. Neste ano, entre as atrações principais estão Elba Ramalho, Wesley Safadão, Léo Santana, Bell Marques, Luan Santana, Amazan e Flávio José. De acordo com informações oficiais, a estrutura da festa no Parque do Povo deverá ser a mesma do ano passado, ou seja, vai contar com oito restaurantes, 25 barracas de alimentação, 16 barracas da Vila Nova da Rainha, 112 bares, dez barracas na Pirâmide e duas palhoças: Zé Lagoa e Seu Vavá.
Unidade nos municípios
Enquanto algumas cidades, a exemplo de Campina Grande e Patos, já têm altos investimentos e festas bastante procuradas, outros municípios com festas tradicionais, porém menores, tiveram os festejos coordenados para, além de evitar competição entre si, garantir que todos aproveitassem ao máximo o período junino.
Foi o caso de dois roteiros criados aqui no Estado: o Circuito Junino do Brejo e o Arraiá do Interior. O Circuito Junino do Brejo já está na sua segunda edição e agregou mais cidades este ano. Já o Arraiá do Interior é realizado pela primeira vez este ano, confirmando a tendência da união entre as cidades próximas.
De acordo com o presidente do Fórum Turístico do Brejo da Paraíba, Sérgerson Silvestre, a tendência é importante porque se antes as festas eram separadas e competiam entre si, agora podem compartilhar não somente o público, mas também os custos com infraestrutura e divulgação, por exemplo.
De acordo com Silvestre, mesmo que a programação seja nos mesmos dias, as atrações são diferentes, o que garante a participação do público. “Esperamos que, nas seis cidades, sejam gerados em torno de 1,5 mil empregos diretos e indiretos. Todas são cidades que já têm festejos consolidados. O aquecimento na economia fica por conta da hospedagem e alimentação. O investimento total, contando as seis cidades, deve girar em torno de R$ 1,8 milhão”, comentou.
Já na última quinta-feira foi lançada a programação do ‘Arraiá do Interior – Aqui o forró começa mais cedo’, fruto da união dos municípios de Duas Estradas, Serra da Raiz, Lagoa de Dentro, Pedro Régis e Jacaraú, com o objetivo de fortalecer o turismo e os festejos juninos da região.
A programação terá início no dia 1 de junho em Duas Estradas com a abertura das ‘Estradas do Forró’ e no dia 7 com shows de Márcia Felipe e de Eduarda Brasil no dia 24. Em Lagoa de Dentro quem comanda as festas, do dia 15 a 17, é Amazan e Brasas do Forró; Em Serra da Raiz, nos dias 21, 22 e 23, as festas ficam por conta de Walkyria Santos e João Neto Pegadão. Já em julho, o ‘Arraiá do Interior’ chega ao município de Pedro Régis com show de Geninho Batalha e muito forró pé de serra. O encerramento, no dia 6 de julho, acontece em Jacaraú.
“No ano passado, juntaram três cidades: Solânea, que tem festa tradicional com forró mais atual; Bananeiras, com forró pé de serra; e Borborema, com a programação de forró vespertina. A ideia deu certo e, este ano, decidiram agregar mais três cidades: Serraria, Belém e Caiçara, que vão trabalhar os festejos de São Pedro”, disse Sergerson Silvestre, presidente do Fórum Turístico do Brejo.
Ocupação hoteleira em alta
O presidente da Fecomércio, Marconi Medeiros, afirmou que a estimativa deste ano é de crescimento de 7% na ocupação da rede hoteleira do Estado. “Considerando João Pessoa, Campina Grande e Patos e o movimento nos restaurantes dessas três cidades”. No ano passado, segundo ele, “a ocupação ficou entre 79% e 85% em todo o Estado. A expectativa de crescimento vem da taxa de juros, que está muito baixa, da inflação, que está em equilíbrio, e da oferta de créditos. Muitos que se hospedam em João Pessoa acabam fazendo bate-volta para festas em outros lugares e Patos está com muitos hotéis e com boas infraestruturas. Fico feliz por isso”, afirmou.
Já o presidente do Corecon-PB, Celso Pinto, afirmou que embora os festejos juninos de fato movimentem a economia das cidades, principalmente por conta da venda de alimentos e bebidas, é importante que haja uma transparência em termos de gastos nestas festas. “Determinados municípios promovem grandes festas mesmo alegando estar em situação complicada. Então, mesmo com patrocínios de empresas públicas e privadas, é importante haver uma comunicação maior do que efetivamente se faz e quem paga”, afirmou.
Celina Modesto – Foto: Rafael Passos – Correio da Paraíba