O impacto do fechamento do Aeroporto de Porto Alegre no Turismo brasileiro

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Aeroportos vizinhos absorvem apenas 14% da capacidade do Salgado Filho, fechado devido às inundações

O Rio Grande do Sul, um dos estados brasileiros mais procurados pelos turistas, enfrenta uma tragédia sem precedentes na qual mais de 90% de seus municípios foram afetados. A situação no Aeroporto Salgado Filho (POA), em Porto Alegre, o décimo mais movimentado do país, reflete a gravidade da catástrofe. As inundações forçaram seu fechamento por tempo indeterminado, algo inédito em sua história, interrompendo pousos e decolagens no principal ponto de entrada e saída aérea do estado.

De acordo com dados da ForwardKeys, empresa líder em inteligência de viagens, para o período de 3 de maio a 30 de novembro de 2024 (com base na previsão de reabertura do aeroporto em em dezembro), estavam programados 18.5 mil voos, com uma capacidade de quase 3 milhões de assentos para o Salgado Filho. Atualmente, os aeroportos do Rio Grande do Sul, Florianópolis e Jaguaruna juntos conseguiram absorver 14% da capacidade semanal do maior aeroporto fechado no Rio Grande do Sul.

Impacto no Turismo Gaúcho

Ainda de acordo com os dados de capacidade de assentos programados da ForwardKeys, entre janeiro e abril deste ano, o Rio Grande do Sul teve conexões com sete países (Brasil, Argentina, Portugal, Panamá, Chile, Uruguai e Peru), operou 657 voos semanais por sete companhias aéreas e teve mais de 1,7 milhão de assentos programados. Esses números refletiram o bom momento vivenciado pelo turismo gaúcho, com 16 novos voos e um crescimento de cerca de 15% na capacidade de assentos internacionais em comparação com o mesmo período de 2023.

Para efeito de comparação, com base em junho deste ano, estão previstos cerca de 120 voos semanais, uma redução de mais de 600 voos em comparação com 2023. Além disso, o número de assentos previstos para junho caiu de aproximadamente 444 mil em 2023 para pouco mais de 70 mil, representando uma queda de 84% em relação ao mesmo período do ano anterior. Essas rotas estão sendo operadas por quatro companhias aéreas e são exclusivamente domésticas.

Além disso, o fechamento do Aeroporto de Porto Alegre (POA) impactou significativamente as rotas de voo, levando muitas companhias aéreas a realocarem estrategicamente parte de sua capacidade de assentos para diversos aeroportos regionais da região sul. A partir de 3 de junho, houve mudanças significativas em comparação com 22 de abril, antes da inundação.

No total, segundo dados de viagens aéreas da ForwardKeys, aproximadamente 73 mil assentos foram realocados para mitigar a perda de cerca de 500 mil de assentos. Essa realocação representa cerca de 14% da capacidade perdida. As companhias aéreas irão operar 25,6 mil assentos chegando ao aeroporto de Canoas (anteriormente uma base aérea militar, que iniciou voos comerciais em 27 de maio com as companhias Latam, Gol e Azul) entre 20 de maio e 30 de junho. Florianópolis tem o maior aumento no volume de assentos, com 33,7 mil novos assentos (+13%), seguido por Caxias do Sul, com quase 8 mil assentos adicionais (+32%), Passo Fundo, com 4 mil assentos novos adicionais (+24%), e Jaguaruna, com quase 2 mil assentos adicionais (+20%) – destacando sua crescente importância como rota alternativa.

Outro ponto importante a ser analisado é a variação na procura por passagens aéreas para aeroportos alternativos. De acordo com a ForwardKeys, na semana iniciada em 6 de maio, as buscas por voos domésticos para Porto Alegre caíram 52%. No entanto, as buscas por voos para Caxias do Sul (CXJ) aumentaram 31% durante a mesma semana e continuaram a subir 20% na semana seguinte. Para Florianópolis (FLN), o aeroporto internacional mais próximo, houve um aumento de 2% na semana iniciada em 13 de maio e mais 3% na semana seguinte.

Em relação aos aeroportos menores, o interesse em viagens também aumentou. Por exemplo, para Jaguaruna, as buscas aumentaram 49% na semana iniciada em 6 de maio, em comparação com a semana anterior. Para Pelotas, houve um aumento de 39% e para Passo Fundo, um aumento de 26%.

Essa tendência indica que, enquanto o Aeroporto de Porto Alegre (POA) está temporariamente fora de operação, os viajantes estão buscando alternativas regionais. Isso permite um otimismo cauteloso sobre a resiliência do Rio Grande do Sul como destino, apesar dos desafios impostos.

Apesar de ser uma situação desafiadora, houve uma tendência perceptível na forma como os viajantes estão lidando com suas reservas. Em vez de cancelarem suas viagens, a grande maioria está optando por remarcar seus bilhetes. Esses dados são encorajadores e demonstram o êxito da campanha iniciada pelo Estado do Rio Grande do Sul e pelo trade turístico, que pedem aos passageiros que não cancelem seus voos, mas sim que os remarquem.

Segundo Olivier Ponti, Diretor de Inteligência e Marketing da ForwardKeys, “o fechamento do aeroporto de Porto Alegre redesenhou significativamente a dinâmica de viagens no Sul do Brasil. Apesar dos óbvios transtornos iniciais, há sinais precoces de resiliência no setor de turismo do Rio Grande do Sul, com um aumento do interesse em alternativas regionais, ajustes estratégicos na capacidade de assentos pelas companhias aéreas e flexibilidade dos viajantes na gestão de suas reservas.”

Impactos no Turismo Nacional

O Aeroporto Salgado Filho é uma importante porta de entrada para estrangeiros no país. No período de 3 de maio a 30 de novembro de 2023, ele teve o quarto maior volume de conectividade aérea no Brasil, com uma média de 35 voos internacionais chegando por semana e 5 mil assentos disponíveis. De acordo com dados da ForwardKeys, isso representa mais de 2% de todos os viajantes estrangeiros que chegaram ao Brasil.

Os mercados emissores estrangeiros mais importantes para o Rio Grande do Sul (de 3 de maio a 30 de novembro de 2023) foram os Estados Unidos e o Uruguai, cada um representando 20% do total de turistas internacionais, seguidos pelo Chile, com uma participação de 11%, Argentina com 6% e Alemanha, com 4%, de acordo com dados de viagens aéreas da ForwardKeys.

Por fim, é essencial enfatizar que o Rio Grande do Sul, além de ser um dos principais destinos do Brasil, também é um grande emissor de turismo doméstico. De 3 de maio a 30 de novembro de 2023, os gaúchos fizeram mais de 828 mil viagens dentro do Brasil, representando 5% do volume nacional. Os principais destinos foram São Paulo, com 48% das viagens, destacando a forte conexão comercial e cultural entre os dois estados; Rio de Janeiro, com 14%, refletindo o apelo turístico da costa carioca e suas atrações; Paraná, com 7%, destacando a proximidade geográfica e as relações econômicas; e Bahia, com 5%, mostrando o interesse dos gaúchos nas praias e destinos culturais do Nordeste.

Durante o fechamento do Aeroporto Salgado Filho, haverá uma redução significativa nas viagens originárias do Rio Grande do Sul, impactando fortemente o turismo doméstico no país. Essa diminuição no movimento de passageiros afetará não apenas a conectividade e a economia local, mas também terá repercussões significativas nos destinos mais populares entre os gaúchos.

“A conectividade aérea é o que legitima a união indissolúvel dos estados da República Federativa do Brasil. Enquanto essa conectividade não for restaurada, o Rio Grande do Sul permanece dissociado do todo, com impacto direto nos negócios, na recepção aos turistas e, obviamente, na geração de emprego e renda de tantas famílias gaúchas. Então, esse pleito eu tenho convicção que está sendo tratando federativamente e republicanamente com a urgência que o caso requer”, afirmou o secretário de Turismo, em exercício, do Rio Grande do Sul, Luiz Fernando Rodriguez Júnior.

About ForwardKeys

ForwardKeys é uma empresa líder em análise de viagens – especializada em fornecer insights baseados em dados para a indústria turística. Com experiência em coletar e analisar uma grande quantidade de dados de reservas de voos, hotéis e outras informações relacionadas a viagens, a ForwardKeys ajuda destinos turísticos e empresas a tomarem decisões baseadas em informações sólidas. Sua abordagem inovadora para análise de dados permite à empresa oferecer insights valiosos sobre tendências, padrões de reserva e dinâmica de mercado, auxiliando na otimização de estratégias e maximização de desempenho no setor de viagens.

Assessoria de imprensa